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Buracos do constrangimento

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10/07/2014 10:07

O reconhecimento da FIFA e da Rede Globo ao desempenho da população e ao acolhimento aos esportistas e turistas nos quatro jogos da Copa da FIFA realizados em Manaus revelou que somos capazes de organizar e receber grandes eventos. A sucedida operação de venda de Manaus, Amazonas, Amazônia remete a algumas reflexões. Uma delas é refletir sobre a ausência do parque industrial de Manaus como item vital e essencial da economia da floresta. Não pudemos mostrar aos milhares de visitantes, as oportunidades de novos negócios que o polo industrial de Manaus representa. E não fizemos – à parte a escassez crônica de recursos orçamentários da Suframa – por uma razão prosaica e constrangedora: a buraqueira generalizada das vias do Distrito Industrial I e II. Como mostrar fábricas com produtos de alta tecnologia com crateras lunares nas vias de acesso a gigantes de duas rodas e informática, que recolhem robustos impostos, para os três entes federativos, além das taxas para a Suframa e não dispõem da manutenção de que precisam para ir e vir na rotina produtiva? E o mais inquietante são os buracos metafísicos da paralisia institucional para resolver questões tão modestas e, ao mesmo tempo, vitais! Sim, a buraqueira é ampla de estragos e alcance, além de seus significados lógicos e epistemológicos. Referimo-nos, aqui, à buraqueira institucional da desarticulação entre os atores públicos, que removeu da ZFM seu poder de fogo para decidir e operacionalizar a tarefa legal de estruturação do modelo. Bancada federal, poder local, relacionamentos próximos com a autoridade federal, nada disso foi capaz de repor o acesso aos recursos recolhidos pela Suframa junto às empresas para com as taxas de seus serviços. Hoje, além das dificuldades de cumprir suas funções emergenciais de assegurar o pleno funcionamento do modelo ZFM, com o volume literalmente bilionário que ultrapassa R$1,4 bilhão nos últimos anos daria perfeitamente para a recuperação da paisagem, a urbanização de suas ruas e praças, manutenção constante de suas vias, transformando o Distrito Industrial em fator de vaidade da população que aqui trabalha, um lugar digno e atraente para ser mostrado aos visitantes.

Quase parando...


A empresa contratada para recuperar as vias do Distrito está com seu cronograma físico e financeiro comprometido. Já são passados quase dois anos da assinatura do Convênio celebrado entre a Suframa e o Estado, com o aval da Prefeitura, a quem compete diretamente a manutenção viária. Passado todo este tempo menos de 25% do valor conveniado foi repassado ao Estado, que ora utiliza recursos próprios para que a empresa responsável execute drenagem e outras tarefas viáveis e adequadas para não desmobilizar os recursos humanos e de equipamentos envolvidos. Cabe lembrar que o projeto atende apenas as vias do Distrito I, mas não preenche as expectativas de recomposição geral da paisagem e dos estragos crônicos que se foram acumulando. O cenário do Distrito II é simplesmente aterrador em alguns trechos, com intersecções simplesmente intransitáveis. E não há promessa nem movimentação para enfrentar objetivamente o agravamento da encrenca. A quem recorrer se, doravante, nada de objetivo pode ser feito pela interdição da legislação eleitoral.

Debate emergencial


Neste último fim-de-semana começou, oficialmente, a campanha eleitoral, um exercício precioso e oportuno para debater novos caminhos e descaminhos da economia e de seus reflexos na vida social. Afinal, toda a montagem histórica de criação e implantação da ZFM se dá – na estratégia de redução das desigualdades regionais – na perspectiva de promover a melhoria da qualidade de vida das pessoas, aumentar e assegurar os Índices de Desenvolvimento Humano dos grupamentos sociais e equilibra, objetivamente, os indicadores regionais e redução das disparidades regionais entre a economia urbana e a condição de vida das populações ribeirinhas. É constrangedor para a reputação e imagem das empresas aqui instaladas empreenderem num estado onde despontam 11 municípios entre os 50 derradeiros em IDH em todo o país. É óbvio que não compete às empresas responder por essa paisagem, sobretudo no caso do modelo ZFM – que tem imagem de paraíso fiscal quando na verdade é o paraíso do fisco, como dizia o respeitável professor Samuel Benchimol, estudioso impar da economia regional. As empresas repassam mais de R$ 2,5 bi/ano para interiorizar o desenvolvimento, qualificação dos jovens no ensino superior e para a pesquisa e desenvolvimento. Esse é um item inadiável para debater com a classe politica e dela exigir o resgate de fortalecimento institucional da Suframa, o órgão responsável historicamente pelo reconhecido acerto deste modelo de desenvolvimento.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 10.07.2014

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