26/02/2014 11:29
A greve, a liminar e a economia
A paralisação dos funcionários da Suframa tem sido protelada ao longo dos anos. Suas razões de fundo, a propósito, são absolutamente coerentes tendo em vista a defasagem salarial que se foi acumulando, agravada pela escassez de funcionários, e uma previsão nada animadora da quantidade de novos técnicos e respectivos salários que o Concurso em andamento sinaliza. Como compatibilizar excelência profissional e funcional com defasagem salarial e outras limitações operacionais? São fatos que corroem toda a estrutura funcional e impedem um melhor desempenho das atribuições esperadas pelo conjunto dos servidores. Neste momento de esfriamento da economia, em vésperas dos eventos esportivos e de campanha eleitoral, as empresas precisam produzir, o Estado precisa arrecadar e a sociedade depende do giro da economia para acessar seus equipamentos e serviços públicos de qualidade, daí a razão fundamental da Medida Liminar, já acatada pela Dra. JAIZA MARIA PINTO FRAXE - Juíza Federal da 1ª Vara respondendo pela 3ª Vara/AM.
Resta combinar com os russos...
O filósofo Umberto Eco costumava comentar que não há nada melhor que uma ameaça externa para unir o país. Quem sabe tenha sido providencial a manifestação da presidente Dilma Roussef pró-Zona Franca de Manaus, no debate com a Organização Mundial do Comércio, em Bruxelas sobre a política fiscal brasileira, alvo de críticas da União Europeia contra as Áreas de Livre Comércio da ZFM. Isso foi suficiente para a representação política recolocar a proposta de emenda constitucional – PEC da prorrogação da Zona Franca de Manaus até 2073, de volta à pauta do Congresso, de onde foi retirada quando começou o imbróglio internacional. É claro que o termômetro político – em clima de temporada eleitoral - é que vai dar o balizamento final da iniciativa. Por enquanto, porém, está valendo a tomada de posição da presidente na defesa do modelo econômico num fórum, o maior deles, internacional de Comércio. Somada à posição da Suprema Corte do país que, na quinta-feira passada, reafirmou a constitucionalidade do modelo Zona Franca de Manaus, a campanha publicitária para esclarecer a opinião pública nacional sobre a economia local já começou a dar certo antes do primeiro anúncio. Agora só falta combinar com os russos, ou seja, a bancada parlamentar do Estado de São Paulo, que condiciona o apoio à PEC a prorrogação dos incentivos dados pela lei de informática, que se encerram em 2019 e são franqueados a todos os Estados.
As verbas de P&D
Foi provocativa e reflexiva a manifestação do governador Omar Aziz sobre os resultados tímidos das verbas destinadas à Pesquisa e Desenvolvimento, recolhidas pelas empresas do setor de Informática, feitas durante a solenidade de abertura dos trabalhos das entidades do Setor Produtivo, à frente a Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, nesta segunda-feira. É claro que os resultados são mais abrangentes e incluem os trabalhos da Fucapi, Fundação Nokia e outras instituições de ensino e pesquisa alcançadas por esses recursos. A provocação, porém, retoma a iniciativa de Thomaz Nogueira, titular da Suframa, em promover ampla discussão da destinação desses recursos, iniciada em junho de 2013. São mais de R$ 1,3 bilhão/ano, "...um volume de recursos suficientes para qualquer país sério promover uma revolução tecnológica". A propósito, CIEAM e FIEAM encaminharam no mês seguinte, julho do ano passado, uma proposta para a autarquia e aguardam o momento de retomar o debate. São recursos necessários para levar adiante um programa interdisciplinar e interinstitucional de formulação de Novas Matrizes Econômicas.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 26.02.2014