10/02/2022 09:22
“O partido nazista não é apenas uma sugestão/pretensão da liberdade criminosa de expressão, que se escancarou nas mídias sociais para espanto da civilização mundial. O movimento já está reinstalado no Brasil – e, claro, também por todo mundo. Entretanto, no país seu ideário anti-judeu inclui também os negros, os índios, e seu habitat milenar, a Amazônia.”
Por Alfredo Lopes(*) Coluna Follow-up (**)
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“Lasciate ogni speranze voi ch’entrate”
Não passará!! O nazismo é a maior aberração criminosa na história da Humanidade. No auge do obscurantismo medieval – em que a Igreja rasgou o vade-mécum de Jesus Cristo, o vem comigo de sua Boa Nova, e se uniu ao Diabo da opressão – surgiram as luzes libertárias do senso crítico e científico baseado na razão. Vamos recordar as lições da Escola onde Voltaire, Rousseau, Montesquieu eram conhecidos por iluministas e não poderia ser diferente pois entenderam as anomalias medievais. A Divina Comédia, de Dante Alighieri, um clássico universal da literatura, é um desses personagens do combate teimoso em nome da Luz. Sua obra chamou a atenção para necessidade de fechar as portas do inferno, de todos os infernos, para atrás de suas grades trancafiar os arautos do autoritarismo teológico, político, social, em nome do qual toda e qualquer atrocidade seria justificada. O mote que mobilizou Boccaccio, Michelângelo, Da Vinci, entre tantos renascentistas e iluministas, inspirou a célebre frase escrita por Alighieri na entrada do inferno : Lasciate ogni speranze voi ch’entrate. Ou seja: Todo aquele que aqui entrar deve perder toda a esperança de sair daqui. Vamos, pois, mandar aos infernos o nazismo!
E por que é imperativo devolver para as trevas os artífices do extermínio e da perseguição? Esse movimento/enfrentamento começou pela desarticulação do tribunal eclesiástico da Inquisição, em 1821. E isso não faz muito tempo. Neste tribunal se originam, precisamente, os embriões malditos do nazismo, a praga criminosa dos obcecados pela eliminação de seus contrários. A tarefa é árdua e tem que ser incessante.
Desgraçadamente, uma sucursal deste inferno foi aberta com pompas e circunstâncias nos gabinetes pestilentos do poder de plantão. Sua palavra de ordem é a eliminação dos inimigos que fabricam, sejam as etnias, as minorias – mesmo que a cor de sua epiderme traduza a absoluta maioria do tecido social. Que se lixem as instituições, os códigos de condutas, das posturas, dos esforços ecumênicos… A eles importa o obscurantismo, daí suas artimanhas e estratégias das contendas com respectiva mobilização de suas milícias, que se espalharam pelo país, definem condutas, removem desafetos, disseminam a liberação de armamentos e dos tormentos como mecanismos de afirmação e depredação civil. Aos infernos!!
Precisamos acender – com urgência e indignação – todas as porongas, a lamparina dos seringueiros e da resistência, as luminárias da mobilização cívica no combate às trevas do crime organizado e orquestrado que coloca irmãos em polos de confrontação. Cultivado e ardilosamente disseminado, o nazismo se traveste de racismo, de todas as formas do obscurantismo persecutório, se apropria das consciência com roupagem messiânica e mentirosa da coisificação das pessoas. São os emissários das trevas que manipulam consciências com a violência da mentira digitalizada e da opressão camuflada.
O partido nazista não é apenas uma sugestão/pretensão da liberdade criminosa de expressão, que se escancarou nas mídias sociais para espanto da civilização mundial. O movimento já está reinstalado no Brasil – e, claro, também por todo mundo. Entretanto, no país seu ideário anti-judeu inclui também os negros, os índios, e seu habitat milenar, a Amazônia. Sim, a estratégia nazista ateou fogo na floresta e a desmatou sem limites nem disfarces. A senha é eliminar todos aqueles que contra ele se levanta, ou apenas pleiteia viver como é o caso da comunidade LGBTQIA +, pilhada e assassinada impunemente pela pandemia supremacista. Os crimes recentes e suas múltiplas direções e alcance traduzem os propósitos da sieg heil, a saudação amaldiçoada que já é usada nos gabinetes do ódio e todas as suas repartições, incluindo as mídias sociais. Ao inferno com eles, que os iluministas nos inspirem e a reencarnação de Dante Alighieri se aproveite de todos nós!!!
(*) Alfredo Lopes é consultor do CIEAM e editor do portal BrasilAmazoniaAgora
(**) Coluna Follow-up é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras pelo Jornal do Comercio, sob a responsabilidade do CIEAM- Centro da Indústria do Estado do Amazonas.