27/03/2020 15:18
– Entrevista com Marx Gabriel/MB CONSULTORIA
por Alfredo Lopes
Follow Up/ Brasil Amazônia Agora
Marx Gabriel, um parceiro de toda hora quando está em jogo o interesse do Amazonas, sua economia e desenvolvimento, é CEO da MB Consultoria e membro honorário da Universidade Fernando Pessoa, onde é professor visitante. Desde os anos 90, carrega o estandarte do Planejamento como ferramenta de visão do futuro e premissa do crescimento inteligente. Não é à-toa que, desde 1998, sob a inspiração de Jaime Benchimol, começou a assentar as premissas do E-Commerce, o revolucionário e trilionária Comércio Eletrônico. Em tempos de isolamento social, tem clareza de que somente somando talentos e expertises vamos achar saídas para a recessão que se aproxima. Com a energia positiva de sempre, acolheu a Coluna Follow Up, num acalorado encontro virtual. Confira!
1- FOLLOW UP – Qual a importância deste grupo interinstitucional, Comitê Indústria – ZFM – COVID-19 para a buscar saídas na crise que se instala na economia do Amazonas?
MARX GABRIEL: No momento preocupante que vivemos – talvez a maior crise que já tivemos no Brasil e ZFM – é fundamental que a sociedade civil se una e construa propostas dos caminhos possíveis para sairmos da situação atual o mais rápido possível. Um grupo homogêneo no objetivo de solucionar a crise, mas diverso na sua formação, o que traz a riqueza de diversas opiniões e as promessas de soluções consistentes
2 – Fup – Como você descreve os cenários que podem acontecer com a economia a reboque da orientação do isolamento social?
MG – O isolamento social de 100 % da população, com o respectivo lock-down,, vai trazer consequências desastrosas para a economia real . As empresas não têm capital de giro para estar paradas. Em sua maioria, não tem capital para um único mês . Sem receita, vão quebrar, a começar pelas micro, pequenas e medias empresas , que representam hoje 52 % dos empregos do Brasil . Esperar que o governo tenha recursos para manter empresas fechadas e pessoas em casa é ingenuidade ou má-fé. Com o lock dow, o próprio governo deixa de arrecadar e tudo isso o se torna um ciclo perverso. Precisamos sair do maniqueísmo de que há só um caminho, supressão ou inação, na linguagem técnica de enfrentamento do Covid-19. Temos que ter um forte plano de proteção e tratamento do grupo de risco (pessoas com mais de 60 e com doenças crônicas). Intensificação das boas práticas de higiene. Isso é claro. Mas para enorme maioria da população, seguramente mais de 80%, que não sofrerá danos maiores que uma gripe comum, por isso é fundamental que sejam liberadas para trabalhar e produzir trocas comerciais. Caso contrário, o desemprego, a fome e a violência não serão controlados.
3 – Fup – De que instrumentos dispomos para reagir a essa realidade tão adversa para a economia?
MG – Lock dow significa condenar a 100 % da população a uma depressão econômica jamais vista, com taxas de desemprego chegando a 40 milhões de brasileiros, segundo estimativas, o caos, a desordem e até o esfacelamento do contrato social que tem regido o mundo civilizado. Não se trata de escolher a vida das pessoas ou a economia. Essa é uma equação enganosa. Com o isolamento radical vamos condenar as pessoas à penúria, violência e morte.
4 – Que leitura você faz da famosa frase do Nietzche – “Aquilo que não nos mata, nos fortalece” – no contexto da economia do Amazonas.
MG – Se conseguirmos passar por essa crise unidos e principalmente, se tivermos a humildade de tirar lições profundas do que a gerou e do aprendizado que levou, podemos, no Amazonas, ter um grande impulso de desenvolvimento de soluções e lideranças para nossa indústria e desenvolvimento. Mas não podemos deixar que o remédio (lock dow) mate o paciente .
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Publicado em 27.03.2020 no Jornal do Commercio
Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br