10/05/2024 17:42
“A mobilização de atores públicos e privados - exatamente para proceder ao mecanismo inteligente da prevenção - torna-se essencial nesse contexto para desenvolver e implementar iniciativas que se adaptem às novas realidades impostas pelo clima e pelo desenvolvimento regional”.
Por Alfredo Lopes - Coluna Follow-up
Seguindo as trilhas sugeridas no plano de trabalho da Comissão CIEAM de Competitividade, instalada em janeiro último, e para sinalizar a importância de retomar ou estruturar a competitividade da Nova Indústria ZFM (Zona Franca de Manaus), pós-legislação ordinária da Reforma Tributária, vamos pontuar os gargalos logísticos e seus desafios imediatos de gestão preventiva à vista da provável repetição da estiagem extrema dos rios da Amazônia.
Competitividade e sustentabilidade nos empurram a prever para não se surpreender e padecer os danos inevitáveis que virão. Que fique claro: essa busca vai além do âmbito econômico, sendo também uma estratégia vital para a sobrevivência, defesa e aproveitamento sustentável do patrimônio natural bem como dos empregos, renda, tributos e oportunidades da ZFM.
Nos últimos dois anos, o Polo Industrial de Manaus enfrentou desafios extraordinários devido às estiagens extremas que afetam os rios da Amazônia, nossas vias naturais de transporte. Enchente e vazante são fenômenos naturais e assim como são naturais históricos as alegações recorrentes no Rio Grande do Sul. Entretanto, estamos diante de fenômenos de extrema intensidade e danos incalculáveis. Essa situação crítica, no caso do Amazonas, em 2023, evidenciou a fragilidade de nossa infraestrutura de transporte rodoviário e fluvial, exigindo uma busca urgente por soluções alternativas viáveis e sustentáveis.
A mobilização de atores públicos e privados - exatamente para proceder ao mecanismo inteligente da prevenção - torna-se essencial nesse contexto para desenvolver e implementar iniciativas que se adaptem às novas realidades impostas pelo clima e pelo desenvolvimento regional. Isso inclui a redefinição e o resguardo de rotas para a cabotagem e outras modalidades de transporte, bem como a melhoria da infraestrutura existente. Serão bem-vindos todos aqueles que quiserem somar, compartilhar, acolher e avançar na busca de soluções, prevenção e conquista de soluções.
A recente reativação e promessas de expansão nas obras de reconstrução da rodovia BR-319, que liga Manaus a Porto Velho, é um exemplo crucial dessa busca por alternativas. Esta rodovia desempenha um papel vital na diminuição da dependência das vias fluviais e no fortalecimento da resiliência logística da região. No entanto, a pavimentação da BR-319 e a busca por rotas de cabotagem trazem consigo desafios ambientais e sociais complexos. Isoladamente, qualquer que sejam as instituições ou atores ninguém irá a lugar algum.
Estudos de impacto ambiental alertam para riscos potenciais, como o aumento do desmatamento e efeitos adversos sobre a biodiversidade. E biodiversidade, embora não sejam levantadas controvérsias superficiais aplicativos, é o nosso maior ativo. As grandes potências estão usando a escala dos bilhões de dólares para investimentos em biotecnologia na segurança alimentar e na indústria da saúde. Nossa realidade é mais modesta, mas não temos muitas escolhas a não ser diversificar e adensar nossa indústria com inovação tecnológica na direção dos bioativos. Isso levanta a questão fundamental: como podemos gerenciar eficazmente o equilíbrio entre desenvolvimento econômico e conservação com uma infraestrutura de transporte melhorada, adequada e efetiva?
A resposta a essa pergunta exige uma abordagem colaborativa e sustentável, onde a inovação tecnológica esteja aliada a um pacto de sustentabilidade e competitividade. Observatórios e iniciativas de monitoramento desempenham um papel crucial, fornecendo dados valiosos para orientar decisões responsáveis. Os cientistas e os empreendedores são unânimes. A hora dos bionegócios é agora. Só nos cabe alardear o mote e arregaçar as mangas.
O diálogo aberto entre governo, indústria, academia, comunidades locais e organizações ambientais é essencial para encontrar soluções que promovam o desenvolvimento econômico sem comprometer a proteção e a monetização da floresta em pé. A BR-319 e as novas rotas de cabotagem, pautas urgentes da competitividade e da sustentabilidade econômica regional são mais do que simples componentes de infraestrutura; são a chave para um novo paradigma de desenvolvimento sustentável, perene, justo e rentável na região.
Ao trabalharmos juntos em prol da competitividade e sustentabilidade, estamos construindo não apenas um futuro próspero para a região, mas também preservando seu patrimônio natural para as gerações futuras. A fruticultura, as resinas, os compósitos orgânicos na indústria da floresta, as escamas do pirarucu, usada até hoje para ralar a barra de guaraná, está virando suprimentos cirúrgicos na indústria hospitalar… são respostas de produtos e projetos que já estão em curso, antecipando uma utopia que insiste em se antecipar.
(*) Coluna Follow-up é publicada as quartas, quintas e sextas-feiras no Jornal do Commercio do Amazonas, sob a responsabilidade do CIEAM e coordenação editorial de Alfredo Lopes, editor do portal BrasilAmazoniaAgora.
Fonte: Brasil Amazônia Agora