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Coluna do CIEAM

Com a toalha nas mãos

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24/06/2015 14:01

As greves, as taxas assustadoras de desemprego, o fechamento discreto ou escancarado de algumas empresas, as soluções improvisadas do CBA, os buracos escandalosos nas ruas do Distrito Industrial, os vetos do PPB, que simbolizam a licença para poder trabalhar e – se não der para tapar – sair, ao menos, do buraco que a paisagem lunar representa. Tudo isso escancara mais uma vez o estágio de precariedade institucionalizada em que se encontra a Superintendência da Zona Franca de Manaus, a governança federal, seus reflexos na rotina local e a perda de credibilidade que se espalha como uma enchente de aguas poluídas em todas as decisões e direções. Dá vontade de jogar a toalha, impulsivamente, um gesto, porém, fora da pauta e de cogitação. São quarenta e oito rounds de persistência e outros tantos virão por aí, convidando a adotar o bom senso, aproveitando as lições das adversidades, repensando opções e tendo bem claro os instrumentos com os quais é possível contar. As greves da Suframa não dependem do voluntarismo pessoal, mas de decisões políticas que ultrapassam o raio possível de ação institucional. E nesse contexto cabe lembrar que, depois de contornar tropeções e dissensões, a mobilização parlamentar está de volta e cabe a todos acompanhar bem de perto a coerência de suas proposições. É vital compartilhar a toalha, repartir a luta, demarcar o ringue e concentrar forças nas medidas definitivas que compartilhem a conquista de todos os cinturões.

Omnia vincit labor


Enfrentar as mazelas do desemprego, poder tocar projetos de produção e promover o crescimento, a geração de rendas e oportunidades, eis uma praia familiar e cotidiana onde é possível desenvolver ações e proposições com clareza. Insistimos no direito ao trabalho, como diziam os latinos, Omnia vincit labor, o trabalho vence tudo, um jargão milenar de Virgílio – o poeta romano – adotado por sindicatos e universidades no mundo inteiro. Com clareza de regras, como aquelas que emergem e nos clareiam caminhos na Carta Magna. Sim, a clareza de regras, papeis e combinações previas sem as quais escurecem os caminhos e se estreitam as vias de construção criativa e proativa das soluções. Não dá para desperdiçar as lições desta crise, nem reconhecer nossa – pronome na primeira do plural em dimensões universais - efetiva contribuição para seu desfecho. Ou será que somente na escassez somos capazes de planejar soluções para fazer prosperar as boas colheitas? Por que espernear em torno das soluções improvisadas que transferem, por exemplo, para uma instituição de metrologia a gestão do polo de biotecnologia que teimamos em protelar sua instalação definitiva? Buscamos interlocução pra valer ou pra inglês ver, temendo melindrar a corte da inépcia e da obscuridade? Por que denunciar o descaso em não consultar os atores responsáveis pelas subvenções e contribuições privadas que propiciaram sua instalação. Em vez de resguardar o combustível da lareira da escassez que o inverno da incúria nos impôs, nos limitamos a engrossar o canto da cigarra da aparente bonança deste polo industrial que tantas melodias inspirou? O CBA é um exemplo fortuito de tantas outras protelações, como a proposta de revisão nos critérios de distribuição das verbas de Pesquisa e Desenvolvimento, ou sua gestão estéril do ponto de vista tecnológico e ético, por parte de algumas corporações? Empurramos com a barriga questões vitais que agora nos impedem reclamar...

As tábuas da Lei


A que se destina aceitar ou criticar a entrega do Centro de Biotecnologia da Amazônia a um triunvirato institucional onde os três atores desconhecem o foco, a meta e o instrumento de transformação da intenção na direção de resultados? Por que não questionar, com as tábuas da Lei, do bom senso, das demandas efetivas da região e da oferta de projetos e proponentes em profusão para essa procissão começar a andar? Por que não mobilizar os projetos em gestação no âmbito estadual, com atores do setor público ou da esfera não-governamental, para começar a trabalhar, como foi proposto timidamente em 2013 quando as entidades locais, empresas e instituições de fomento e de indução de crescimento propuseram a entrega do CBA à Embrapa, sob a gestão de um conselho de atores locais comprovadamente envolvidos em ações e combinações pra valer? A isso se agregam, por vias diretas, algumas demandas que movimentam a indústria, a economia local e regional cujas atividades padecem de gás e energia na direção de criar respostas rápidas para novos arranjos e matrizes de atividade econômica. Por que a indústria de embalagens, de componentes do setor de plástico e papel não demandam insumos regionais para criar novos caminhos de interiorização e diversificação da economia e da produção? Há três anos, Inpa e Suframa, instados pela leitura de seus objetivos e interatividade de suas atribuições, ensaiaram interagir contribuições de seus atores, programas e trabalhos em andamento para dar maior racionalidade e eficácia para suas funções, ações e resultados. O jogo político e das vaidades, aquele que prioriza o ego em detrimento do interesse geral, ajudou a fazer água nessa embarcação da integração interinstitucional em nome do cidadão. Agora, à luz da crise que se instalou, e do crescimento que ela nos obriga a inventar, por que não apostar neste saudável, surpreendente e coerente mecanismo da interatividade proativa na busca das soluções?
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 24.06.2015

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