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Prevenção para reduzir prejuízos

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04/04/2024 11:34

Por Marco Dassori

O PIM se prepara para uma estiagem igual ou até mais severa do que a vazante histórica de 2023. Assim como foi feito no ano passado, a Comissão Cieam de Logística está ouvindo todos os atores envolvidos, para evitar que o Polo Industrial de Manaus volte a sofrer perdas decorrentes de nós logísticos que travem sua recepção de insumos e que impeçam as fábricas de desovar seus produtos. Nesta terça (2), o Centro da Indústria do Estado do Amazonas reuniu representantes das empresas do segmento logístico que atendem a indústria incentivada, para tratar de possíveis soluções para o problema.

Durante o encontro, foram apresentados estudos para entender o fenômeno das vazantes nos pontos críticos da hidrovia do Amazonas, e propor soluções para empresas e governos, com medição de riscos das operações logísticas. O consenso é que os caminhos tentados até aqui foram paliativos e a abertura de um edital para concessão do rio Madeira, prevista para dezembro, deve vir acompanhada de outras alternativas. A principal preocupação, por outro lado, é que os serviços de dragagem, previstos para 1º de maio, foram adiados pelo governo federal para setembro – já em pleno período de estiagem.

Os gastos com transportes hidroviários no Amazonas oscilam entre 3% a 7% do PIB local, entre R$ 4,8 bilhões e R$ 11,2 bilhões por ano. O Produto Interno Bruto do Amazonas foi de R$ 160,2 bilhões no ano passado, representando um crescimento de 6,53% sobre 2022. “De acordo com os nossos estudos, o ideal é que o custo com esse logística seja a metade desse valor para manter a competitividade da Zona Franca de Manaus”, apontou o coordenador da Comissão Cieam de Logística, Augusto Rocha Barreto.

“Bala de prata”

O CEO da Norcoast Logística, Gustavo Paschoa, que está a frente de uma empresa que entrou no mercado logístico o Amazonas neste ano, garantiu que não há uma bala de prata para resolver a questão. “Antes de a gente escolher uma solução definitiva, precisamos entender com profundidade quais as alternativas tecnológicas que temos hoje para resolver esse problema. Pode até ser a dragagem. No meu entendimento, não há uma única solução, mas um conjunto de soluções que se somem a isso”, avaliou, ressaltando que a seca produz um impacto social relevante para o Estado.

O executivo lembra também que as soluções postas na mesa produzem impactos significativos. “Todas as alternativas levam em conta um ‘transbordo de carga’, de navios para balsas ou barcaças [que trazem as mercadorias a Manaus”. Isso tem dois impactos muito grandes para a gente, que são a produtividade e o custo. Quando a gente olha essas alternativas, e [a baldeação para] Itacoatiara é uma delas, temos de ver o quanto isso vai custar para os nossos clientes e para o consumidor”, explicou, acrescentando que a navegação deve ser levada em conta como uma alternativa competitiva e sustentável.

O gerente regional da Aliança Navegação e Logística, Erick Lourenço, concorda e disse que o ano passado foi o primeiro ano de seca atípica. “Esperamos que seja o último, mas não dá para ter certeza. As projeções são para ter atenção. No ano passado, também utilizamos barcaças, movimentando 3.000 contêineres nos dois sentidos entre Vila do Conde e Manaus. Não existe uma única solução, porque ela não comporta o volume de Manaus. Estamos buscando alternativas e aumento de capacidade para minimizar os impactos e as datas estão sendo trabalhadas. Precisamos buscar soluções efetivas, que passam por discussões com os órgãos”, recomendou.

A coordenadora regional da Log-In Logística Intermodal S/A, Débora Queiroz, assinala que a baldeação das cargas pelo porto de Vila do Conde (Barcarena/PA) está longe de ser uma solução ideal. “Operamos 2.000 contêineres, em 2023. A gente teve custos absorvidos pela empresa e não repassados à indústria. Algo em torno de mais de R$ 500 mil. Isso serviu de lição e aprendizado. Trabalhamos em uma estratégia diferente e efetiva, que garanta nosso compromisso com a indústria, o Amazonas e Roraima”, resumiu.

“Trabalho paliativo”

Augusto Rocha Barreto diz que uma “solução perene” para a questão requer estudos em torno dos pontos mais críticos da hidrovia do Amazonas. O o coordenador da Comissão Cieam de Logística destaca ainda que a falta de investimentos em infraestrutura logística na região é um “problema secular”, que compromete a competitividade do PIM. Para ele, a concessão do rio Madeira, deve ser acompanhada de outras soluções, como portos no interior do Estado e um volume de leito de calado nas hidrovias que garanta a navegabilidade de embarcações de grande porte.

“O que fizemos no evento de hoje foi juntar os passos dos armadores. Nesta quinta [4], teremos um outro evento com o governo. É muito difícil endereçar uma solução para um problema sistêmico, porque cada um tende a olhar para um pedaço, levando em conta seu problema, de custo, de tempo. E ninguém olha o problema como um todo. A crise só não foi mais severa em 2023, porque tivemos uma reunião parecida”, justificou, destacando que a indústria teve mais de R$ 1 bilhão em “custos excessivos” decorrentes da seca recorde.

Durante a coletiva pós-evento, o secretário executivo da Sedecti (Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação), Gustavo Igrejas, frisou que os serviços de dragagem são responsabilidade do governo federal e que seu início foi garantido para 1º de maio, pelo vice-presidente da República e titular do Mdic, Geraldo Alckmin. “O governo do Estado está monitorando essa situação para que os serviços sejam realizados o mais rápido possível. O ideal é que a dragagem comece antes de junho. Se tivermos um adiamento muito grande, o trabalho vai ser paliativo, como em 2023”, alertou.

Gustavo Igrejas considera importante a abertura de uma concessão para a hidrovia do rio Madeira, mas argumenta que o Estado deve buscar o mesmo para o rio Amazonas – com participação estadual. Ele informou que representantes do governo estadual estiveram em Brasília, nesta terça (2), para falar sobre o assunto, mas não soube fornecer maiores detalhes. “Espero que as previsões que as previsões [de uma seca mais rigorosa] não se concretizem. É muito importante fazer a dragagem com muita antecedência, para que não tenhamos paralisações como a do ano passado, quando ficamos 70 dias sem receber insumos e sem poder desovar nossos produtos finais”, finalizou.

Representantes dos governos serão ouvidos hoje

O Cieam vai promover uma nova reunião para debater o tema com representantes dos governos, nesta quinta (4). O diretor presidente da SNPH (Superintendência Estadual de Navegação, Portos e Hidrovias), Jorge Barroso, vai falar sobre “a visão da SNPH sobre a potencial seca de 2024”. O capitão de mar e guerra da CFAOC (Capitania Fluvial da Amazônia Ocidental), André Lysâneas Teixeira Carvalhaes, vai refletir sobre as “Possibilidades e limitações da Marinha frente ao cenário de estiagem”. O diretor de infraestrutura aquaviária do Dnit (National Department of Transport Infrastructure), e Erick Moura, deve participar por videoconferência, para tratar das “ações da Diretoria de Infraestrutura Aquaviária do DNIT para enfrentamento da possível estiagem de 2024”.

Fonte: JCAM



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