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Amazônia, a bicicleta, o ministro e a desinformação

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31/01/2020 09:18

Por Wilson Périco (*) wilson.perico@wlbp-consulting-br

Parece brincadeira de mau-gosto essa sequência de interlocução desastrosa do Governo federal quando se refere ao trato das questões vitais da economia do Amazonas. Dessa vez, foi o ministro do Meio Ambiente, numa entrevista coletiva na última terça-feira em Brasília. Na ocasião, ele detalhou os itens dos planos reativos do Governo à pressão internacional: Força Nacional Ambiental, Secretaria da Amazônia e Conselho da Amazônia, quando soltou a seguinte pérola, “...em vez de continuar a dar subsídios a fundo perdido para o cara fabricar bicicleta na Amazônia, vamos fazer coisas que realmente precisam estar na Amazônia”. E arrematou dizendo “ ... o BNDES deve ajudar a financiar isso. Já conversei com o presidente da instituição e isso (o Zoneamento Econômico e Ecológico) está bastante avançado. O Centro de Biodiversidade da Amazônia (deve ser de Biotecnologia) vai transformar aquilo num cluster de investimentos ligados à área de biodiversidade e de bioeconomia.”

“Quanto mais eu rezo...”

O homem simples do interior costuma dizer, em situações vexatórias como esta, “quanto mais eu rezo mais assombração me aparece”. Pelo visto, as entidades místicas de nosso acervo espiritual devem estar de férias, dado o acúmulo de situações de constrangimento a que temos assistido. “Aquilo”, senhor ministro, é a maior floresta tropical do planeta, onde borbulham 20% dos princípios ativos e onde 1/5 da água potável da Terra. Por acaso, é também o lugar onde o governo, a quem o senhor serve, confisca metade da riqueza que nós, empreendedores e trabalhadores, produzimos. E essa riqueza, senhor ministro, segundo a Constituição do Brasil, deveria ser aplicada na região para reduzir as inaceitáveis desigualdades regionais. O Brasil deveria acanhar-se com o fato do Amazonas abrigar 11 municípios entre os 50 piores IDHs do Brasil.

Chega de confisco

Portanto, em vez de recorrer aos empréstimos do BNDES para fazer o dever de casa da União, convença o Ministro da Economia a reduzir o confisco ilegal desses recursos para que eles atendam seus legítimos destinatários, os ribeirinhos esquecidos neste fim de mundo sem fim amazônico. Um mundo que o senhor desconhece. Quem recebe dinheiro a fundo perdido não são as empresas do Polo Industrial de Manaus. Nem o povo do Amazonas. Já lhe dissemos isso. Assim como desconhece que não há dinheiro público no programa de desenvolvimento chamado Zona Franca de Manaus. Aqui nós, do setor privado, construímos por nossa conta e risco, este generoso (principalmente para a República) modelo de desenvolvimento, aplaudido pelo mundo todo e demonizado historicamente por seguidos governos omissos desta Nação.

Não há recurso público na ZFM

O governo federal não dá um centavo para as empresas que fabricam bicicletas nem para qualquer empreendimento do Polo Industrial de Manaus. Pelo contrário, cria penduricalhos jurídicos para confiscar de vários jeitos o fruto de nosso trabalho que alimenta a máquina pública, pesada e perdulária. Não precisa, também, mudar o decreto de estrutura do ministério para ter essa secretaria da Amazônia funcionando. Melhor seria para o país mudar essa postura proibicionista que descreve esse Ministério que o senhor dirige desde sempre, incentive o empreendedorismo, assim geramos riqueza para mitigar eventuais descuidos com os estoques naturais. Aliás, o Amazonas é reconhecido, mundialmente, pelo foco na sustentabilidade de sua economia. Todos exaltam nossa capacidade de gerar ativos com proteção florestal.

Ajude a ampliar os benefícios da ZFM

Seja bem-vindo sempre, senhor ministro. Se aproxime de nossos acertos e nos ajude a ampliá-los. Quem sai ganhando é o país e esse pedaço esquecido da brasilidade. Não venha, porém, para dar satisfação aos europeus, eles já saquearam nossas riquezas o suficiente. Vamos dizer para eles que a indústria de duas rodas gera mais de 10 mil empregos diretos em Manaus e chega a cravar 85% de verticaliza industrial, como é o caso da Moto Honda. Venha, portanto, para ajudar a gerar emprego. Esteja certo de que 10 mil ribeirinhos, com emprego, plano de saúde, auxílio creche, 4 refeições por turno, não terão interesse em “desmatar a Amazônia” como o governo disse recentemente no Fórum de Davos. Em tempo, permita-nos um presta atenção. Não envolva sua reputação ambiental com fechamento de fábricas de bicicletas. Esse veículo fantástico foi redescoberto pelos cidadãos de bom senso, pois ocupam o topo do ranking da proteção florestal e são campeões de saúde para seus usuários . Muito obrigado.

(*) Wilson é economista, empresário e presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

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