09/09/2015 16:36
Estopim da mudança
O empresário Flávio Rocha utiliza uma linguagem direta e objetiva, comum a todo aquele que depende das atitudes balizadas pela racionalidade dos argumentos e equilíbrio das decisões. O momento recomenda que se priorize o pensamento (o cogito cartesiano), sem partidarismo revanchista, e sem descuidar dos demais integrantes, incluindo o lado emocional e afetivo da existência, (o sum existencial) para destacar a essência da realidade. “Vamos começar com uma boa notícia. Encerrou- se um ciclo. Um ciclo de ideias ruins, insustentável. A gente já vê os indícios fortes da mudança. A mudança vem da cabeça do eleitor, de um novo personagem que vai mudar a história do País: o eleitor/consumidor/cidadão”. O argumento do empresário é absolutamente aristotélico no sentido do movimento dinâmico entre as expectativas do cidadão e o papel do gestor público. “A nova consciência do eleitor atento sucedeu o eleitor súdito, que era o fiel da balança e representava uma grande base de 60% de pobreza”. Rocha se reporta ao esquema assistencialista para fidelizar o eleitorado, deixando as pessoas com o pires na mão. “Houve uma transformação demográfica e econômica. Hoje, o fiel da balança não é mais a base da pobreza. É o novo consumidor, com condição de resolver as paradas eleitorais que vêm pela frente”. Essa relação entre o Estado e o Cidadão é o esteio vital e crucial do tratado filosófico da Política segundo Aristóteles, onde o cidadão enxerga o Estado na ótica da gestão de seus interesses e, lembra Flavio Rocha, “Não cai mais no mito do Estado que resolve todos os problemas”. Usando uma linguagem cotidiana, o empresário ilustra seu ponto de vista com categorias do cotidiano: “O cidadão vê o Estado como vê a sua operadora de telefonia celular, de TV a cabo. Paga e exige reciprocidade. Esse novo perfil vai ser o estopim da mudança”.
Distância mortal
Esse distanciamento da sociedade por parte da governança maior do país têm nuances acentuadas no relacionamento do poder central com o modelo Zona Franca de Manaus, açoitado por uma avalanche de descaso político, onde a grande medida da presença federal com a Proposta de Emenda Constitucional, para prorrogar os incentivos fiscais por mais 50 anos, não se fez acompanhar das medidas necessárias de sua viabilidade, competitividade e paulatina independência desses mesmos incentivos. E com isenção fiscal, apenas, nenhum modelo de exceção tributária se sustenta. A ZFM foi prorrogada, mas foi transformada em exportadora líquida de recursos, no direcionamento direto para outras finalidades de verbas da Suframa, necessárias ao seu funcionamento, modernização, infraestrutura urbana e viária do polo industrial, e demais instalações da autarquia em Manaus e em toda a Amazônia Ocidental, incluindo Macapá e Santana. Estrutura mínima de comunicação de voz e dados, de energia e de transporte. Hoje, Manaus é atingida por apagões diários, não apenas nos estabelecimentos produtivos, mas nas residências dos cidadãos. Como ter colaboradores dispostos e atentos aos seus deveres funcionais com as noites insones impostas pela falta de energia? O gestor público confiscou em média 80% dos recursos de pesquisa e desenvolvimento, essenciais para desenvolver a agregação de valor da inovação tecnológica e para ampliação das novas modelagens econômicas da bioindústria. E é escandaloso, a propósito, recolher R$ 50 bilhões para os cofres federais e não ter recursos para recuperar as vias do Distrito industrial. Empresas de grande porte, esteios de segmentos como a Honda, que implantaram em Manaus sua maior unidade fabril de duas rodas, ao redor do mundo, com buraqueiras lunares no acesso a suas instalações. Hoje, os buracos criminosos das vias do Polo Industrial são a melhor tradução do descaso federal, estadual e municipal. É hora de mudar!!!!
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br
Publicado no Jornal do Commercio do dia 09.09.2015