18/07/2024 08:53
“A celebração dos números da indústria reflete um otimismo justificado. No entanto, para sustentar esse crescimento e continuar a melhorar a posição do Brasil no ranking global de produção industrial, é essencial continuar investindo em inovação, infraestrutura e educação”.
Anotações de Alfredo Lopes - Coluna Follow-up
Temos duas plantas voltadas para a produção de semicondutores aprovadas pelo Conselho de Administração da Suframa (CAS) e um crescimento positivo dos indicadores industriais do Polo Industrial de Manaus(PIM) liderando o ranking do país. Nesta semana,
a notícia do crescimento da produção industrial brasileira no primeiro trimestre de 2024, elevando o país 15 posições no ranking global, significa um indicativo alentador para a economia nacional. Esse crescimento, registrado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), coloca o Brasil entre os top 50 países com maior produção industrial, um avanço significativo considerando a média mundial. Razões de sobra para avançar na integração que o clima de interlocução propicia.
Há quatro anos, em vez de fechar as fábricas, as lideranças locais resolveram incentivar a produção emergencial de EPIS, para proteger os profissionais de saúde no combate da pandemia. E se descobriu uma capacidade fabril instalada para a qual não se punha reparo. Prestaram atenção e a indústria da Zona Franca de Manaus (ZFM) desempenhou um papel memorável nesse desafio em favor da vida. A ZFM tem contribuído, contribui com um PIB industrial relevante, mas também é um exemplo de como a integração de sustentabilidade e inovação pode impulsionar a integração e expansão industrial.
E o Brasil já sabe disso. Com seus polos setoriais pulsantes, Duas Rodas, Eletroeletrônicos e Eletrodomésticos e Informática capazes de abonar programas prioritários em Bioeconomia e Tecnologia da Informação e Comunicação, entre outros, a ZFM demonstra prontidão e maturidade. E mais: uma abordagem estratégica focada em sustentabilidade que pode ser um motor de desenvolvimento industrial estratégico e complementar aos novos caminhos ora sendo desenhados dentro da Nova Indústria Brasil. O fato de estar atraindo investimentos significativos em semicondutores, uma área crítica para a modernização industrial, é uma luz piscante de novas alternativas. Esses aportes são um indicativo de que a região está se posicionando como um polo de inovação tecnológica, alinhando-se com a versão 2.0 da Nova Indústria Brasil.
A favor do Amazonas conta seus ativos de descarbonização e sustentabilidade. E isso não é slogan nem narrativa ufanista, é experiência de décadas para suprir a ausência das contrapartidas de infraestrutura. A indústria na Amazônia, representada principalmente pela ZFM, é descarbonizada, uma característica que se alinha com as tendências globais de sustentabilidade. Essa abordagem se compromete em proteger a floresta e instruí no aproveitamento de seus bioativos de maneira sustentável, contribuindo para uma economia verde que insere nas cadeias produtivas insumos reciclados de biomassa e bio plásticos.
Oportunidades e desafios começam a surgir de várias conjunções de fatores. As conquistas de reindustrialização prometida pela governança federal ilustram os avanços que se apresentam como um movimento organizado. A utilização da capacidade instalada da indústria brasileira ter atingido seu maior nível em 10 anos, com um Nível de Utilização da Capacidade Instalada da Indústria (NUCI) de 82,5%, sugere que há um potencial de crescimento ainda maior, desde que sejam superados alguns desafios, alguns crônicos e outros conjunturais.
É hora, pois, dos Investimentos em Educação e Inovação. Embora programas federais estejam destinando recursos para inserir Mestres e Doutores na indústria, o valor ainda é considerado insuficiente. A comparação com investimentos em outros países nos constrange. E se quisermos envolver as instituições de ensino e pesquisa para uma jornada conjunta, nossa bancada federal tem como evidenciar a necessidade de maior financiamento para pesquisa e desenvolvimento na região.
Daí a necessidade das soluções de infraestrutura, premissas da Competitividade. Os comentários oficiais já mencionam a importância de uma abordagem estratégica para desenvolver a indústria brasileira. Isso inclui melhorar a infraestrutura e aumentar a competitividade da indústria nacional, áreas onde a ZFM pode servir de modelo, por sua capacidade de agregar inovação tecnológica na indústria de transformação.
Nesse clima otimista, crescem os índices de confiança na indústria brasileira, que subiu pelo terceiro mês consecutivo. Esse indicador, junto com a crescente utilização da capacidade instalada, sugere que a indústria nacional está em um caminho de recuperação e expansão. As Comissões CIEAM de Logística e Competitividade, por seus movimentos e análises, certamente, envolverá o poder público para, independentemente do desfecho da Reforma Tributária, deslanchar os acordos, protocolos e intuições produzidas.
A celebração dos números da indústria reflete um otimismo justificado. No entanto, para sustentar esse crescimento pulsante e continuar a melhorar a posição do Brasil no ranking global de produção industrial, é essencial continuar investindo em inovação, infraestrutura e educação. A Zona Franca de Manaus, com sua abordagem de sustentabilidade e inovação, oferece um modelo valioso que pode ser replicado em outras regiões do país para desenvolver a Nova Indústria Brasileira.
(*) Coluna Follow-up é publicada as quartas, quintas e sextas- feiras no Jornal do Commercio do Amazonas, sob a responsabilidade do CIEAM e coordenação editorial de Alfredo Lopes, editor do portal BrasilAmazoniaAgora
Fonte: BrasilAmazôniaAgora