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‘Precisamos negociar com a indústria local’

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19/04/2024 11:32

EMILE DE SOUZA

economia@acritica.com

Durante seminário no Comando Militar da Amazônia (CMA), o chefe do Escritório do Sistema de Defesa, Indústria e Academia (SisDia) de Florianópolis, o general veterano Adhemar, ressaltou a possibilidade do Polo Industrial de Manaus (PIM) produzir equipamentos que são utilizados pelo Exército Brasileiro.

O militar citou a experiência dele em Santa Catarina como exemplo do que pode ser feito em Manaus. Relatou que a produção de itens de defesa antes importados foi alavancada a partir da prospecção de negócios, da divulgação das demandas do setor militar em encontros semelhantes ao que foi realizado no CMA.

“Produtos têxteis, me interessa. Produtos de saúde? Me interessa. Produtos alimentícios e produtos que uniformizam o Exército. Foi assim que criamos uma aproximação com a indústria em Santa Catarina, pensando que isso tudo poderia ser feito mais perto e alimentando o mercado local. Santa Catarina é um Estado pequenininho. Tinha uma empresa lá, que era responsável por exportar o coturno para o Exército americano, mas ninguém sabia, até a gente fazer isso. Tem que aproveitar o que as empresas daqui têm a oferecer”, disse.

Ele ressaltou que o histórico de vendas das empresas de Santa Catarina no segmento de defesa saltou de R$ 325,1 milhões em 2019 (quando os simpósios do Exército começaram), para R$ 473,1 milhões em 2023, segundo dados do Portal da Transparência de 2023 apresentado pelo oficial. O aumento nas compras ocorreu, segundo ele, após os seminários realizados para apresentar a empresários as demandas do Exército.

NACIONALIZAÇÃO

O general ressaltou que produzir novas tecnologias é importante, mas que nacionalizar, produzir itens básicos no próprio território, é o principal motivo das reuniões para prospecção de produtos e tecnologias, alinhados por meio de visitas e reuniões com as empresas.

“O que o Exército brasileiro precisa no momento é nacionalizar os produtos. Precisamos negociar com a indústria local, claro que é preciso de drone, de novidades, mas precisamos nacionalizar. Precisamos de pessoas capacitadas para consertar os computadores tecnológicos que já existem. Precisamos mostrar os produtos que importamos para o empresariado daqui, para que seja nacionalizado, porque não adianta inovar e inovar, se o que já temos às vezes fica parado, por falta de nacionalização, de capacitação para conserto e produção”.

Disse que é importante, ao empresariado local, conhecer de que forma são feitas as compras para o governo federal, especificamente no tocante às Forças Armadas.

“Muitos empresários locais não conhecem o Sicaf, Sistema de Cadastramento Unificado de Fornecedores e Comprasnet, o portal de compras do governo federal, sem conhecer e ter cadastro nisso, não é possível negociar com o governo, seja estadual ou federal”, disse o general.

No seminário foi apresentado interesse em serviços de Startups cujos produtos são voltados para a área de defesa, área metalúrgica, mecânica, alimentos, têxteis e tecnologia. Além disso, também foi divulgado que 30% dos alimentos adquiridos pelos militares devem ser da agricultura familiar e que no Amazonas esses eventos (seminários) podem se aproximar dessa área e encontrar bons fornecedores e bons produtos.

“Itens como mochilas de grande capacidade, drones, uniformes, tecnologia quântica, que ainda é uma defasagem, são essenciais para o Exército e por meio desses cadastros podemos começar a negociar com os empresários da região para produzi-los”, ressaltou o general.

VESTIMENTAS

Empresários presentes no encontro disseram que o Exército além de poder contribuir no aumento da demanda de produção, pode fortalecer a manutenção da Zona Franca de Manaus (ZFM).

Presidente da empresa Bicho da Seda (BDS), Luiz Augusto Barreto avaliou que realizar essa aproximação entre o setor produtivo e os militares reforça a mão de obra interna.

“A BDS foi a primeira empresa estratégica de defesa no segmento têxtil de confecção do Brasil. Nós já fornecemos, desenvolvemos, já fizemos mais de 800 reuniões com as Forças Armadas. Desenvolvemos os produtos que possibilitaram a última mudança de padrão de uniforme no Exército Brasileiro e tem sido assim muito importante para o nosso país porque isso substitui importação e para a indústria amazonense também, para as costureiras e a mão de obra amazonense que é uma mão de obra esplêndida que tem feito um produto de classe mundial”, disse Barreto.

Barco voador foi um dos itens expostos

No evento, foi exposto uma maquete de um barco voador, que pode ser utilizado como uma alternativa de transporte na região amazônica. O co-fundador e diretor do projeto, Túlio Condé Duarte, informou que as negociações com o Exército já estão em andamento.

“Ele foi construído, concebido com foco na Amazônia, com o propósito de chegar à logística na Amazônia. Hoje os meus dois sócios são alunos oriundos da UEA aqui da Amazônia, fizeram mestrado no ITA e hoje estão fazendo doutorado no ITA, desenvolvendo essa tecnologia, que é uma tecnologia nova e tem o potencial de revolucionar o transporte na região, tendo um veículo que é três vezes mais rápido do que a lancha jato, que é a lancha mais rápida que tem na região, com custo operacional muito próximo. Então apesar dele parecer um avião, mas na verdade ele é um barco que voa”.

O empresário disse que o equipamento foi pensado para as características da região. “Já tem mais ou menos um ano que a gente está conversando e negociando junto ao Exército, inclusive buscando entender as demandas e necessidades para adaptar para logísticas nas regiões. O Exército tem uma operação muito grande dentro das regiões de fronteira, que tem muitos rios, inclusive alguns rios com subida, com cachoeiras, com obstáculos, e esse é um veículo ideal para passar por esses obstáculos e atender essas demandas nessas comunidades mais longes”, informou Condé.

Seminário pode ampliar o mercado

O presidente do Conselho Superior do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Luiz Augusto Barreto, destaca que o simpósio amplia a possibilidade do mercado amazonense com produções para o exército brasileiro.

“Quero primeiro destacar a importância desse evento que traz para as indústrias do Amazonas as oportunidades da base industrial e defesa e, principalmente, as demandas que existem das Forças Armadas no Brasil. Nenhuma empresa tem 400 mil empregados, mas as Forças Armadas brasileiras têm 400 mil usuários de produtos que se alimentam, que usam uniformes, que compram eletrodomésticos, que compram viaturas, que compram munição. E a indústria brasileira participar dessas demandas é um marco de crescimento”, comentou.

O representante da Suframa no evento, Adamilton Mourão, informou que o PIM conta com mais de 500 empresas e que a autarquia está disponível para empresas que desejam enviar projetos para desenvolver a Zona Franca.

“Hoje nós temos mais de 500 empresas. Um protótipo desse, como um equipamento desse (barco que voa), ia gerar mais empregos, de alta qualidade inclusive. A Suframa apenas aprova os projetos que estão dentro dos parâmetros, principalmente dentro do processo produtivo básico. Se essa empresa atender todos esses parâmetros, dos benefícios fiscais, e quem ganha não só a região como o próprio Estado que arrecada também com a fabricação desses produtos aqui”, disse Mourão.

Frase

“Precisamos mostrar os produtos que importamos para o empresariado daqui, para que seja nacionalizado, porque não adianta inovar e inovar, se o que já temos às vezes fica parado, por falta de nacionalização”

General veterano Adhemar

Chefe do Escritório do Sistema de Defesa, Indústria e Academia, de Florianópolis

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