02/11/2016 16:29
Com artigo de seu presidente, Wilson Périco, sobre as Matrizes Econômicas e do Conhecimento, a ser publicado em mídia global, Infomoney/Bloomberg, o Centro da Indústria do Estado do Amazonas presta homenagem ao INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, por ocasião de mais um ano de avanços na investigação do bioma florestal. “É necessária e promissora a presença do setor produtivo, aqui representada pelo CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas, no ambiente dos cientistas do Inpa, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, mediatizada pelo Grupo de Estudos Estratégicos dessa instituição, que completa 64 anos de investigação de nossa biodiversidade. Esta aproximação mais estreita se dá, ainda bem, no momento em que a Zona Franca de Manaus padece uma de suas crises mais devastadoras. Juntos, podem e isso implica em múltiplas possibilidades de parcerias e avanços na medida em que precisamos, sem demoras, buscar novos caminhos para a economia. Hoje, o polo industrial de Manaus está fincado em apenas três segmentos de produtos: o polo eletroeletrônico, com destaque para os televisores, informática e o de 2 rodas, que apresentaram queda vertiginosa nos últimos 5anos. Se analisado o polo eletrônico com os bens de informática, que são os smartphones, os tabletes e monitores, a composição fabril alcança 46%, incluindo segmentos afins, enquanto o de duas rodas, somado ao metalúrgico, chegam a 20%, restando o polo químico, em que entra parte dos isqueiros e concentrados dos refrigerantes, para compor o faturamento. Em suma, nós temos 4 produtos básicos que sustentam a atividade da indústria e consequentemente dão o suporte socioeconômico de nosso estado. Isso nos impõe uma fragilidade preocupante, especialmente num momento como este de indefinições. A insegurança alcança o consumidor, um número inquietante de pessoas que perderam seus empregos, perderam seu poder de compra. Com menos consumo, menos demanda por nossos produtos, menor atividade na linha de produção, e risco de mais desemprego. Hoje as pessoas estão consumindo aquilo que é de primeira necessidade, itens que não fazem parte do grupo de produtos fabricados no polo industrial. Os dados de maio, registrados oficialmente, mostram um recuo de mais 45 mil empregos em relação a 2014, onde saímos de 125 mil vagas para apenas 80 mil pessoas empregadas”.
Na luta pelos direitos
“E aí temos que insistir na defesa dos direitos, para que se cumpram as leis e a segurança jurídica de nossa presença como investidores na região. Temos anteparo constitucional desta atividade econômica, recentemente reconhecida e prorrogada pelo Congresso Nacional, fato que algumas regiões do país e alguns representantes políticos insistem em não reconhecer. Temos apenas 0,64 % dos estabelecimentos industriais do país, enquanto o Sudeste engloba 30% das empresas e usufrui de 53% da renúncia fiscal, contra apenas 13% da Região Norte. E mesmo assim a burocracia tem vetado a liberação de novos produtos industriais cuja fabricação nos permitiria adensar e diversificar o polo industrial de Manaus. O veto se dá a despeito de apenas cinco itens serem riscados da lista de produtos que podem ter isenção fiscal, armas e munições, perfumes, bebida alcoólica, fumos e seus derivados e automóveis de passageiros. Alguns enxergam a renúncia fiscal como dano, não como o melhor acerto de nossa história para reduzir as disparidades entre Norte e Sul do Brasil, e como o melhor instrumento econômico de proteção do patrimônio florestal. Este mecanismo fiscal, porém, não utiliza recursos públicos. A aquisição de todos os equipamentos, a montagem das unidades fabris, a contratação de mão de obra são investimentos absolutamente privados. O incentivo só se concretiza na hora que as empresas faturam o produto.”
