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?Celebrando o Dia da Indústria

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24/05/2018 09:01

A indústria, o comércio e a poesia de Nathan Xavier de Albuquerque

Iniciada, dia 22, com homenagem da Assembleia Legislativa à Moto Honda da Amazônia, esta semana é reservada para celebrar a Indústria, que ocorre neste dia 25. Em seu discurso de homenagem a Moto Honda, o deputado Serafim Correa foi às origens do desembarque da empresa na Amazônia e prestou um reconhecimento à memória de Nathan Xavier de Albuquerque. O empresário da indústria e do comércio, que vendia as motos japonesas da Honda, e atraiu a fábrica para a região, nasceu em Manaus, em 6 de agosto de 1922 e faleceu no Rio de Janeiro em 1º de janeiro de 2013. “Um empresário visionário, um negociante e um negociador exímio, um dos grandes pioneiros desta terra”, diz seu contempora?neo, Mário Guerreiro, um dos fundadores, juntamente com Maeda, da Honda e Nathan, da Moto Importadora. As linhas arquitetônicas da Credilar Teatro, uma de suas empresas ícone, sacudiu Manaus no início dos anos 70, com madeiras nobres, nas imediações do Teatro Amazonas e Palácio da Justiça. Assinada pelo premiado arquiteto Severiano Mário Porto, o prédio ilustrava o espírito visionário de Nathan.

Indústria, inovação e inserção cultural

O jornalista Marcos Santos e? autor de um dos raros registros biográficos “A Moto Importadora, uma de suas lojas de departamento, só não vendia armarinho mas chegou a vender aeronaves”, afirma Geraldo Dantas Araújo Filho, 56 anos, cujo pai, Geraldo Dantas, foi sócio de Nathan por 40 anos, até 1982. “La? pelos anos 1930 ou 1940, Nathan, segundo Geraldinho Dantas, pegou um motor estacionário e colocou eixo e hélice nele, usando-o para movimentar as pequenas canoas dos ribeirinhos. Estava inventado o motor rabeta, hoje ampla- mente difundido entre os ribeirinhos. “O mesmo motor servia como bomba d’água, gerador e para moer mandioca, tirando o tucupi, a goma e os outros produtos”, conta Geraldo. Era parte do envolvimento do empresário com o caboclo, que ele conhecia de perto devido a? paixão pelas pescarias. O rabeta acelerou a locomoção do ribeirinho, que antes sofria tendo só o remo como alternativa de propulsão, e, além de tudo, e? barato, consome pouquíssimo combustível e pode ser usado em qualquer filete d’água, ajudando a enfrentar as secas severas da região. Ainda hoje, passados mais de 70 anos, o modelo permanece o mesmo criado por Nathan”.

Obstinação e diversificação operacional

“O Grupo Moto Importadora se desenvolveu em todos os segmentos do come?rcio com as lojas Credilar. Vendia material elétrico, de construção, joias, roupas, material de cozinha, eletroeletrônico, fotográfico e relógios, tendo na vitrine marcas luxuosas, como Audemars Piquet e Patek Philippe, ainda hoje difíceis de encontrar em Manaus. Entrou no ramo de automóvel, como dono da Imesa, revendedor da Ford, empresa comprada do governador Gilberto Mestrinho, que transformou na maior revendedora de automóveis do Norte do país. As instalações ocupavam o quarteirão que fica em frente ao hospital Eduardo Ribeiro e ao Hemoam, próximo ao estádio Vivaldo Lima, outra obra do premiado arquiteto Severiano Porto, derrubado para construir a Arena Amazônia, pela incúria do poder público com o erário. A Moto Importadora tinha 28 lojas de departamento. Todas as lojas do grupo tinham acima de 3 mil metros quadrados. No auge, a empresa ofereceu 15 mil empregos. Ele e? um dos participantes da elaboração do decreto-lei 288, que criou a Zona Franca de Manaus, dono da Moto Importadora, sócio da Moto Honda e do Novotel, entre outras mais de 20 empresas, fomentador de 20 mil empregos na cidade da década de 1970. Nathan esteve para o período moderno como IB Sabba?, o fundador da Refinaria de Manaus, e JG de Araújo, o homem que dominou da borracha ao come?rcio, passando pela pecuária, transformando-se em mecenas das artes – o cineasta Silvino Santos veio para cá? contratado por ele e J.G. Araújo, líderes do varejo no Amazonas de seu tempo.

Expulso pelo fiscalismo burocrático

Nathan e? um dos pioneiros na junção de dois segmentos da indu?stria e do come?rcio. Autodidata, Nathan Xavier de Albuquerque falava e escrevia em inglês, francês, japonês, italiano e alemão. Estudou formalmente apenas até o antigo curso ginasial, mas criou modelos de motores para os seus barcos, fazia cálculos complexos e estabeleceu, na Moto Importadora, um manual detalhado de procedimentos que se tornou uma espécie de matriz dos procedimentos ISOs tão em voga nesse contexto de certificação de qualidade. Retirou-se de Manaus desgostoso com a gestão federal, fiscalista, oportunista e perversa, dizia aos mais próximos. Eles punem quem quer empreender e achacam quem consegue, apesar de tudo, prosperar. Empresários contemporâneos que isso foi um verdadeiro extermínio empresarial, pois ele se recusava a ceder as chantagens de alguns meliantes travestidos com a fachada de servidores públicos. Nathan desenvolveu o hobby de escrever livros, a maioria poemas falando da saudade do Filho que morreu prematuramente num acidente automobilístico.

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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicada no Jornal do Commercio do dia 24.05.2018



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