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Amazonas em São Paulo

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08/11/2013 10:56

Um Seminário sobre a Amazônia – Cenários, Pioneiros e Utopias – debate Novas Matrizes Econômicas, nesta sexta-feira, no encerramento da Semana da Faculdade de Economia, Administração da USP, Universidade de São Paulo. O evento se insere ainda nas atividades do programa de Pós-Graduação sobre Pioneirismo Brasileiro, daquela instituição, sobre a batuta do prof. Dr. Jacques Marcovitch, que já dirigiu aquela renomada academia e está ajudando a reduzir essa distância vesga entre economia e academia. E a reduzir, também, a distância entre dois estados que tem história, presente e perspectivas de extraordinária cumplicidade e colaboração. Amazonas e São Paulo interagem no contexto maior da história do desenvolvimento nacional e integração regional, dessa vez, porém,  através de seus pioneiros. Na pauta dos debates, a lembrança e as lições de Isaac Sabbá, Samuel Benchimol, Petronio Pinheiro, Cosme Ferreira, Antônio Simões, Mário Guerreiro, Moyses Israel, estre outros, que cavam o próprio espaço com seu legado empreendedor, na galeria nacional de pioneiros que fazem a história do país.

O café e a borracha

O curioso nessa incursão da memória do pioneirismo é que ela revisita justamente o estado que recebeu, na consolidação do Ciclo do Café, a migração de investimentos que deixaram a Amazônia com a debacle do Ciclo da Borracha há cem anos. Nada mais oportuno para justificar essa brasilidade cúmplice que se impõe e que pode se tornar mais ainda robusta. É ainda curioso lembrar que esta relação, há bem pouco tempo, antes da economia brasileira abrir-se à globalização, relatava uma intimidade proveitosa entre os dois mercados. Para cada dólar importado para a indústria da Zona Franca, três dólares eram adquiridos da indústria paulista. Essa contabilidade foi turvada com a invasão do fator chinês, mas revelou grandes ganhos e evidentes probabilidades. O evento é uma sequencia da Mostra de Pioneiros do Brasil e o Estado do Amazonas, que chegou a Manaus há um ano e se deparou com uma história de empreendedorismo que os livros de História do Brasil ignoram. O foco inicial era Samuel Benchimol, que já integra a biblioteca dos Pioneiros, como o empreendedor que adotou a dialética do fazer e saber, nos seus empreendimentos bem sucedidos e vasta obra acadêmica, com mais de 115 títulos. Contemporâneos de Benchimol, os demais pioneiros ajudam a desenhar uma paisagem de luta e resistência para consolidar a brasilidade e pressionar pela integração nacional.
  
Lições e recomendações 

No encerramento da Mostra, em Manaus, que ocorreu de junho a agosto deste ano, e reuniu milhares de pessoas, sobretudo estudantes, um grande debate aproximou 35 instituições públicas, entidades de classe e empresas regionais para abordar as lições do Pioneirismo e Futuro da Economia Regional, sob a coordenação da Federação das Industrias do Estado do Amazonas e do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, em agosto 2013. Ali estavam reunidas as intuições, propostas e expectativas dos que vivem a Amazônia e dos que a ela se achegam. E foram exatamente as recomendações contidas neste encontro, o gancho de abertura para apresentar o tema deste Seminário Amazônia – Cenários, Pioneiros e Utopia, a cargo do professor Jaques Marcovitch. Daí também a opção de priorizar o debate sobre os resultados do estudo do Fundo Amazônia: Evolução Recente e Perspectivas, realizado no âmbito da própria FEA/USP. Afinal, este Fundo disponibilizado pela Noruega, BNDES e Petrobras, não tem avançado em seus objetivos de conter a depredação ambiental e promover alternativas de desenvolvimento e prosperidade.

Amazônia Século XXI

Como não poderia deixar de ser, num misto de homenagem e divulgação de intuições preciosas e geniais, o evento, ao debater Novas Matrizes Econômicas, sob a batuta de Silvio Crestana, que já dirigiu a EMBRAPA, resgata o projeto para a Amazônia no Século XXI, coordenado pela professora Bertha Becker em 2009, no âmbito do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE). Este, curiosamente, é o roteiro base que vai nortear a parceria de pesquisa com fomento entre o INPA e a AFEAM, a agência de fomento das cadeias produtivas do Amazonas, iniciada logo após o encontro de agosto em Manaus. E essa é a premissa básica que permeia e deve permear o conjunto de iniciativas pioneiras dessa aproximação institucional e estratégica entre Amazona e São Paulo.
 
Pioneirismo e biodiversidade

Sempre focado no papel e nas lições dos Pioneiros, aqueles que se afirmam a partir das adversidades, de momentos de turbulência e incertezas, o Seminário elegeu uma empresa, entre muitas que emergem desse grande dilema amazônico entre desenvolvimento e sustentabilidade, a Beraca, que concebe pioneirismo na perspectiva dos bioempreendedores. Sob a coordenação de Thiago A. Terada, os resultados do Programa de Valorização da Biodiversidade, gerenciado desde 2000 junto às comunidades locais, demonstram que é absolutamente factível compatibilizar o desenvolvimento regional da Amazônia em sintonia com a floresta tropical. Outras tantas empresas com foco na biodiversidade amazônica já se haviam articulado no Encontro após a Mostra dos Pioneiros, além das empresas encubadas pelo INPA, praticamente todas focadas em inovação e biotecnologia.  
 
Utopias, a intuição que se antecipa

E para apresentar alguns pressupostos da visão amazônica, seus pioneiros e as utopias que decorrem de suas lições, o filósofo e ensaísta Alfredo MR Lopes, apresentou as linhas mestras de sua última obra – fruto do levantamento histórico feito para o projeto Pioneiros e Empreendedores do Brasil – que versa sobre as ações empreendedoras de enfrentamento que se seguiram à quebra do Ciclo da Borracha e os avanços conquistados pelos pioneiros da Amazônia, suas lições e intuições. A utopia de que fala o texto retrata projetos viáveis para o estado. Um horizonte que está presente para inspirar a busca de novas rotas a caminho de portos longínquos, aparentemente inalcançáveis. Fala do pioneiro, um  navegador que atravessa mares nunca dantes navegados em busca de um destino arrojado. As utopias enunciadas nesta obra constituem um projeto para a região amazônica. Uma região que aspira ao respeito às suas especificidades, importância de sua diversidade e grandeza do seu potencial. São utopias fundamentadas em politicas publicas que abrangem o médio e longo prazo, transcendem os mandatos e superam o imediatismo eleitoral. Elas reclamam a educação e o conhecimento para promover a dimensão humanista na condução de saberes para formar e reter na Região a juventude talentosa. Assim, será possível assegurar o melhor aproveitamento da ictiofauna, uma nova economia florestal, tecnologias para viabilizar a segurança alimentar, energética e de saúde, e a reestruturação das cadeias produtivas com o pleno aproveitamento das bioengenharias e da bioinformática. O debate, portanto, ao aproximar duas unidades emblemáticas da federação, precisa retomar as ações bem sucedidas e as que estão em curso, aproximar Universidades, especialmente USP e UEA, trabalhar em redes de articulação e interatividade cívica, ética, científica e focada na integração inteligente da promoção humana e social.  
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do Centro da Indústria do Estado do Amazonas. Editor responsável: Alfredo MR Lopes.  cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 08.11.2013

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