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Coluna do CIEAM

As eleições e as inquietações

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30/07/2014 12:19

A agenda para o debate com os candidatos, proposta pela CNI, Confederação Nacional da Indústria, parece robusta e elucidativa, embora aparentemente longínqua dos interesses cotidianos e triviais. O setor produtivo nem sempre consegue vender o peixe de sua contribuição para o tecido social. A discussão política posta à mesa, apesar disso, é um rol de inquietações e de insônia de investidores do país, num clima de muita expectativa e tensão. No Estado, os acontecimentos dão aos atores da economia local uma apreensão muito particular. Afinal, essa indefinição de enfrentamentos dos gargalos tributários, burocráticos e de infraestrutura, além de antiga e crônica, têm reduzido drasticamente a participação da indústria na geração da riqueza nacional e regional. O PIB nacional previsto de menos de 1% em 2014 ilustra isso. Para quem vê China, Chile e outros países empreendedores, apostarem no crescimento da economia e na redução da burocracia, buscando resolver seus desafios de infraestrutura, o Brasil faz lembrar um crustáceo a andar para trás. Eis porque as empresas se juntam para reivindicar desoneração tributária (Como pagar tanto imposto e ser competitivo?) a unificação desses tributos incidentes sobre circulação de bens e serviços, simplificação e atualização da tributação sobre a renda. O rosário de entraves para gerar riqueza e oportunidade é muito grande e a hora é de recorrer aos céus, no sentido de invocar a esperança para seguir adiante, decifrar a diferença no tabuleiro do cotidiano e indagar o que podemos esperar de mudanças nas promessas eleitorais. O Brasil está num impasse crucial onde alguns segmentos preferem paralisar seus negócios para ver onde vai dar a ciranda da disputa eleitoral.

Reinvindicações justas


No caso da ZFM os obstáculos são mais pontuais e passam por reivindicações mais factíveis após a sinalização positiva de prorrogação dos incentivos fiscais por mais 50 anos. Resguardar os mandamentos legais que dão suporte à Suframa, participar do acompanhamento e gestão dos recursos da UEA, Interiorização da Economia e Pesquisa & Desenvolvimento e assegurar um mínimo de 3% da receita da ZFM para infraestrutura é o arcabouço mínimo que vai permitir a geração de um novo projeto para as próximas décadas, com ênfase na geração de novos arranjos e matrizes econômicas. Esta autonomia, que confere ao poder local consolidar e equacionar questões urbanas e integração da economia local com a politica industrial, ambiental e de ciência, tecnologia e inovação nacional é ponto de partida de toda e qualquer iniciativa na perspectiva da diversificação e regionalização do modelo. É paradoxal participar da festa da celebração dos incentivos prorrogados e ter que lamentar a permanência de entraves antigos, que são absolutamente viáveis e de fácil equacionamento.

O enigma do ovo


Cabe aqui ilustrar essa autonomia com o prosaico e risível, senão fosse trágico, enigma da produção de ovos. Aparentemente trivial, a questão da escassez do milho para a produção dessa deliciosa e emblemática proteína, o único alimento em que o Amazonas é autossuficiente, mostra a gravidade e a catatonia a as contradições do modelo ZFM. O que tem a ver o Polo Industrial com essa questão? Hoje a Embrapa Amazônia Ocidental dispõe de pacotes tecnológicos para resolver no curto prazo o problema da produção de milho. Pacotes já conhecidos, alguns compartilhados com os técnicos do IDAM e da ADS, respectivamente o Instituto e Agência de Desenvolvimento Sustentável, onde o Estado aloca técnicos de altíssimo nível. Este ano, utilizando recursos repassados pela indústria, de interiorização do desenvolvimento, a AFEAM, a Agência Estadual de Fomento, vai apoiar 200 hectares de produção de milho, um projeto em Boca do Acre, já testado e aprovado com produtividade maior que o agronegócio do Centro-Oeste. A Federação da Agricultura tem buscado resolver, com o prestigio que desfruta no âmbito federal, os recursos adicionais para aliviar a escassez de milho provocada pelo ciclo das águas e mais uma enchente recorde. O enigma do ovo, os pacotes tecnológicos disponíveis, os recursos da indústria e as soluções evidentes são revelações de uma desarticulação sem sentido que escondem o caminho promissor, politicamente viável, socialmente necessário e economicamente rentável e sedutor.

Gerando oportunidades


E aqui cabe um registro da maior relevância e da esperança de que tudo pode e vai se ajeitar, na celebração dos 54 anos da Federação das Indústrias, as energias do Estado do Amazonas, somadas e os talentos inteligentemente explorados e articulados. Nesta semana, para ilustrar a efeméride, no primeiro dia de agosto, serão inaugurados novos laboratórios, o de caldeiraria e solda, que homenageia Agostinho Freitas, na Escola Senai Waldemiro Lustoza e de panificação e confeitaria, homenageando Nestor Neves, na Escola Senai de Ações Comunitárias, bem como, as novas instalações da Escola Senai Antônio Simões. É o soldo da indústria criando oportunidades. Recentemente, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, Antônio Silva, em Parintins, realizou um antigo sonho dos moradores da encantada Ilha de Tupinambarana: o Centro Integrado de Educação SESI-SENAI, um complexo de educação básica e profissional. Com a proposta de elevar a qualidade do ensino convencional e o nível de empregabilidade da população, na perspectiva da competitividade da indústria. Parintins é o 2º município mais populoso do Amazonas, com 103.828 habitantes. Em área superior a 16 mil metros quadrados, localizado na Estrada Paranapanema, o Centro tem área construída de 4.011 metros quadrados. O SENAI já certificou aproximadamente 10 mil alunos nos segmentos industriais de metalmecânica, construção civil, refrigeração, confecção do vestuário, informática e alimentos.

Casa nova e metas arrojadas


Todas essas ações funcionavam, até então, em salas da Igreja Católica do município. Com estrutura própria e laboratórios setoriais, a meta agora é atender 1.300 alunos nos cursos de confeiteiro, pizzaiolo, cortador industrial, costureiro, eletricista, instalador hidráulico, mecânico, pintor, soldador, pedreiro, carpinteiro, informática, entre outros. O SESI, por sua vez, vai beneficiar 400 alunos com Ensino de Educação Infantil e Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, nas 12 salas de aulas, além do espaço para informática, biblioteca e ludoteca. O espaço abriga ainda, áreas para docentes, atendimento médico, esporte, e de convivência, e os cursos adicionais de informática, empreendedorismo e robótica (metodologia utilizada para desenvolver competências e habilidades físicas, mentais e lógicas) e os serviços de odontologia, pediatria e psicologia, bem como aulas de educação física na quadra poliesportiva. O currículo revela a modernidade e contemporaneidade da proposta educacional com disciplinas de atualidades, projetos de aprendizagem, oficinas tecnológicas e ciências aplicadas que serão trabalhadas dentro de cada uma das outras disciplinas tradicionais, como Língua Portuguesa, Matemática, História, e Química.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no jornal do Commercio do dia 30.07.2014

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