A propósito da Coluna Follow-Up desta quinta-feira, sob o título Proatividade à deriva e a reflexão sobre as políticas públicas sugeridas pelas entidades do setor produtivo, no vácuo de algumas omissões do poder público, ilustradas pelo encalhamento de 45 balsas na hidrovia do Madeira, há 12 anos sem dragagem nem justificativas para a omissão e seus danos, para a competitividade do modelo e sequelas no custo de vida da população, o conselheiro Roberto Rezende teceu as seguintes ponderações, avançando na questão da Educação e seus constrangimentos institucionais: “A simples leitura, deve nos remeter à reflexão, de assumirmos responsabilidades, de nos posicionarmos a respeito, de agirmos. Cumpre interferir no espaço político como cidadãos, deixando clara a discordância com o ilícito e as exigências éticas e fundamentais no trato da coisa pública. O momento exige tomada de posição, clareza das contradições, repúdio em torno das contravenções e o rumo a seguir no exercício inequívoco da Democracia. Nós enquanto cidadãos, os elegemos e nessa condição temos que assumir as escolhas. E não é isto que está em discussão. Acredito que todos estamos insatisfeitos com o atual quadro de estagnação do nosso país, e os problemas não são apenas de estrutura de hidrovias, como a do Madeira, e do descaso com nossa educação, citadas na coluna Follow-Up de ontem, onde grifo e destaco: “O esfacelamento desses valores, ilustrado pela crescente amoralidade dos costumes, do esvaziamento do conceito de família, de propriedade, de liberdade e de democracia remetem à urgência de repensar o papel e os agentes da verdadeira Educação.” Nesta mesma coluna, outros temas já foram exaustivamente abordados, vamos abolir o "exaustivamente", isto não cabe quando se fala em saneamento básico, segurança, saúde pública, de toda a infraestrutura do país, desde a malha ferroviária à aérea, da infraestrutura de comunicações, e principalmente da educação (e o problema não é exclusividade de nossa região. Veja o caos na USP em São Paulo, um dos maiores patrimônios educacionais do país). O fato é que estamos presenciando, uma tomada de assalto sem medida ao erário, à instrumentalização política e sombria de empresas como a Petrobras. Se em anos anteriores, isto também existia, as informações fluíam mais lentamente, não existiam as mídias sociais, e sequer tomávamos conhecimento destes fatos, e não estou me referindo ao governo militar, quando nos foi imposto o AI-5, em 13 de dezembro de 1968. Estou me referindo apenas aos últimos 12 anos. O que de fato é: O que estamos fazendo realmente para mudar este quadro? Quem são os nossos indicados para os cargos eletivos? De que forma podemos realmente contribuir para mudar este status? Acredito que se nos compete promover o exercício de nossa cidadania, influindo e tentando orientar nossos colaboradores em nossas empresas, no chão de fábrica, em nossas casas, em nossas rodas de amigos, de pescaria, de futebol, ou em qualquer outro grupo de pessoas, quanto a importância de termos melhores pessoas no legislativo, e que, nosso voto é fundamental para este objetivo, talvez possamos vislumbrar um futuro melhor, se não de imediato, a médio prazo para nossos filhos, netos e a sociedade em geral.”

O dever cotidiano

A respeito da manifestação, o presidente do Conselho Superior do CIEAM, Maurício Loureiro, foi taxativo: “Excelente a sua manifestação de cidadão e cidadania. Corroboro com você sobre todos os pontos. Ao longo de um bom tempo, temos tentado algumas inciativas nesta mesma direção do exercício da cidadania, para criar consciência e conscientização no debate com todos aqueles que encontramos e com quem trabalhamos no cotidiano e com quem nos relacionamos na luta pela sobrevivência e construção de uma sociedade com mais equilíbrio, justiça e oportunidades, como você aponta em seu texto final. Outros como você, provavelmente também despertaram para esse tipo de leitura e compreensão do exercício da cidadania e com certeza o fazem em suas empresas, lares e comunidades. Nós não teremos direito de reclamar se não formos capazes de interferir no âmbito de nossas atividades, incluindo as entidades onde atuamos, na denúncia das distorções, omissões e descaso do poder público e sua interação com os demais atores do tecido social”.

Transparência e participação

O presidente do CIEAM, Wilson Périco, lembrou que as entidades da Ação Empresarial estão propondo aos futuros governantes maior transparência no uso dos recursos públicos, notadamente no volume de recursos recolhidos pelas empresas. “Estamos atentos e dispostos, no bojo da prorrogação dos incentivos, a trabalhar proativamente para a interiorização da economia, assegurando as condições para as novas matrizes econômicas do interior, o turismo, as cadeias produtivas da bioindústria, do polo mineral, da silvicultura, da aquicultura, com a revisão e otimização das verbas dadas para a UEA e CETAM, para pesquisa e desenvolvimento, visando à qualificação dos recursos humanos, programas de inovação tecnológica entre outros projetos e demandas de infraestrutura”. Périco lembrou que a escolha do reitor da UEA por votação democrática e maior interação da academia com a economia local e regional, já começam a mostrar seus frutos, no reconhecimento nacional da instituição. As entidades do setor produtivo recomendam maior transparência e maior participação cívica dos atores sociais para aplicar e consignar resultados mais robustos para os aproximadamente R$ 3 bilhões recolhidos pelas empresas para este fim. “Economia trabalhando com a academia, revitalização e recuperação do papel da Suframa e aplicação de 3% dos recursos recolhidos pelo modelo ZFM aos cofres federais para infraestrutura é a síntese de uma pauta que precisamos avançar e cobrar dos futuros governantes e representação parlamentar”.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 12.09.2014