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Amazônia em pauta

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22/08/2014 11:22

Com a colaboração do empresário e professor da UFAM, Augusto Rocha, o jornal Valor desta quinta-feira, dia 21, tematizou o desenvolvimento da Amazônia, sinalizando uma atenção crescente do país para o desafio da sustentabilidade, na conjugação do crescimento econômico, com desenvolvimento social e preservação ambiental de sua floresta, que é 2/3 de seu território. Uma conclusão é definitiva: A Amazônia precisa enriquecer para se manter em pé. Essa conversa de manter a floresta intocável com índices de desenvolvimento humano constrangedores é decididamente demagógica. Não há outra maneira de proteger um bem natural que não seja atribuir-lhe um fator econômico. O grande desafio na região, portanto, é gerar riqueza e distribuir oportunidades de renda. A geógrafa Bertha Becker costumava dizer que a política da intocabilidade é vesga e que se impõe criar estabelecimentos produtivos na região. Para ela, seria necessário aproveitar as áreas já desmatadas, desenvolver uma economia da floresta, entre elas, a Nutracêutica, a indústria da juventude, os cosméticos, os energéticos e a alimentação integral, natural do ponto de vista do equilíbrio do organismo e sua nutrição saudável. A utilização inteligente das áreas já desmatadas, mais de 15 milhões de hectares, as várzeas, os campos gerais, são suficientes para a produção intensiva e orgânica de alimentos sem precisar derrubar uma árvore em crescimento. E, com uma liderança política arrojada, o mundo pagaria a prerrogativa de respirar melhor com o oxigênio fornecido por 80% da floresta em viçosa transpiração. Para o professor Augusto Rocha, a interiorização do desenvolvimento sem um modelo sustentável traz risco para a floresta. Para evitar que isso ocorra é preciso cidades com infraestrutura de transporte e energia, capazes de produzir bens a partir de recursos naturais locais. "Sem infraestrutura, com dificuldade para processos produtivos inovadores e pouco insumo local, a chance de preservação é pequena".

P&D em questão


Além de definir e aferir os indicadores formais e operacionais da utilização dos recursos de Pesquisa e Desenvolvimento, a ZFM, aqui entendida a coordenação da Suframa e demais atores diretos do modelo, incluindo as entidades e instituições de ensino, pesquisa e fomento, é emergencial formular um plano de longo prazo para aplicação das verbas de P&D e outros fundos que possam gerar riquezas perenes, a partir das quais será possível assegurar a conservação ambiental amazônica, diretamente relacionada à melhoria da qualidade de vida dos 24 milhões de seres humanos, e seus respectivos direitos civis. A Suframa anunciou esta revisão e a elaboração deste plano, em junho de 2013, e já conta com o posicionamento e subsídios preliminares das entidades de classe da indústria. Promulgada a prorrogação, e na expectativa dos novos mandatos que se iniciam em 2015, a revisão de um dos importantes fundos de desenvolvimento já começou e a ela deve ser emprestada a melhor de todas as atenções. E nessa vaga de reflexão e planejamento, outros fundos e contribuições devem ser arrolados à medida em que a ousadia de planejar se atrela à transparência e eficiência de utilizar todos os recursos destinados à construção de uma nova ordem social.

Iniciativas alvissareiras


É nesse contexto que merecem reflexão as recentes instalações dos laboratórios da Honda, da Samsung e ações como a da Philips/TPVision, que integram as ações das empresas na perspectiva da inovação. Entra ainda, nesta movimentação cívica, a parceria das entidades representativas do setor produtivo com a UEA, que tem ampliado parcerias nacionais e internacionais com o propósito emergencial de formar os profissionais que o mercado precisa e o modelo demanda no desafio desta nova etapa da ZFM, seus gargalos de competitividade e regionalização de seus empreendimentos e benefícios. Eis o ponto de partida de interação maior e mais efetiva entre economia e academia. Farmácia, Segurança do Trabalho, Produção, Petróleo e Gás, Petroquímica, Química e Biotecnologia, Qualidade, Telefonia Celular, Mecânica, Redes, Novos Produtos, Urgência e Emergência (PAE), entre outros itens e áreas que se fizerem necessários, nos mestrados profissionalizantes, além da qualificação no Stricto Sensu (Mestrado e Doutorado). Há unanimidade em relação à aproximação entre a roda da economia e ao ensino e pesquisa da academia, premissa determinante da diversificação e interiorização da economia.

A esfinge da borracha


Na segunda metade do século XIX, na Amazônia aflorou um dos principais ciclos econômicos da história do Brasil. No centro disso estava o látex produzido pela seringueira, árvore nativa da região amazônica do país. Num alvorecer da economia atrelada à pesquisa cientifica, o látex ajudou o mundo a andar mais rápido com os automóveis e a ser mais asséptico com as luvas de látex. Manaus e Belém concentravam as riquezas dessa produção. Em 1890, começaram as primeiras tentativas de cultivo manejado, com inovação genética para melhoria dos cultivos nos domínios britânicos na Ásia, uma técnica baseada nas sementes de seringueira seria literalmente contrabandeada para o exterior pelo inglês Henry Wickham. Começou o declínio, por um descaso trágico com inovação e tecnologia. Hoje a demanda é muito maior que a produção nacional, que só abastece 35% da necessidade total. Os outros 65% importados vêm da Indonésia, Tailândia, Malásia e Vietnã, países que juntos abocanham 70% da produção mundial. A indústria de pneus é a principal compradora, destino de cerca de 80% da borracha natural brasileira. O Amazonas, outrora o maior produtor mundial de látex, hoje abastece apenas 25% da fábrica de pneus instalada em Manaus. Fica a reflexão e o convite para enfrentar este e milhares de outros desafios para a imposição inadiável da inovação.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 22.08.2014

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