03/05/2018 08:10
Estão em curso o processo de e escolha do Inpa, uma experiência nova e eloquente que nos oferece muitos elementos para ilustrar a expectativa desta entidade de classe com relação à classe política e ao processo eleitoral que se avizinha. Um dos itens mais preciosos desta expectativa se dá exatamente na interlocução entre os setores. Frequentemente convidado ou convidando outros segmentos, este CIEAM busca mostrar a necessidade da interação permanente como tribuna de anúncio e denúncias. Anúncio de maior transparência, gestão participativas em torno da aplicação do dinheiro público e denúncia da omissão, do obscurantismo e da ilegalidade que tem marcado a dinâmica institucional de nossa economia. Ou seja, Transparência, neste e em qualquer contexto, é o mote, a senha e a chave de qualquer enigma. Na edição de hoje, a Coluna pública, simultaneamente ao Infomoney/Bloomberg, o artigo abaixo, sobre as eleições citadas, sob o título Inpa, Democracia e Transparência. Até as eleições, vamos pontuar direitos e deveres, expectativas e sugestões para o processo eleitoral.
INPA, DEMOCRACIA E TRANSPARÊNCIA.
Reconhecimento e aplauso - Em tempos de revisão dos paradigmas que devem nortear a prática política, neste Brasil que se prepara para eleger seus dirigentes, o processo de escolha do novo diretor do Inpa, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, ora em andamento sob a tutela do Comitê de Busca do Ministério de Ciência e Tecnologia, merece reconhecimento e aplauso. Desencadeado o processo, um grupo de atores direta ou indiretamente ligados à instituição – o maior centro de pesquisa tropical do planeta – tratou de mobilizar o maior número de interlocutores, a começar pelos integrantes da instituição, visando não a escolha de um nome mas de uma carta compromisso que pudesse ser endossada por qualquer um dos escolhidos. Estamos diante da preciosa conjugação do verbo escolher na primeira do plural. A saudável metodologia que compartilha propostas, acertos e eventuais equívocos, e que certamente será seguida de outras conjugações de acompanhar a conduta gerencial e avaliar o resultado geral à luz do interesse comum.
Ninguém faz nada sozinho - E de onde surge a emergência da iniciativa, além de evitar novo risco da escolha paraquedista, de um gestor ausente e indiferente a história, dilemas e projetos de futuro da instituição? No caso do Inpa, a escolha considera que ninguém é suficientemente iluminado para promover uma gestão frutuosa e, ao mesmo tempo, isolada e personalizada de costas ao interesse público. E isso é excepcionalmente delicado quando se trata de um momento de definições do futuro da ciência e tecnologia na Amazônia e no Brasil, neste contexto de brasilidade em que navegamos à deriva, em que a administração da coisa pública descamba para a insensatez e contravenção.
Compromissos e portfólios - E o que propõem, até aqui, os atores envolvidos? O objetivo do Documento traduz o detalhamento das sugestões: “subsidiar os candidatos ao cargo de direção do Inpa na elaboração de uma proposta de trabalho comprometida com os desafios institucionais prioritários, assegurando o olhar para o futuro do Inpa sem perder de vista a cultura, os valores e as boas práticas de sua comunidade”. E quais as prioridades institucionais, senão a gestão da pesquisa, o protagonismo das questões mundiais sobre a Amazônia à luz de seu portfólio de quase 70 anos, além da revisão da eficácia e urgência do conjunto das pesquisas à luz do interesse nacional e da disponibilidade de recursos e, finalmente – medida muito importante – promover e interlocução com os atores da economia e do desenvolvimento regional, colher suas expectativas e submeter a todos os resultados das linhas e grupos de trabalho.
Gestão participativas - Ao longo de um documento denso e concatenado, que traduz o rigor habitual dos cientistas – segmento dominante do processo de consulta – o que dizem os integrantes dessa empreitada cívica é que não dá para seguir fazendo gestão pública sem transparência e sem democratizar decisões e escolhas de prioridades. E isso se aplica a tudo em todas as empresas e repartições públicas. O acervo do Inpa, a bagagem do saber acumulado, a potencialidade, relevância e alcance de suas descobertas e recomendações não incalculáveis sob qualquer paradigma de valor. Daí a sabedoria de todos em pautar a agenda da interlocução com a sociedade como fator prioritário da nova administração. É vital o endosso do tecido social através de seus representantes. Eles vão abismar-se ao tomar contato com a rotina de descobertas espantosas de tantas décadas de obstinada dedicação. E se os cientistas desenvolveram intimidade com a lente das descobertas, é vital que a sociedade descubra um novo modo de olhar a Ciência, seus esforços de compreensão da vida, para decifrar os enigmas de sua perenidade, os benefícios e riscos da evolução, o nexo entre biologia e política para promover relações mais democráticas, transparentes e benfazejas para todo o conjunto da sociedade, como todos queremos, de modo translúcido e participativo.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio do dia 03.05.2018