16/06/2016 13:26
ENTREVISTA com o Diretor Institucional da HONDA, Paulo Takeuchi
É preciso tirar o “s” da crise, diz Paulo Takeuchi da Honda “Inovar é também criar novas maneiras de fazer o mesmo”
Acreditando na ZFM há quarenta anos, a empresa japonesa se mantém coerente em sua obstinação de aproveitar as lições da crise e de reafirmar os valores que dão base a trajetória vitoriosa da Honda. A cultura empreendedora do Japão na Amazônia é centenária e traduz uma identificação ímpar com os valores regionais, imprimindo padrões de compromisso e envolvimento com o crescimento econômico e social local. Com a Moto Honda da Amazônia não foi diferente. No meio da floresta, onde construiu a maior fábrica mundial de motocicletas da marca, e que responde por 80% da produção nacional, a Honda é orgulho da indústria do Amazonas. O diretor Institucional da empresa, Paulo Takeuchi, reafirmou laços de compromisso com a região, insistindo na criatividade como instrumento de superação das dificuldades do momento. Confira.
FOLLOW-UP: Neste momento de retração do mercado, a Honda lança novos modelos de motocicletas e avança na verticalização na sua linha de produção no polo industrial de Manaus. Como manter este patamar produtivo com uma crise que atinge de morte a maioria de seus fornecedores?
PAULO TAKEUCHI: Atualmente, atingimos cerca de 40% de verticalização na fábrica de Manaus. Os demais componentes são adquiridos de fornecedores nacionais e internacionais. É importante esclarecer que a política da Moto Honda não é de verticalização, porém, acreditamos que ela seja essencial em processos para os quais contamos com tecnologia própria, como motores, parte de chassi e tanque de combustível. Nesse sentido, temos como princípio a verticalização desses processos em todas as fábricas Honda do mundo. Outros processos de verticalização foram motivados por falta de competitividade de qualidade e custos que podem ser revertidos de acordo do mercado.
FUP: Quais as lições da crise e quais sugestões que a empresa pode oferecer com essa aprendizagem?
PT: Ao longo desses 40 anos de produção nacional, aprendemos que existem diferentes momentos econômicos e que temos que aproveitar ao máximo cada um deles. Durante um período de crise, além de reduzir custos sem perder a qualidade, a orientação é tirar o "s" da crise e praticar o crie. Criar e descobrir novas maneiras de fazer o mesmo, mas de forma ainda mais eficiente e inovadora. São nesses momentos que nos preparamos para chegar ainda mais fortes as etapas futuras.
FUP: Entre seus projetos de responsabilidade social, a Honda priorizou a qualificação técnica e ética dos alunos da escola pública do Amazonas. Quais os principais resultados deste programa institucional?
PT: Trabalhamos com indicadores que mostram resultados positivos desde o nível de absenteísmo até o aprimoramento da qualidade e redução de custo, o que nos deixa muito satisfeitos. Mas gostaria de mencionar outros resultados ainda mais gratificantes. A partir do projeto, temos formado profissionais globais, que participam de reuniões em outros idiomas e aperfeiçoam constantemente seus conhecimentos técnico e cultural. Temos certeza de que esses diferenciais serão muito importantes no futuro.
FUp: A Honda incrementou a produção de alimentos, de caráter orgânico, para consumo interno de seus funcionários. Quais os ganhos diretos e indiretos desta iniciativa?
PT: A preocupação com o meio ambiente e o investimento constante na minimização do impacto de suas atividades no equilíbrio do planeta fazem parte da filosofia da Honda, desde sua fundação, em 1948, no Japão. O desafio da empresa é atender as demandas da sociedade de forma sustentável. Baseado nesse compromisso, desenvolvemos o Projeto Agrícola, em 1999. Ocupando um terreno de mil hectares, dos quais 580 são de reserva florestal nativa, o projeto visa o plantio de mais de 26 mil árvores de espécies ameaçadas de extinção (como mogno, pau-rosa, copaíba e andiroba), além de frutíferas (como coco, pupunha, acerola, limão, mamão e banana). Como resultado, quase uma tonelada de alimentos é produzida mensalmente, sendo que parte da colheita é consumida pelos funcionários na fábrica de Manaus e a outra parte é doada a instituições de assistência a crianças e idosos na região.
FUP: Que outras ações na área ambiental e ações voltadas para a comunidade a empresa segue priorizando?
PT: Globalmente, trabalhamos para criar uma sociedade em que todas as pessoas possam perseguir seus sonhos. Nesse sentido, apoiamos a educação de crianças e jovens para o futuro, trabalhamos para preservar o meio ambiente e promovemos segurança no trânsito por meio de educação e treinamento. A operação das nossas três unidades do Centro Educacional de Trânsito Honda - CETH - nas cidades de Indaiatuba (SP), Recife (PE) e Manaus (AM) e do parque eólico da Honda Energy em Xangri-Lá (RS), inédito no segmento automotivo brasileiro, são alguns exemplos que refletem o nosso compromisso com o futuro da sociedade brasileira.
FUp: Em suas manifestações públicas, frequentemente aparece o tema da educação. Qual o papel do ensino, tanto técnico como no cultivo dos valores humanos, na história de acertos da empresa?
PT: Acreditamos na educação como o caminho para um futuro melhor para as próximas gerações. Nosso papel, enquanto empregadora de mais de 10 mil pessoas somente no Brasil, é contribuir para o desenvolvimento socioeconômico da sociedade, resgatando valores morais, éticos e de cidadania.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 16.06.2016