03/07/2025 07:55
Por Lucas dos Santos
economia@acritica.com
Mesmo sem a previsão de uma vazante recorde, empresariado mantém estrutura de portos provisórios
Os donos dos portos privados Chibatão e SuperTerminais e representantes de agências do governo federal já estão se antecipando para o período de estiagem que se avizinha neste semestre. Com o fim da cheia nas primeiras semanas de julho, as lideranças se reuniram na 12ª Reunião da Comissão de Logística do Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (Cieam) na noite desta terça-feira para manter os associados informados.
O diretor-executivo do Grupo Chibatão, que opera um dos principais terminais portuários do estado, afirmou que mesmo sem saber qual será o nível da estiagem em 2025, a empresa já se antecipou e manteve apostas as estruturas do porto provisório instalado em Itacoatiara no ano passado, ano da seca mais severa da história do Amazonas, relembrando a operação em 2024.
“Essa operação do porto Chibatão veio para trazer para Manaus e sair também com carga, com praticamente quase 99% de tudo que o polo industrial produziu. No total, a gente operou 35 navios em Itacoatiara. Foram quase 59 mil contêineres movimentados. Essa movimentação tentou garantir que não faltasse matéria-prima para a indústria e para o comércio”, disse.
Com a operação sendo eficiente e cumprindo os objetivos principais – como evitar a paralisação das fábricas do Polo Industrial de Manaus (PIM) – Jhony Fidelis anunciou que o módulo que funcionou em Itacoatiara está pronto e preparado para navegar caso seja necessário. Apesar do elevado nível do rio Negro e do rio Solimões, que já estão unificados como rio Amazonas no município, o Grupo Chibatão trabalha com o pior dos cenários para se precaver. Nesse pior cenário, as áreas da Enseada de Madeira e Costa do Tabocal ficariam com apenas 8,5 a 9 metros de profundidade.
“Qual a nossa operação de alívio? Simplesmente atracar o navio em Itacoatiara, descarregar parte dos contêineres para a balsa, a balsa vir para Manaus e, posteriormente, o navio também conseguir navegar em Manaus. De forma resumida, esse é o planejamento do Porto Chibatão”, explicou.
O processo para o funcionamento do porto provisório no município já está feito junto à Marinha do Brasil e a Receita Federal, restando apenas a autorização do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), a qual deverá sair nas próximas semanas.
O diretor-geral da SuperTerminais, Marcelo di Gregorio, também destacou a operação da empresa durante a seca de 2024. O operador privado também instalou um píer provisório em Itacoatiara que foi visitado por A CRÍTICA. Em menos de um mês, a unidade já havia movimentado 4,1 mil contêineres contendo 80 mil toneladas de produtos.
Saiba mais
> Cheia chega ao fim
Nesta quarta-feira, o rio Negro estacionou nos 29,02 metros pelo segundo dia seguido. De acordo com o Serviço Geológico do Brasil, a tendência é manter a estabilidade. No Solimões, que influencia o rio Negro em Manaus, já há descidas diárias de 4 centímetros em Tabatinga e de 1,5 centímetros em Fonte Boa. No rio Amazonas em Itacoatiara e Parintins, há descida. Mais abaixo, nas cidades paraenses de Óbidos e Santarém, o nível entrou em estabilidade.
Dnit diz que dragagem está contratada
O diretor de infraestrutura aquaviária substituto Edme Tavares, do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), destacou a dificuldade logística e os desafios ambientais para licenciamento na região Amazônica. Ainda assim, as dragagens previstas pelo governo federal já estão contratadas.
“Aqui eu incluo o [rio] Madeira, porque ele entra na questão de uma etapa até Manicoré e está sob gestão da nossa superintendência no Amazonas. Então você vê que são investimentos na ordem de R$ 138 milhões, foi uma contratação feita por quatro anos. A gente está na última campanha agora, fizemos um aditivo assinado há 15 dias e já está em andamento também uma nova contratação”, disse.
Segundo Tavares, também há contratações nos trechos da travessia do rio Madeira, nas proximidades da rodovia Transamazônica, para um prazo de 60 meses, com investimento de R$ 9,7 milhões. No trecho entre os municípios amazonenses de Benjamin Constant e São Paulo de Olivença, está contratada a dragagem de um trajeto de 214 quilômetros a R$ 84,2 milhões.
“A gente já está trabalhando na elaboração desses planos de dragagem que a gente tem contratado”, disse o diretor.
Matéria publicada no jornal Acrítica em 03/07/2025