13/10/2023 13:24
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As empresas de cabotagem vinham pedindo há alguns meses a seus clientes com produção na Zona Franca de Manaus para que antecipassem as programações de envios por conta do período de seca.
As dificuldades com o transporte marítimo pelo Canal do Panamá reforçaram preocupações com o que poderia acontecer no Brasil durante a estiagem. A administração do terminal portuário precisou limitar a altura das embarcações e as companhias de logística passaram a cobrar sobretaxas nos serviços.
No Brasil, a expectativa era de que o tradicional período de estiagem na região Norte se acentuasse em outubro, mas neste ano a seca foi mais severa e os sinais de problema apareceram mais cedo.
A associação dos armadores de cabotagem projeta que metade de tudo que seria movimentado pela região deixará de ser transportado. No ano passado, a redução média foi de 40%.
A Abac (Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem) já trabalha com a possibilidade de a navegação no rio Amazonas ser suspensa por segurança.
Segundo o Porto de Manaus, o nível da água do rio Negro estava em 14,17 metros na quarta-feira (11). A mínima histórica foi registrada em 24 de outubro de 2010, quando o nível chegou a 13,63 metros.
Segundo a Abac, os produtos mais afetados pela redução na circulação de embarcações são alimentos (arroz, congelados e resfriados), cimento, metais, cerâmica, porcelanato e fertilizantes.
Estão na associação Mercosul, Aliança e Log-In. Ao menos desde setembro clientes da Aliança, do mesmo grupo da Maersk, vinham sendo convocados a calibrar suas programações para os meses finais do ano, pois as embarcações precisavam estar mais leves ao deixar Manaus.
Karin Schönner, presidente da Maersk para a Costa Leste da América do Sul, disse à Folha em setembro que a companhia já registrava navios com "bem menos capacidade do que a gente tinha antes, porque você não pode colocar tanto peso, senão ele desce muito".
A situação na região levou o governo federal a criar uma sala de situação com diversos ministérios. Além do vice-presidente Geraldo Alckmin, Alexandre Silveira (Minas e Energia) e José Múcio Monteiro (Defesa), e o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, estiveram em Manaus.
Há preocupações com abastecimento de combustíveis e de GLP, o gás de botijão, além de alimentos e insumos básicos. Mais de 20 cidades estão com decreto de situação de emergência.
Com Diego Felix
Fonte: Folha de S. Paulo