23/11/2016 16:59
Estima-se a necessidade de criar 600 milhões de novos empregos até o ano 2030 para atender às novas demandas no mercado de trabalho. Desemprego, economia marginal e violência são fatores de desequilíbrio interinstitucional. A economia global sugere estado permanente de desemprego à vista das baixas taxas de crescimento, ou seja, o aumento dos desempregados passa a ser um fantasma para o poder público e fonte de insegurança do tecido social. Faltam propostas alternativas e liderança política para repensar a fonte de geração dos empregos no futuro. No Amazonas, há dois anos, sem perspectiva de mudança, o governo tenta segurar o mandato, enquanto o adversário que acionou a justiça alardeia já ter um secretariado de plantão. Como gerar mais empregos com a expansão da crise de um lado e a convulsão institucional no calcanhar? As previsões de crescimento da economia, previstas em 1,5% caíram para 1% e, em lugar de governar, a classe política tenta esquivar-se das injunções judiciais no Congresso Nacional. Na semana passada, empenhado em colocar os juízes no banco de réus – sob o argumento de abuso da autoridade – para justificar a farta distribuição de favores e valores, o chamado caixa dois, a classe política deixou de lado seu papel de ajudar o país a sair do atoleiro onde a própria categoria nos enfiou. Nesta quarta-feira, a Suprema Corte vai julgar mais um ataque a economia da Zona Franca de Manaus, cujos problemas há muito deixaram de ser – à exceção de um ou outro representante – prioridade da ação parlamentar. Até quando?
O futuro do trabalho: dilemas e desafios
Nesta segunda-feira, o CIEAM se fez presente no seminário “Diálogos Nacionais sobre o Futuro do Trabalho”, onde especialistas, representantes do governo e da sociedade civil, empregadores e órgãos trabalhistas, se juntaram na FEAUSP, Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, para debater o destino das atividades produtivas e da mão de obra. O evento celebra os 100 anos da OIT, Organização Mundial do Trabalho e os 70 anos da FEAUSP e enxergou na Amazônia, e no protagonismo ambiental do Brasil nas discussões do clima, novas oportunidades na engenharia e economia verde. Os aportes já assegurados pelos signatários do Acordo deverão resguardar os investimentos necessários em ciência e tecnologia para gerar novos setores e atividades econômicas. Além disso, novos fatores e elementos, tais como as redes sociais, a economia solidária, os serviços ligados à internet e a consciência do desenvolvimento sustentável, podem ser olhados como uma fonte de geração de empregos no futuro. É necessário, obviamente, questionar nosso próprio conceito de o que é um emprego, num contexto em que países como a Inglaterra já detecta 9% de seu PIB na chamada indústria do ócio. A grande pergunta a ser feita num eventual diálogo sobre os rumos da economia da Zona Franca de Manaus deverá considerar dois aspectos: “De onde virão os empregos do futuro?” e “Quais os atores e fatores principais a serem mobilizados?” Isso irá remeter a construção de uma política regional do emprego, a partir do adensamento e diversificação da indústria local, utilizando insumos regionais, para ampliar e regionalizar a cadeia de produção, sempre atrelada à cadeia do conhecimento. Nesse contexto, as medidas devem levar em conta, não apenas a evolução das tecnologias, como referências da inovação, mas também pelas mudanças climáticas que vão impor novas tendências de emprego e produção. O Brasil assumiu recompor 15 milhões de hectares de floresta. O CIEAM deixou claro seu posicionamento: quais benefícios podem reivindicar as empresas da ZFM que cuidaram de conservar dez vezes mais do que isso com a distribuição de emprego e renda para a Amazônia Ocidental diretamente e oportunidades de trabalho em todo o Brasil? A OIT, nesse contexto, revelou propósitos de realizar um debate específico sobre o Futuro do Trabalho no contexto Amazônia, a ser definido em conjunto com as entidades e poder político local.
Energia e emprego
Uma das conferências que chamou a atenção dos participantes foi a do presidente da Fapesp, Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo, José Goldemberg, sobre os impactos da eleição de Donald Trump no Acordo de Paris. Em sua fala, ele minimizou as ameaças do presidente eleito, dizendo que os países e as empresas do mundo inteiro já haviam avançado muito a discussão para levar a sério as bravatas eleitorais do vencedor. Observou os avanços da China e preferiu relacionar Geração de Energia com a criação de empregos. Para ele, físico e autor de vários livros sobre este assunto, enquanto uma unidade de energia gera um emprego com uso de combustíveis fósseis, a biomassa gera 58 empregos, a alternativa eólicas96 e a solar 148. Apesar dos lobbies contrários, segundo ele, a energia renovável será imposta naturalmente, sobretudo em regiões de luminosidade e escassez de oferta pela logística adversa como a Amazônia. No caso da produção de biomassa energética seja baseada em monoculturas extensivas, que requerem um nível relativamente baixo de empregos quando comparadas a culturas de alimentos, na realidade, a bioenergia é responsável por um aumento na geração de empregos na área rural porque a produção de alimentos é obrigatoriamente mantida para atender à demanda. No caso de áreas degradadas, a melhor alternativa de reflorestamento é aquela que consorcia espécies de valor comercial elevado com outras de produção que dependeria, como mamona e dendê. As biorefinarias, como as de dendê, no Pará, são adequadas a biotecnologia, e suas múltiplas aplicações.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 23.11.2016