28/06/2018 08:43
A presença entre nós do Grupo Abril, através da Exame, sua principal revista de economia e negócios, sinaliza o interesse econômico que a ZFM ainda desperta no âmbito de suas vantagens fiscais. Foi esse o sentido do Fórum da Amazônia, realizado nesta terça-feira, dia 26 último. Mais do que isso, há um interesse sobre as demais oportunidades que aqui se revelam evidentes, apesar das fragilidades de nossos mecanismos de divulgação. Em recente visita a presidência da Eletros, ora sob a batuta do amazonense Jorge Nascimento Júnior, foi constatado esse filão inexplorado de promoção/divulgação do Amazonas. “Temos o apelo amazônico adicional às vantagens fiscais da ZFM que é a associação entre economia e ecologia”. Investir no Amazonas, nesse contexto, é colaborar ativamente na proteção florestal, evitar que a derrubada das árvores seja a desculpa para a sobrevivência econômica das famílias. Isso coincide com a opinião do staff diplomático do Brasil no Reino Unido. Investir na ZFM é investir em planta industrial bem conceituada junto à OMC e União Europeia.
Outros nichos de negócios
O interesse de novos negócios no âmbito nacional, expresso num dos temas do debate proposto no Fórum Amazônico, como “Os Negócios na Capital Verde do Mundo", foi a indústria 4.0, alternativas e engasgos da política industrial brasileira. Os avanços tecnológicos e as oportunidades advindas com a revolução digital remetem a um dos principais destaques do novo ciclo industrial da ZFM. Para quem foi criada para montagem final de produtos, praticamente proibida de nacionalizar as tecnologias importadas, no início dos anos 70, a ZFM industrial superou a visão estreita e vesga da União para a Amazônia. Infelizmente, nossas universidades e instituições de pesquisa foram deixadas pelo caminho. Padecemos de gestores, nossos cientistas dividem seu tempo de laboratório com a administração da penúria orçamentária. Apesar disso, evoluímos em várias direções, embora – como tudo está por evoluir – não focar num único setor, ou num nicho de produto, sem ter uma política global de investimentos para utilizar os recursos que aqui são gerados para a diversificação e inovação tecnológica regional.
O gargalo da infraestrutura
Já tivemos, com o Barão do Mauá, no século XIX, a Companhia de Navegação do Amazonas, com embarcações ajustadas ao mercado logístico de transportes. Com a cabotagem, o Amazonas e demais produtores da Amazônia, fizeram do mercado extrativista sua maior contribuição ao PIB do Brasil, 45% por três décadas. Borracha, Castanha, Madeira, Fitoterápicos, Essências de alto valor comercial, resinas e minérios. Hoje o Brasil está surdo aos problemas logísticos do Amazonas e da região. Já tivemos um porto público e muitas tentativas de promover a competitividade logístico-portuária da região. O poder público, federal, estadual e municipal, em vários momentos se opuseram à essa obviedade e direito favorecendo grupos locais que não aceitam as regras do mercado capitalista. O gargalo é também digital, energético e rodoferroviário. Já tivemos uma conexão rodoviária, a BR 319. Hoje, voltamos ao isolamento terrestre.
PIM, a moeda da sustentabilidade de uso e de troca
Por que o Financial Times, um dos veículos da mídia econômica inglesa, com maior respeito global, deu 5 prêmios a ZFM, incluindo sustentabilidade. Por que a União Europeia reconheceu com estudos acadêmicos a boa relação entre negócios e sustentabilidade no Amazonas representado por sua economia? E é exatamente este o argumento da União Europeia nos deixar fora das sanções previstas aos incentivos fiscais dados ao Sudeste do Brasil para a indústria eletrônica, de informática e automotiva? Temos, sem saber transformar em moeda, uma mercadoria com valor de uso e de troca, o melhor arranjo fiscal do país e uma indústria com baixíssima taxa de emissão de carbono. Este é o nosso melhor negócio que, infelizmente, os gestores focados na moeda do imediatismo político não souberam promover e aproveitar.
Interlocução é a senha da mudança
Em plena explosão da era digital, nossa interlocução é industrial. A tribo não conversa. Nós não sabemos aquilo que o outro faz nem de onde emana sua base econômica e financeira. Provavelmente, os alunos da UEA desconhecem que a qualificação acadêmica deles é patrocinada pela indústria. Se fosse algo debatido e assimilado com oportuno discernimento, partiria deles mesmos a defesa e o fortalecimento do polo industrial, sua diversificação e Interiorização da atividade econômica. E, mais do que isso, ajudariam na formatação de um projeto ambicioso de enfoque acadêmico de olho no mercado. O presidente do CIEAM, Wilson Périco, sugeriu no Fórum da Amazônia a inserção do Economia do Polo Industrial de Manaus, mantenedor da UEA, uma estrutura curricular para promover a relação inadiável entre economia e academia. Os benefícios daí decorrentes nem precisa especular. Interlocução é a palavra da nova ordem, na busca de construir um Amazonas integrado, cúmplice e participativo na gestão de seu destino.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicada no Jornal do Commercio do dia 28/06/2018