O Brasil nas costas
“Mesmo assim, dos 27 estados da Federação, apenas 8 devolvem à União em arrecadação de tributos federais valores que superam o que recebem. O Amazonas recolhe 2,5 vezes o valor que recebe dos repasses constitucionais. E em média isso dá 3,5 bilhões ano, a favor dos cofres federais. No contexto das arrecadações federais da Região Norte, a ZFM responde por metade da arrecadação de tributos da Região Norte. Parte deste recurso deveria ser legalmente investido aqui na nossa região, pois a ZFM existe para reduzir as desigualdades regionais. Só assim, retendo o recurso aqui produzido, poderíamos desenvolver outras matrizes de desenvolvimento regional, adensando o modelo, diversificando seus produtos e regionalizando as oportunidades. Historicamente a União tem confiscado 80% das verbas legalmente destinadas para esta finalidade. O polo industrial de Manaus dá embasamento para uma economia concentrada em mais de 90% em Manaus. Daí a importância da nossa aproximação, de ações compartilhadas entre o setor produtivo e as instituições de ensino, pesquisa e produção de conhecimento para promover as infinitas oportunidades de nossa região.”
A proteção da Amazônia
“Certamente o Inpa tem em suas coleções e acervos de pesquisa o mapa de novas matrizes econômicas, a indústria da bioeconomia, com as respostas que a humanidade precisa para se manter saudável, jovial e equilibrada, com alimentação natural, fármacos e cosméticos. Precisamos ajudar o país a criar uma indústria e bioindústria sustentável é promissora, e para tanto carecemos de mobilização e, especialmente, de competência política e capacidade gerencial para dizer ao país o tamanho e a contribuição deste acerto fiscal de redução das desigualdades regionais e proteção florestal. A parceria institucional com o Inpa nos envaidece e nos estimula a buscar novos caminhos, um instituto de excelência, capaz de fazer, a integração de novas matrizes de prosperidade, com o Centro de Biotecnologia da Amazônia, a Embrapa, Ufam e UEA, nossa universidade estadual, integralmente mantida pela indústria, caminhos que partem da potencialidade natural da Amazônia para novos cenários de prosperidade geral, equilibrada e inteligente, em favor daqueles que aqui vivem e do Brasil.”
Grupo de Estudos Estratégicos
O Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA), responsável pelo convite ao CIEAM para o debate com os cientistas, é uma iniciativa do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA/MCTI), sendo formado por estudiosos de várias áreas do conhecimento e de diversas instituições e que tem como objetivo o debate franco sobre relevantes temas amazônicos. O Secretário-executivo do GEEA, o pesquisador do Inpa Geraldo Mendes, revelou que no próximo ano o Grupo completa dez anos de existência. Na página do GEEA, no Facebook, o professor GERALDO assim se manifestou: “Agradecimento: A todos que compareceram à reunião de hoje, dia 2 de agosto, especialmente ao palestrante Wilson Périco, que deixou um recado contundente e que considero histórico para o GEEA. Agradecimento especial aos debatedores, que aportaram suas ideias de maneira franca, aberta e colaborativa; além disso souberam confrontá-las com ideias distintas, às vezes contrárias, mas sempre num clima respeitoso e solidário que o GEEA vem cultivando com esmero, desde a sua fundação. Agradecimento ao arcebispo de Manaus, dom Sergio Castriani, pela mensagem carinhosa e espiritualizada. Agradecimento aos assessores do INPA (eclético Augusto e atenta jornalista Fernanda), assessores do CIEAM e todos os presentes, solidários na escuta e no acompanhamento das falas. Agradecimento aos que não compareceram, mas tiveram a gentileza de manifestar a respeito do convite. Gratidão aos que tem acompanhado a movimentação do GEEA e às vezes, sem falar, prestam seu apoio na solidariedade intelectual, no silêncio. Gratidão... esse é o sentimento que reina absoluto em nossa alma e com o qual retribuímos a todos que estão conosco nesta caminhada em prol do GEEA e do desenvolvimento da Amazônia”. Em resposta, o presidente Wilson Périco também agradeceu a oportunidade e o privilégio de debater cenários melhores para o Amazonas e toda a região com seleto grupo de cientistas e pensadores.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio dos dias 02 e 03/10/2016