28/07/2016 09:00
Nesta terça-feira, 2 de agosto, o presidente do CIEAM, Wilson Périco, vai falar sobre Indústria na Amazônia, no INPA, Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, a convite do GEEA, Grupo de Estudos Estratégicos. Este Grupo foi idealizado pelo pesquisador e então diretor do Inpa, Adalberto Val, em 2007 e é composto por pesquisadores de instituições de ensino, órgãos governamentais e sociedade civil organizada para debater diversas áreas do conhecimento na Amazônia e disseminar à população as inúmeras indagações e informações a respeito das questões ambientais, científicas e modelagens de desenvolvimento e sustentabilidade. A iniciativa tem abordado desde então temas relevantes para o desenvolvimento da Amazônia, registrados em publicações dos Cadernos GEEAA, tais como 'Processo cultural da Amazônia'; 'Plantas alimentícias não-convencionais'; 'Toxinas: explorando a biodiversidade para o bem e para o mal'; 'Música e poesia na Amazônia' e 'Ciência, tecnologia e inovação na Amazônia'. Temas delicados como a exploração econômica da madeira, sob a batuta de Niro Higuchi, autoridade de primeira grandeza em economia da Silvicultura, “a questão florestal madeireira é de grande importância estratégica para região, à luz do grande interesse nacional e internacional pela floresta e por seus recursos naturais. A madeira é um produto de primeira necessidade. A região amazônica e o Amazonas, mais especificamente, têm a vantagem de poder discutir todos os problemas inerentes a questão florestal com a sua floresta ainda em pé. Por isso temos de gerar conhecimentos que sirvam para orientar as decisões políticas”. Ou seja, chegou a hora da sociedade “invadir” o INPA, uma instituição com 65 anos de inventários da fauna e da flora, com as chaves de múltiplos enigmas que inquietam a humanidade. Do mesmo modo, o INPA precisa devolver a sociedade, diz Adalberto Val, os benefícios do conhecimento que o Instituto sistematizou ao longo desses anos. Para o pesquisador Estevão Monteiro de Paula, diretor de Estudos Estratégicos na gestão Adalberto Val, no INPA, está mais do que na hora de transformar os preciosos inventários sobre fauna, flora, os tesouros que a biodiversidade amazônica abriga, em oportunidades de alimentos, fármacos, cosméticos, entre outras demandas da humanidade. A presença do CIEAM este ano, com o tema "Indústria na Amazônia", significa, efetivamente que a relação entre economia e academia são premissas de pesquisa, desenvolvimento e sustentabilidade e que todos estamos comprometidos e devemos estar cada vez mais interessados e empenhados em aprender e compartilhar experiências e visões sobre a Amazônia, o futuro que queremos e podemos construir.
As hidrelétricas e as fronteiras
Um dos temas do GEEA, sob a batuta de Phillip Fearnside foi sobre os impactos que as usinas hidrelétricas causam ao meio ambiente, principalmente as que são construídas em áreas tropicais, como na Amazônia. “As usinas hidrelétricas podem emitir mais gases do efeito estufa que as termelétricas. Pois quando os galhos e folhas submersos apodrecem emitem gás carbônico e quando a água sai das turbinas elas emitem o gás metano”, ou seja, a alternativa hidrelétrica, submetidas a rigorosas pesquisas, pode significar que se trata de fonte renovável de energia, mas não necessariamente “limpa” como se alardeia. Na mesma linha de debates estratégicos, o então titular do Comando Militar da Amazônia, general Theophilo Guilherme Cals, abordou a relação da presença militar na região não apenas como proteção do patrimônio natural mas como ator de interatividade com a busca de pesquisa e desenvolvimento. Para o general, ao longo das fronteiras na Amazônia existe uma biodiversidade que ainda não é conhecida por muitos de nós e será o pesquisador com seus estudos que descobrirá a importância dessa biodiversidade. “Ao conhecer esses recursos naturais, a Defesa tem o papel de proteger e defender essa riqueza para que possam tornar-se produtos rentáveis para o país”, diz o general. “Por isso, é fundamental unir o meio acadêmico com o Ministério da Defesa”. Segundo Theophilo, o Estado brasileiro precisa ter uma preocupação com as fronteiras que, hoje, estão desguarnecidas. Para ele, essa vulnerabilidade nas fronteiras faz com que a violência nos grandes centros urbanos seja maior. “Porque tudo o que entra ilegalmente vai alimentar o crime organizado nos grandes centros”, referindo-se a produção de entorpecentes nas áreas de fronteira.
Mérito CIEAM
O evento do último dia 21, da entrega do Mérito Cieam, uma comenda do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, em homenagem aos relevantes serviços prestados pelo empreendedor e pioneiro Sergio Vergueiro, que reflorestou 4 mil hectares de floresta no município de Itacoatiara, com o plantio de mais de dois milhões de árvores, com ênfase em castanha, pupunha e copaíba. O gesto de reconhecimento traduz a posição da entidade em torno das oportunidades de bioindústria que a floresta oferece. O Acordo de Cooperação do CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia – um projeto pago pela indústria – firmado no último dia 15 de julho, com a Fazenda Aruanã, do empresário Sérgio Vergueiro, reflete o histórico do compromisso da indústria com P&D. Desde 2013, a entidade tem promovido essa aproximação, da qual faz parte, ainda, a Federação da Indústria, um dos múltiplos espólios do pioneiro Moysés Israel, o apoio sempre presente do empreendedor Muni Lourenço, presidente da Federação da Agricultura do Estado do Amazonas. Essa aproximação já identificou um leque ilimitado de biopotencialidades, identificada por um grupo de 15 cientistas ligados ao CBA, que já estiveram na Fazenda Aruanã, identificando as utilizações variadas dos resíduos da produção e beneficiamento de castanhas, entre outras vocações de negócios da região. Para o presidente do CIEAM, Wilson Périco, o acordo CBA/Fazenda Aruanã, os projetos de produção de biomoléculas, a produção de extratos vegetais e outros insumos para a indústria de química fina, cosméticos, fármacos e nutracêuticos, significa ensaios promissores das NOVAS MATRIZES ECONÔMICAS, um compromisso da entidade e legado das indústrias do polo industrial de Manaus, entre as demonstrações de acerto fiscal, socioeconômico e ambiental da iniciativa Zona Franca de Manaus.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio do dia 28.07.2016