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Educação – o gargalo da tecnologia e da axiologia

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18/12/2013 09:22

De todos os embaraços que o país enfrentou em 2013, e que se agrava a cada ano, e se revela um tema desconcertante e incômodo, é o problema da Educação. E não apenas do ponto de vista da educação técnica, da fragilidade do processo de formação científica e tecnológica que se inicia na pré-escola e se consolida na economia ou se explica e revela em seus embaraços. Além da educação técnica, referimo-nos aqui à Educação como qualificação ética, ao refino dos costumes, à premissa da axiologia básica, dos valores, que os gregos nominavam para a descrição e afirmação dos princípios universais da Lei e da Dignidade das pessoas. Esta visão mais ampla remete aos pilares da polis, da vida em sociedade. Os valores são como o alicerce e as pilastras que dão estabilidade, segurança e conforto ao edifício institucional e social. E é esta visão de Educar, no sentido de levar/conduzir, fazer emergir novos caminhos, na base da etimologia latina, que se esvaziou, num laissez-faire inquietante. A ética do vale-tudo, do penduricalho legal que é capaz de transformar a barbárie em conduta natural. É irônico e emblemático que, na mesma semana em que o noticiário global colocava o país na traseira dos países emergentes no quesito Educação, o Brasil ganha destaque nos índices de corrupção. Estamos vivenciando a naturalização dos costumes equivocados, o relativismo e o oportunismo legal no trato da coisa pública. Embora a mídia não tenha enfatizado a relação íntima entre os indicadores, educação e corrupção, eles estão absolutamente imbricados e assentados em suporte comum. Portanto, falar de entraves para o país sair dos últimos lugares da corrida global da competitividade, além do investimento em qualificação técnica, urge rever a tábua de valores que está sendo privilegiada a partir do início do processo educacional. Qual é o código de posturas em vigor, quais as bases e postulados éticos que temos e o que queremos para ordenar a dinâmica do tecido social, da polis grega e do mundo atual, da Política na República de Platão e do Brasil de todos nós?  
 
Digital e mutante

Ainda referente ao gargalo técnico da Educação, é evidente que avançar na qualificação dos recursos humanos constitui o mais importante ativo de nossa sociedade, defasada no contexto global da Era do Conhecimento. Apesar dos substanciais recursos, sob a forma de tributos e contribuições, que o setor produtivo transfere para o governo nas três esferas, é precária a qualidade dos recursos humanos que se oferecem na rotina diária. E a precariedade tem raiz e localização espaço-temporal. A escola é precária desde sua estruturação num mundo de movimentação permanente, em que a única certeza é de que tudo está em contínua mutação. Os professores e a estruturação institucional escolar são estáticos, incapazes de assegurar a comunicação professor-aluno, de motivar para o conhecimento além das aparências e de um presente desvinculado da História. Eles, os mestres, e todos nós, estamos estarrecidos à procura de uma metodologia eficaz que assegure, pelo menos, a compreensão do processo desconcertante de mudança e transformação. O contexto humano é digital e a comunicação analógica, medieval e bizarra aos olhos das novas gerações. Isso exige uma meditação acurada e uma revisão de padrões.
 
Pacto pela Educação

Temos empresas no Polo Industrial de Manaus e em outras plantas industriais país afora que estão destinando esforços para suprir formação básica de comunicação, aritmética e treinamento técnico por conta de tentar atenuar um ensino básico, público ou não, de má qualidade. Os exames de avaliação feitos pelo MEC revelam o quanto é grave a situação. Acreditamos que esse seja o maior entrave para promover o avanço tecnológico na ampliação, diversificação e interiorização do desenvolvimento. Como mobilizar atores para entender, transformar e ajustar o papel da Educação num cenário de desafios que se impõe à economia regional fundada na excepcionalidade de incentivos fiscais na linha de construir sua emancipação e consolidação efetiva e definitiva? Esta é a premissa básica e essencial do Pacto pela Educação, um conjunto de iniciativas desencadeadas a partir das entidades de classe da ZFM e que começam a mobilizar o conjunto dos atores sociais relacionados para enfrentar a gravidade e a delicadeza deste desafio. Uma iniciativa que merece prioridade, apoio e presença proativa por parte de todos.
 
Economia e academia

Ao longo do ano que se encerra, depois de insistentes manifestações públicas nesta coluna, visando aproximar a academia do Polo Industrial, O CIEAM/FIEAM iniciou a formalização de uma parceria entre a UEA e o Setor Produtivo, a ser celebrada no início do próximo ano. Doravante, após 14 anos de fundação, com o suporte das contribuições das empresas, fica inaugurado o espaço de interação mais próxima com a academia do Estado, buscando programas e projetos de qualificação de recursos humanos e atendimento das demandas do Setor Produtivo. Com assento no Conselho Gestor da instituição, a expectativa é de assegurar a defesa das demandas e interesses das empresas, instâncias mantenedoras da instituição. Do ponto de vista da UEA, na visão de seu reitor, Cleinaldo Costa, “Daqui pra frente, com a consolidação deste entendimento, será exequível desenhar cursos, perfis, número de vagas necessárias conforme a demanda para os próximos anos, num projeto denominado UEA + 20. Ao mesmo tempo, conjuntamente, repensar a qualidade do ensino por meio dos Núcleos Docentes Estruturantes - NDE´s dos cursos integrantes da parceria”.  Ele repetiu a frase de Jean Cocteau, um poeta francês revolucionário, escrita na apresentação da UEA, na Reunião Ordinária do CIEAM em 13-11-13, em que aparece uma foto de Leônidas, o craque do futebol que inventou a bicicleta. : “Não sabendo que era impossível, foi lá e fez”.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 18.12.2013

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