05/02/2014 11:55
Gestão participativa
Assim, no entendimento do CIEAM, no dia seguinte à transferência, com acompanhamento e suporte de instituições locais e regionais, o equacionamento jurídico já contaria com os subsídios técnicos e conhecimento científico existentes na Embrapa para alavancar seu potencial de pesquisa e desenvolvimento de projetos em fármacos, cosméticos e segurança alimentar. Esse acompanhamento incluiria, sugestivamente, a Universidade do Estado do Amazonas, o Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia, a própria Universidade Federal, Ufam, além de outras instituições que dominam tecnologias relacionadas aos objetivos do CBA, além da representação das entidades do setor produtivo. A recomendação tem recebido apoio das diversas entidades de classe locais e deverá ser protocolado nos Ministérios que detêm o projeto do CBA. Com a transferência para a Embrapa, a gestão do órgão deixaria de ser atribuição da Suframa, cuja atuação e especialização são incompatíveis com os objetivos do CBA.
Novas matrizes econômicas
“A Embrapa é uma instituição consolidada, que pode contribuir de forma efetiva com o desenvolvimento de novas matrizes econômicas da Amazônia, diante da biodiversidade local, a ser explorada de forma organizada e racional”, afirma Wilson Périco, presidente do CIEAM. Com menos de 30% de sua estrutura em funcionamento, e sem um modelo de gestão definido, o CBA não possui registro no Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ). Dentro do seu escopo, destaca-se o desenvolvimento de incubadora de empresas, atualmente com empreendimentos tímidos sem definição dos desdobramentos. Inaugurado em 2002, o CBA se tornou a esperança para o desenvolvimento da bioindústria regional, com a realização de pesquisas para a formação de novas cadeias produtiva, mostrando ao mundo as riquezas da floresta, de forma legal e organizada, sem danos ao meio ambiente e ao País. Desde a sua criação, a entidade recebeu mais de R$ 9o milhões de investimentos, exclusivamente das verbas da Suframa, limitando a sua atuação.
Biotecnologia e oportunidades
Entre os principais objetivos do CBA, destaca-se o incentivo ao desenvolvimento local de produtos, processos e serviços biotecnológicos, nas áreas de saúde humana, agronegócio e industrial, visando sua comercialização e inserção em cadeias produtivas nacionais e globais. Também promove o conhecimento da biodiversidade amazônica, associado às tecnologias necessárias ao seu aproveitamento econômico, agregando valor à região. “Acreditamos que a melhor solução para essa evolução é a transferência da gestão do CBA para a Embrapa. Com equipe treinada e apta a criar novas matrizes econômicas, a instituição está anos-luz à frente em termos de desenvolvimento”, enfatiza o presidente do CIEAM.
Proteína em escala
O cenário mais coerente seria entregar o CBA para a Universidade do Estado do Amazonas, mas no momento ainda lhe falta expertise em biotecnologia, nanotecnologia, bioinformática e por aí vai. O mesmo se aplica à Ufam e ao próprio Inpa, onde sobram boas intenções e faltam estruturas materiais e experiências de fazer dos inventários, bionegócios. A própria Suframa devam integrar o comitê gestor dessa nova composição, mas não pode seguir assumindo, sem material humano nem experiência em fruticultura amazônica, aquicultura, tecnologia da seringueira em cultivo extensivo e outras oportunidades. A Embrapa Amazônia Ocidental sabe como e tem um parque tecnológico na cadeia produtiva do pescado que o Amazonas e a Amazônia precisam urgentemente. Afinal, no desafio global da segurança alimentar, quem souber produzir proteína em escala vai falar mais alto e mais firme.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 05.02.2014