16/01/2024 09:55
Polo Industrial importou R$ 1 bilhão a menos em insumos na seca histórica
A quarta edição do Painel Econômico do Amazonas (PEA), levantamento realizado pelo Centro das Indústrias do Estado do Amazonas (CIEAM), aponta que as indústrias do Amazonas deixaram de importar R$ 1 bilhão em insumos, entre outubro e novembro de 2023, período em que a seca extrema castigava o estado. A comparação é com o mês anterior, setembro. O cenário afetou a arrecadação do Amazonas, que recolheu R$ 253 milhões a menos em ICMS no período.
A redução nas importações foi de, aproximadamente, 82% em relação ao previsto antes da seca. No entanto, os volumes de produção não foram afetados na mesma proporção. “Isso demonstra que as empresas usufruíram do estoque de insumos acumulado até o final de setembro”, destaca Luiz Barreto Rocha, presidente do Conselho Superior do CIEAM.
A interrupção da navegação de grande porte gerou reduções na arrecadação tributária do estado. “As perdas acumuladas na arrecadação de ICMS de outubro e novembro foram de R$ 253 milhões, se usarmos como referência o volume arrecadado em setembro. Já as perdas acumuladas na arrecadação de Imposto de Importação foram de R$ 23 milhões no mesmo período. No entanto, acreditamos que parte dessas perdas serão revertidas nos meses seguintes”, ressalta o presidente do CIEAM.
Empregos
Apesar dos prejuízos, o mesmo relatório do Cieam aponta que o nível de empregos formais tem crescido no estado. A expectativa é que atinja meio milhão de empregos formais no próximo relatório, que trará os dados até dezembro de 2023. Se acontecer, será um recorde para o estado, avalia a entidade.
De acordo com dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), realizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego, o estado do Amazonas fechou outubro de 2023 com um total de 497.210 empregos formais, uma elevação de 3,7% sobre outubro de 2022. Esse volume representa um crescimento de quase 3.000 novas vagas em comparação com setembro (494.477 empregos). Em janeiro de 2023, o total de empregos formais no estado chegava a 473.000. Entre janeiro e outubro, portanto, a ampliação dos postos de trabalho foi de 5,1%.
Esse bom desempenho ocorreu em todas as áreas, mas o setor que mais contribuiu com a alta foi o de Serviços. “O resultado demonstra que os impactos gerados pela Grande Seca sobre a atividade industrial, iniciada em outubro, não afetou os empregos formais. Só na Indústria de Transformação foram criados cerca de 500 postos de trabalhos em outubro”, explica Luiz Barreto Rocha, presidente do Conselho Superior do CIEAM.
Produção industrial
A atividade econômica do Polo Industrial de Manaus (PIM), em geral, apresentou queda de 0,87% em outubro quando comparada ao mês anterior. Esse desempenho mensal negativo foi concentrado nos setores de Indústria (queda de 0,3% em relação a setembro) e Serviços (redução de 3,2% sobre o mês anterior). Na comparação com outubro de 2022, a retração foi ainda maior: 5,69% e 4,51%, respectivamente. Por outro lado, o setor de Comércio apresentou em outubro um crescimento de 4,14% sobre setembro e de 2,26% em relação a outubro de 2022.
“Entendemos que esta queda de 5,69% na comparação anual é a expressão dos impactos do primeiro mês da Grande Seca na atividade industrial da região. A indústria reduziu a produção diante da falta de insumos e dificuldade para escoar os produtos finais”, avalia Rocha. “O setor de Serviços provavelmente sofreu os impactos da Seca devido à menor movimentação nos portos. Já o Comércio prossegue usufruindo das quedas da inflação e das taxas de juros, e sucessivos recordes no nível de empregos formais no Amazonas”, acrescenta o presidente do CIEAM.
É interessante observar a queda ainda mais acentuada, de 6,68% (na comparação com outubro de 2022), ocorrida entre as indústrias extrativistas – justamente uma área menos dependente da navegação de grande porte para adquirir seus insumos. Outros setores que apresentaram uma redução forte no mês foram: Equipamentos de Informática (- 3%) e Aparelhos e materiais elétricos (- 6%). “O setor de Equipamentos de Informática segue sofrendo devido à redução no volume dos programas de transferência de renda que impulsionaram a demanda em 2022”, aposta Luiz Barreto.
Fonte: A Crítica