03/12/2015 16:38
Economia, academia e negócios
E o que precisa para assegurar os instrumentos dessa travessia? Investimentos, é claro. Não apenas de recursos financeiros, mas também e, sobretudo, de recursos humanos. Na entrevista com Muni Lourenço, na semana passada, em homenagem aos 61 anos da Federação da Agricultura, foi sinalizada a necessidade da assistência técnica do IDAM, Instituto de Desenvolvimento do Amazonas, presente, esclarecemos, em todos os municípios do Estado. Esta instituição, que substituiu a antiga e saudosa Emater, a empresa de assistência ao trabalhador rural, é um dos principais instrumentos, além do fomento, dessa modalidade promissora de novos negócios. Agrega-se a isso a presença da Universidade do Estado do Amazonas, paga integralmente pela indústria, é necessário anotar, para que fique consignado o compromisso das empresas com o tecido social. Todos, assim conectados, esperam que os cursos promovam a conexão permanente entre academia e economia. Iremos a lugar algum se o trabalho das Câmaras Setoriais se configurar numa constelação onde não esteja presente a instituição do saber, para orientar talentos e habilidades para um fazer com excelência, na produtividade, na procura por soluções de competitividade que advém da logística adequada, a energia necessária e a comunicação compatível. Presente nos diversos municípios, a UEA pode identificar, qualificar e propor as novas modalidades de geração de negócios, transformando-as em objetos de pesquisa, racionalizando soluções e encaminhamentos adequados. Temos, pois, os instrumentos, tanto das bases materiais – que os outros fundos, de interiorização do desenvolvimento, pagos pela indústria propiciam – como as bases do conhecimento, da tecnologia e da inovação, que a academia estadual pode oferecer. Obviamente que isso inclui outros atores que possam eventualmente ser mobilizados como os institutos federais de pesquisa e desenvolvimento como INPA e EMBRAPA, que estão na Amazônia, com um acervo de inventários de oportunidades e um cardápio de modalidades à disposição de novos empreendedores.
O transitório e o permanente
Na semana passada, a Assembleia Legislativa atendeu a uma demanda do governo estadual, em função da queda da arrecadação, e a necessidade de fechamento das contas neste dezembro. Os deputados votaram a utilização dos recursos para “... fazer um ajuste contábil aqui e ali para que a contabilidade se encerre como manda o figurino”, segundo o secretário de Fazenda, Afonso Lobo. “Como o FTI e o FMPES sempre viram o ano com algum saldo, o governo quer autorização do legislativo para usar estes saldos que não foram aplicados nas suas finalidades para o fechamento das contas em saúde, em atividades meios e custeio, para poder encerrar contabilidade e não infringir nenhum mandamento da Lei de Responsabilidade Fiscal e nem da Lei 4.320”. É compreensível e inquestionável a alegação do titular da Fazenda à luz das adversidades impostas ao modelo ZFM pela crise política, com reflexos na economia que o país atravessa. Esse mesmo procedimento e essa mesma autorização já foram pedidos à Assembleia Legislativa no fim do ano passado, quando o governo também usou dinheiro do FTI, Fundo de Turismo e Interiorização do Desenvolvimento e do FMPES, o Fundo das Micro e Pequenas Empresas, parte dele administrado pela Agência Estadual de Fomento. Em 2014, a indústria recolheu R$ 1,030 bilhão para esta finalidade. Agora, o pedido é para usar os saldos dos dois fundos em 2015 e 2016, em função das previsões de incertezas para o próximo ano. É de extrema importância ponderar sobre a necessidade de reorganizar e fazer cumprir o calendário de reuniões dos respectivos conselhos de gestão desses fundos, como já foi encaminhado no âmbito da Universidade do Estado do Amazonas.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 03.12.2015