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Coluna do CIEAM

O Brasil debate Economia e Amazônia em Manaus

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30/08/2013 10:54

Difícil imaginar outro mecanismo mais oportuno e necessário - para celebrar a semana da Pátria e do Amazonas que se avizinha - do que o debate que o XX Congresso Brasileiro de Economia realizará de 04 a 07 de Setembro, no Hotel Tropical, sob a responsabilidade do Conselho Federal e Regional de Economia, com o tema Economia Verde, Desenvolvimento e Mudanças Econômicas Globais. Um evento, aparentemente econômico, porém, absolutamente interdisciplinar, que é realizado a cada dois anos desde 1975, e reúne, sob o bastão das Ciências Econômicas, profissionais das diversas áreas, empresários, poder público, estudantes de economia e áreas afins e representantes dos principais segmentos da sociedade para debater, apresentar análises, alternativas e perspectivas de solução para importantes questões que influenciam e propiciam o bem-estar de toda a sociedade. Um debate em cima de números, a saudável compulsão dos organizadores, e a deficiência maior da tradição gerencial do país. Somos um país que ainda não entendeu que a Aritmética é a base do conhecimento, sobre o qual a Ciência se edifica, assim como as Humanidades da Filosofia são sua ferramenta de compreensão das transformações, conflitos e perspectivas da existência.
                                                                                                                                                              
Por que Manaus ?

A escolha da cidade de Manaus para sediar o debate tem a ver com sua geopolítica. Situada no coração da Amazônia, o último jardim da Gaia, Manaus é um desafio e uma oportunidade desta nossa civilização predatória mostrar que é capaz de compatibilizar meio ambiente com desenvolvimento e responsabilidade socioambiental. Aqui tem muito do que não deve ser feito e tudo que é preciso e que está por fazer. Aqui é oportuno repensar o conceito de sustentabilidade, algo ainda etéreo na discussão acadêmica, e factível, por exemplo, em muitas das cadeias produtivas que o bioma propicia e na qual é imperativo apostar.  Aqui a natureza é superlativa, e este fato, além de coincidir com o tema, é um convite para o Brasil conhecer o quintal de suas matas, sua História, seus pioneiros e a viabilidade de seus sonhos, seus embaraços e utopias. Um quintal representado por uma ignota e generosa floresta, a Amazônia, que o Brasil, a maioria dos brasileiros, desconhece. E este objetivo de conhecimento e integração, que se destaca entre os principais do evento, é o mais emergencial para a região. Trata-se de um patrimônio que aguça o interesse e a cobiça da humanidade e para o qual, ironicamente, o país do Sudeste ainda não atentou devidamente.
 
Sejam, pois, benvindos

E que se acheguem a essa geografia de calor humano, acolhedora e solidária quando se trata de conversar e partilhar a brasilidade que nos une, desafia e convida a se fazer conhecer integralmente para interagir e fazer prosperar. Acheguem-se à proteína saborosa da fauna aquática, a celebridade de nossa variada iguaria, suavemente apimentada e adocicada com o abacaxi e o cupuaçu exótico como as promessas desse almoxarifado de sedução. Acheguem-se ainda ao jeito singular com que produzimos - sem chaminés nem poluição dos rios - motocicletas, relógios, televisores, celulares, receptores de sinal, tablets, concentrado de bebidas, entre vários itens dessa diversificada linha de produção e integração nacional, com destaque para a produção intensiva e incessante de oxigênio, que ajuda a evitar o agravamento das mudanças climáticas. Além de exuberante, fascinante e misteriosa, essa floresta produz, sim, muito oxigênio, limpo e vital, que vivifica o país e o mundo de quem nada cobramos por ajudar o Planeta a respirar melhor.
 
Utopia em construção

É nessa paisagem que se consolida essa proposta industrial, que tem todos os insumos para se multi-diversificar. Uma proposta com admirável memória por conta da obstinação de seus construtores, uma história que remete à ascensão e queda da economia da borracha e a escolha teimosa de seus empreendedores para reinventar e materializar uma utopia que está em processo e tem lastro de legalidade na Constituição Brasileira. Um estatuto diretamente relacionado ao compromisso de guardar a floresta onde brota um quinto de todos os seres vivos do planeta, um patrimônio genético almejado pela inteligência de toda humanidade. Guardar, para nós, entretanto, não significa imobilizar, entregar o tesouro à própria sorte, deixando os mais de 22 milhões de seus habitantes à margem dessa prosperidade insuspeita e potencial. Guardar é, sobretudo, manejar com racionalidade e compromisso de perenização. Por isso os pensadores que dão importância aos números e às cifras são benvindos, e convocados a se integrar ao desafio de olhar com inteligência, equilíbrio e sabedoria para este tesouro apto a produzir cosméticos, alimentos, fármacos e energia limpa, associada à imensidade de alternativas de turismo, lazer, aventuras, biotecnologia, entre outras trilhas de transformação.
 
Partilha e expectativa

Precisamos de mais cientistas –
só temos 500 em atividade – para identificar nessa riqueza a cura das doenças, na magia e beleza dos cosméticos tropicais e na prosperidade geral de que precisamos. Aqui é a pátria da Nutracêutica, a nova ciência da nutrição na perspectiva da longevidade, da eterna juventude. A indústria local, é importante dizer, financia integralmente a Universidade do Estado do Amazonas, a única do Brasil presente em todos os municípios de um Estado. E são 62 municípios espalhados no Amazonas, um Estado que é maior que a Europa Ocidental. As indústrias patrocinam o turismo, as cadeias produtivas de agroindústria no interior e ajudam na moradia, na segurança e na educação dos jovens, distribuindo anualmente aos municípios em torno de um bilhão de reais. É pouco, por isso é preciso alertar o Brasil para a imensidade dessas possibilidades, para transformar com inteligência e responsabilidade, biotecnologia em prosperidade geral. Longe de ser confundida com paraíso fiscal, os incentivos da Zona Franca - o Brasil não sabe disso - responde por 60% dos impostos pagos pela Região Norte a União. De toda riqueza produzida neste modelo, segundo estudos da Universidade de São Paulo, 53% é devolvida ao governo, para cumprimento de suas atribuições constitucionais em outras regiões. Esse é um jeito de integrar, entre outros tantos que podemos consolidar a partir da reciprocidade de propósitos e da transparência proativa de nossas intenções.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
 

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