15/04/2022 09:58
A melhoria na qualidade da água na cidade, especialmente nas regiões vulneráveis, é apontado por especialistas como essencial para esta melhoria. Quem teve acesso à água tratada pela primeira, também reconhece que sua vida mudou após a chegada do serviço. No ano passado, o Instituto Trata Brasil, principal referência no país em estudos sobre saneamento básico, realizou a pesquisa “Os benefícios da água potável em comunidades vulneráveis em Manaus”, que ouviu moradores de áreas vulneráveis da cidade. Na percepção dos próprios moradores, o impacto das doenças de veiculação hídrica foi reduzido em até quatro vezes. Mais de 80% dos entrevistados apontaram que a saúde e qualidade de vida mudaram para melhor depois da chegada da água potável.
Por Thiago Augusto Terad
A região Amazônica possui um grande valor estratégico para o Brasil. Nossas reservas naturais influenciam diretamente no clima, economia e na dinâmica social de diversas regiões do mundo. Isso implica em grandes responsabilidades para quem vive na Amazônia. Ao mesmo tempo em que estamos na maior bacia hidrográfica do planeta, precisamos fazer uma reflexão constante sobre a importância de cuidar destes recursos - que são finitos - e fazer uma gestão correta deles. Datas como o "Dia mundial da água" e o "Dia mundial da saúde", celebradas nas últimas semanas, amplificam os debates e reflexões. Há quatro anos, assumimos a missão de trabalhar com o saneamento básico da maior cidade da região amazônica. Os desafios diários impostos por uma metrópole como Manaus estão sendo superados. E o reflexo disso já pode ser demonstrado em índices relacionados à saúde pública e na percepção da própria população. Saneamento básico promove qualidade de vida, transforma a rotina de uma cidade, valoriza imóveis e leva dignidade até regiões de vulnerabilidade.
Manaus foi a capital do Norte e Nordeste que mais recebeu investimentos para melhoria de água e esgoto, entre 2018 e 2021. Foram aplicados para aprimorar os serviços de água e esgotamento sanitário, mais de R$ 500 milhões desde 2018. O montante se iguala ao investimento do Recife no mesmo período, segundo dados do Ranking do Saneamento 2022, promovido pelo Instituto Trata Brasil e GO Associados.
Com isso, somos a capital que mais aumentou seus níveis de abastecimento de água tratada nos últimos cinco anos no país, crescendo 11,06%. E a cidade que mais avançou em coleta total de esgoto no Brasil, com um incremento de 115,62% (ou de 11,77 pontos percentuais), tendo mais do que dobrado o número de ligações de esgoto no período analisado. As perspectivas são de mais avanços, com a previsão de R$ 1 bilhão em saneamento para os próximos cinco anos. A cobertura de esgotamento sanitário, que já saltou de 19% para 26%, chegará a 45% até 2025. Serão quase um milhão de manauaras diretamente beneficiados com a chegada do sistema tratamento de esgoto em suas residências.
O serviço de água tratada está universalizado na cidade. Desde a nossa chegada, o foco esteve na regularização do abastecimento em áreas de vulnerabilidade. Fizemos mais de 150 mil metros de tubulações, para levar água tratada até becos, palafitas e rip-raps. São pessoas que passaram décadas usando formas alternativas de abastecimento, sem conseguir tomar um banho de chuveiro e dedicando boa parte de seu tempo em busca de um volume mínimo de água, mas, que hoje, contam com o serviço 24h por dia em suas torneiras, beneficiando uma população aproximada de 130 mil pessoas somente nestas áreas.
Todo esse trabalho já começa a refletir nos índices de saúde da capital amazonense. O número de casos registrados na cidade de uma das principais doenças de veiculação hídrica, a diarreia aguda, caiu 39% entre 2019 e 2021, de acordo com dados são da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas - Dra Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP). A melhoria na qualidade da água na cidade, especialmente nas regiões vulneráveis, é apontado por especialistas como essencial para esta melhoria. Quem teve acesso à água tratada pela primeira, também reconhece que sua vida mudou após a chegada do serviço. No ano passado, o Instituto Trata Brasil, principal referência no país em estudos sobre saneamento básico, realizou a pesquisa "Os benefícios da água potável em comunidades vulneráveis em Manaus", que ouviu moradores de áreas vulneráveis da cidade. Na percepção dos próprios moradores, o impacto das doenças de veiculação hídrica foi reduzido em até quatro vezes. Mais de 80% dos entrevistados apontaram que a saúde e qualidade de vida mudaram para melhor depois da chegada da água potável.
As famílias de áreas vulneráveis também foram incluídas na Tarifa Social Manauara, que proporciona um desconto de 50% no valor das faturas. Desde o início de nossa operação na cidade, saímos de 20 mil para 86 mil famílias cadastradas. Em breve, Manaus será a capital do país que mais protegerá sua população vulnerável neste quesito.
Outro avanço foi o combate ao desperdício e perdas de água tratada, que saiu de um índice de 74,6% em 2018, para a casa dos 57%, atualmente. Um verdadeiro atestado do padrão gerencial e que também comprova a boa gestão dos recursos hídricos na cidade.
Desafios como estes estavam presentes no nosso dia a dia e fizemos a escolha de enfrentá-los. E não tem preço constatar os resultados, aferir melhores indicadores de saúde e ter um relacionamento constante com a população. Tudo isso resulta da maior interação com a comunidade, ouvidos mais abertos, numa relação de acolhimento de demandas fundamentais. Este é o nosso compromisso com a Amazônia e com as pessoas que moram aqui.
*esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br