16/10/2015 16:15
Messianismo ambiental
Algumas indagações, portanto, já podem ser esclarecidas, vários preconceitos esvaziados e, acima de tudo, com as reportagens, se escancarara a hipocrisia do discurso político e do messianismo ambiental. Muito falatório e pouco conhecimento e compromisso com a região. Na última proibição do IBAMA, fica clara a confusão entre construção e recuperação da rodovia, o que reafirma a distância e o descaso do olhar federal. A rigor, não há mais qualquer entrave objetivo para a recuperação – ninguém falou nem propôs construção – da estrada, pois o traçado existe, a pavimentação foi feita e os recursos estão ou estiveram disponíveis. Na verdade, foram confiscados da ZFM e dariam para equacionar este e outros gargalos de infraestrutura, como o balizamento e drenagem da hidrovia do Madeira, a distribuição da energia, e comunicação de dados e voz. Lembremos que mais de 50% da riqueza produzida pela ZFM vai para o governo federal.
Recuperação é diferente de construção
A estrada, senhores burocratas, já foi construída, mas foi abandonada por quem deveria cuidá-la. E foi até, impunemente, bombardeada por seus oponentes, para inviabilizar sua recuperação. Ela é uma via extremamente necessária para a economia da região e para permitir o direito constitucional de ir e vir do cidadão do Amazonas. O que se deu foi o descaso, a negligência e a má-fé, de sua manutenção e conservação. Um descaso que acontece com outros segmentos e aspectos da infraestrutura local, alvo preferencial do abandono, em alguns casos, oportunista, e até delituoso, posto que incluiu a destruição objetiva do patrimônio público.
Urgentemente, colaborativamente
Tomara que o Ministério Público, ou a Polícia Federal tenham assistido às reportagens e ouvido o depoimento das pessoas e visto as imagens da destruição criminosa com uso de explosivos de trechos da rodovia para comprometer seu tráfego e assim resguardar outros interesses. Em lugar do proibicionismo, ou deixar essa denúncia sem apuração, por que não rever as implicações, os prejuízos e as complicações desses vetos intempestivos – danosos à competitividade e sobrevivência do modelo ZFM – e que se somam a tantos outros, que alegam, por exemplo, o alarmismo faccioso da destruição do Encontro das Águas para impedir a modernização portuária das demandas do polo industrial da ZFM, ou condenam o ordenamento da indústria de estaleiros, com a construção do Polo Naval, em nome de um formalismo estéril e falacioso? Ou é melhor deixar as indústrias espalhadas caoticamente na orla fluvial de Manaus? Com transparência e à luz do interesse público, é hora de sentar para conversar e avançar, em nome do bom senso e da justiça, urgentemente e colaborativamente, em favor do Amazonas.
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Publicado no Jornal do Commercio do dia 16.10.2015