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Programa destina incentivos de empresas do Polo Industrial a novos negócios

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12/06/2023 08:21

Com a entrega do relatório sobre a Reforma Tributária à Câmara dos Deputados nesta semana, a discussão sobre complementos ou alternativas à Zona Franca de Manaus (ZFM) voltou à tona. Isso porque, no documento produzido pelo grupo de trabalho que analisou o tema, a manutenção da ZFM é citada como essencial para a região Norte, enquanto se avança "na construção de um novo modelo".

Economistas discordam sobre se novas atividades possuem força suficiente para substituir por completo o Polo Industrial de Manaus, mas fato é que já existem negócios em andamento. Aliás, há exemplos que estão sendo impulsionados justamente por financiamento de empresas da ZFM.

Fundada em 2020, a Da Cruz Destilados é a criadora do Eurydice, o primeiro gin artesanal produzido 100% no Amazonas. No ano passado, a produtora de bebidas se candidatou e foi selecionada para receber incentivos para diversificação do catálogo por meio do Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio), que já apoia 15 cadeias produtivas de atividades ligadas à bioeconomia, no Amazonas.

O projeto criado pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) capta investimentos de empresas do Polo Industrial e destina a negócios ligados à bioeconomia. A transferência é baseada na obrigatoriedade de empresas que recebem incentivos fiscais da ZFM de investirem em Pesquisa & Desenvolvimento na região, conforme a Lei de Informática.

Incentivo

"É essencial esse tipo de apoio. Somos uma indústria de substituição, ou seja, as pessoas já utilizam esses produtos, as bebidas. Concorremos com multinacionais com dinheiro em bolsas, é desproporcional, então, sem incentivo, seria difícil conseguir se consolidar", afirma o economista e fundador da empresa, Daniel Cruz.

Com os incentivos por meio do PPBio, conta ele, o objetivo é diversificar o catálogo da companhia. Além do carro-chefe, o gin Eurydice, devem entrar no catálogo vodka, bebidas alcóolicas mistas, pré-mix para coquetéis e outros itens ainda em processo de licenciamento.

"No caso do Eurydice, do nosso custo para produção, 85% é gasto aqui na região. Substituimos várias matérias-primas tradicionais do gin, como o álcool de cereal, que é importado, pelo mesmo álcool utilizado para fazer xarope de guaraná, que é produzido em Maués, em Presidente Figueiredo", comenta o empresário.

O mesmo acontece com as laranjas e limões, utilizados para dar um gosto cítrico à bebida. "A gente vai na Banca da Japonesa, no Mercado Adolpho Lisboa, e compra ervas aromáticas e assim produzimos o nosso gin", conta.

O objetivo maior, ressalta Daniel, é criar uma cultura de consumo de bebidas produzidas na região, fortalecendo não somente o mercado, mas também enaltecendo recursos naturais da Amazônia.

"Ainda vemos que acontecem coisas bizarras, como um turista vir para cá, comer uma banda de tambaqui, mas tomar um vinho chileno ou um coquetel com whisky do Tenessi, porque nosso mercado é totalmente importado", comenta.

Mais de R$ 84 milhões já investidos

Instituído em 2019 pela Suframa, o Programa Prioritário de Bioeconomia (PPBio) já foi o intermediário para mais de R$ 84 milhões investidos em bioeconomia. O projeto é coordenado pelo Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam). Quem explica é o gestor do programa, Paulo Simonetti.

“A Suframa concede incentivos para as indústrias que estão aqui. Por sua vez, essas empresas têm várias contrapartidas. Uma delas, é que precisam investir parte do faturamento anual em Pesquisa & Desenvolvimento. Elas têm uma lista de onde podem investir, e uma das opções é o PPBio”, afirma.

Atualmente, estão sendo executados 24 projetos por meio do programa. Além disso, outros 14 já foram finalizados e há ainda mais de 400 cadastrados.

“A pessoa interessada em receber um recurso pode entrar em contato conosco. Se cumprir os requisitos, ajudamos a formular um projeto e eu vou pessoalmente às indústrias, bater de porta em porta para apresentar os projetos de acordo com a demanda dos investidores”, explica Simonetti.

Conforme os projetos atualmente disponíveis para investimento no site do PPBio, os aportes vão desde R$ 500 mil a R$ 3 milhões. Os negócios variam de produtos amazônicos a projetos de turismo.

'Como a gente pode destravar isso?'

Para a diretora-executiva do Idesam, Paola Bleicker, além dos incentivos, uma das maneiras de oferecer suporte a projetos ligados à bioeconomia é consumir mais produtos com origem certificada da região.

“Muita gente pergunta ‘o que posso fazer pela Amazônia?’ e podemos começar por ações simples, como o consumo. Por que não pensar um consumo que leve em consideração um produto da região com valor agregado?”, comenta.

O Idesam é a organização social que coordena o PPBio. Para Bleicker, a bioeconomia é o caminho para manter a floresta em pé e gerar renda para toda a cadeia do produto.

“O Idesam já é pioneiro nisso há 20 anos, no Amazonas. A gente sempre tem esse propósito de pensar numa economia de base inclusiva, sustentável, sabendo que a floresta vale muito mais a pena em pé do que derrubada”, pontua.

Fonte: A Crítica

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