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Coluna do CIEAM

A indústria do conhecimento

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11/12/2014 14:46

O debate sobre futuro, onde a implantação da indústria do conhecimento parece a todos uma obviedade aparentemente distante, precisa levar em conta alguns indicadores da urgência e necessidade de sua implantação, elencando os itens de sua viabilidade. Uma delas, é a sinergia de forças e comunhão de propósitos, estratégias e métodos. Nesta quarta-feira, num encontro informal que acolheu o pioneiro Sérgio Vergueiro, um paulista que está há quatro décadas empreendendo no Amazonas, combinando saberes tradicionais e ferramentas de inovação tecnológica para plantar e começar a diversificar produtos a partir do plantio de 1,3 milhão de castanheiras no município de Itacoatiara, indústria, agricultura e pioneirismo alcançaram a mesma conclusão. O empreendedor debateu com Wilson Périco, do Centro da Indústria, Muni Lourenço, da Federação da Agricultura e a visão pioneira de Moysés Israel, sobre a necessidade das atividades ali representadas interagirem mais objetivamente, apostando num paradigma novo de produção amazônica, baseado na valorização dos saberes locais, agregados da inovação tecnológica à luz das demandas do mercado. Importar cérebros para fomentar cérebros só faz sentido nesta perspectiva de integrar o digital, o ambiental e o cultural numa perspectiva de atender um mercado global que prioriza sustentabilidade, qualidade, onde a tecnologia do celular, sofisticada e digital, insere a fibra vegetal na perspectiva de prevenir os danos de meio ambiente no ordenamento de seus resíduos. Essa indústria já se ensaia na Amazônia, onde vicejam 1/5 dos princípios ativos da Terra, com as respostas de produção orgânica de fármacos, cosméticos, energéticos, fitoterápicos, agregados e integrados a outros, com tecnologia de ponta, para atender as necessidades e a mutabilidade incessante de desenhos, atitudes, valores e produtos que descrevem a indústria do conhecimento.

Parcerias promissoras


No próximo dia 15, depois de muitas reuniões e partilha de expectativas e colaboração mútua, Academia e Economia, UEA, FIEAM e CIEAM, com a interveniência objetiva da instituição que apoia a pesquisa, FAPEAM, será formalizado o Grupo de Trabalho que vai aproximar a Universidade do Amazonas do cotidiano da Ação Empresarial. Essas instituições, neste momento, buscam avançar no equacionamento de desafios que descrevem os tempos difíceis que o Brasil em geral e o modelo ZFM em particular estão atravessado. Urge, pois, juntar a rotina do setor produtivo com a academia, cuja produção e reprodução do conhecimento está em revolução permanente. Assim como na empresa a boa governança na universidade pressupõe a prática de valores e de parâmetros de avaliação e orientação de decisões. Assegurada a liberdade de ensino e pesquisa com responsabilidade perante à sociedade que mantém a universidade, cabe sempre delinear em conjunto uma visão de futuro. É este horizonte a ser almejado que norteia, por exemplo, os planos quinquenais e os orçamentos plurianuais da academia ou de qualquer outra organização produtiva. Essa prática sugere o acompanhamento transparente, proativo e participativo da implantação dos planos por meio de métricas de resultados e impactos. Foi neste contexto que foi constituído o Grupo de Trabalho UEA/CIEAM/FIEAM para pensar politicas de integração entre o sistema produtivo e a academia. Trata se de com base na visão de futuro delinear novos cenários econômicos para o Estado com as decorrentes demandas de formação e qualificação de pessoas de nível técnico avançado e superior. Estes cenários poderão oferecer alternativas de crescimento para de um lado as áreas de mineração, indústria naval, bioindústria, agroindústria e agropecuária e além de impulsionar parcerias para assegurar as infraestruturas de mobilidade física, de energia e de digitalização. Para este encontro, uma das prioridades é ampliar a presença de alunos de graduação e pós graduação da UEA em estágios de formação no Polo Industrial de Manaus. Além destas iniciativas, este encontro ambiciona criar mecanismos de interlocução UEA-Polo Industrial de Manaus para melhor alinhar o perfil dos cursos e o numero de egressos nas áreas de Tecnologia, Engenharias, Gestão, Direito e demais áreas do conhecimento, e outros assuntos correlatos.

Instituto de Economia e Estatística


A experiência da Fundação Getúlio Vargas no Amazonas, associada ao Instituto Superior de Administração e Economia, no início dos anos 90, consolidada nas últimas décadas, é uma demonstração da efetividade desta parceria entre academia e economia. Foram formados mais de 60 mil gestores, técnicos, nas diversas áreas em nível de pós-graduação para atender a demanda do modelo ZFM. Essa parceria parte da premissa da importância vital do polo industrial de Manaus no cenário econômico nacional, a necessidade de inserir esta planta industrial na agenda e na política industrial, ambiental, de ciência, tecnologia e inovação do país. Hoje, este modelo divorciou-se de si mesmo, já não se conhece, do ponto de vista da economia e da estatística que produz, à vista do frequente desencontro das bases de dados entre as repartições públicas locais e federais. Buscar, portanto, a viabilidade de um Instituto de Economia e Estatística, para consignar indicadores de desempenho é uma imposição natural. Afinal, os dados precisam de um ordenamento histórico, dinâmico, permanentemente atualizado e disponível, para identificar tendências, atender demandas de ajustes, revisão de projeções, fundamentação do planejamento e otimização de novos investimentos, entre suas incontáveis vantagens. Os pesquisadores da academia costumam engatar seus projetos na ausência de fontes confiáveis e organizadas da informação. Essa base de dados – que deve alcançar a roda efetiva e potencial da economia, tanto na indústria, como nos demais setores da economia, – e que, portanto, não se esgota na leitura da atividade produtiva da Zona Franca e de suas cadeias produtivas – é o fio de uma nova meada. Do contrario é caminhar às cegas e perder a oportunidade de dominar o conhecimento de nós mesmos, de maneira holística, interdisciplinar, regional e continental na perspectiva da integração do polo industrial e atividades afins com a economia nacional e global.

Redução das desigualdades


Há experiências bem sucedidas em todos os quadrantes globais. Todos os países do Continente que ousaram semear neste solo fértil do saber colheram preciosos frutos. A redução das desigualdades entre o Norte e o Sudeste do país passa por essa consideração. Pensar na criação de um Instituto passa por conhecer a experiência do IBRE, o Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas, e outros institutos, por exemplo, da Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo, cuja direção acaba de autorizar a parceria com a Universidade do Estado do Amazonas para a realização de um Programa de Doutorado em Administração, uma lacuna e uma emergência de qualificação entre nós. A academia sem a base da economia é metafísica platônica, que privilegia a sombra em detrimento do mundo real que lhe dá base material e identidade operacional. Do mesmo modo, um setor produtivo que gera economia e que não se enxerga, não é capaz de organizar e parametrizar sua rotina. Sem o suporte do saber acadêmico, produzir passa a ser uma atividade sem norte, sem vigor, nem possibilidade de projeção e crescimento objetivo, substantivo e perene.
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Esta Coluna é publicada às quartas, quintas e sextas-feiras, de responsabilidade do CIEAM. Editor responsável: Alfredo MR Lopes. cieam@cieam.com.br

Publicado no Jornal do Commercio do dia 11.12.2014

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