10/01/2024 20:19
Da Revista Cenarium Amazônia*
MANAUS (AM) – O desenvolvimento de bioprodutos a partir do encapsulamento de metabólitos bioativos produzidos por plantas e fungos amazônicos em nanomateriais está sendo estudado com apoio do Governo do Amazonas, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), via Programa de Apoio à Consolidação das Instituições Estaduais de Ensino e/ou Pesquisa (Pró-Estado).
O estudo em andamento intitulado “Consolidação da Amnano (Rede Amazonas de Laboratórios Multiusuários em Nanotecnologia) no desenvolvimento de bioprodutos, a partir do nanoencapsulamento de metabólitos produzidos por plantas e fungos amazônicos”, realizado pela doutora em Química, Patrícia Melchionna Albuquerque, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), colabora para o aproveitamento dos recursos naturais da região amazônica.
Durante os testes, foram obtidos óleos essenciais e extratos em diferentes solventes (metabólitos de plantas) e extratos preparados a partir do cultivo do microrganismo (metabólitos de fungos amazônicos), sendo detentores de atividades biológicas de interesse, tais como: antioxidante, fotoprotetora, antimicrobiana e citotóxica.
“O desenvolvimento deste projeto sinaliza para o aproveitamento dos recursos naturais da região amazônica, agregado ao potencial da nanotecnologia, primando pelo desenvolvimento científico com bases para a sustentabilidade e consequente desenvolvimento da bioeconomia no Estado do Amazonas”, disse Patrícia Melchionna.
A Rede Amnano conta com laboratórios de cinco instituições do Amazonas: UEA, Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e Instituto Senai de Inovação (ISI). Ela também integra o Sistema Nacional de Laboratórios em Nanotecnologias (Sisnano), que é ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Realização da pesquisa
Melchionna explica que o processo de seleção das plantas amazônicas se dá por seu uso medicinal e das produtoras de óleos essenciais e por suas atividades biológicas. Os fungos escolhidos são todos endofíticos, ou seja, vivem dentro das plantas e já foram utilizados em estudos anteriores, sendo produtores de substâncias bioativas.
“De posse dos extratos (fungos e plantas) e dos óleos essenciais, procedeu-se com as análises de atividade antioxidante, fotoprotetora, citotóxica e antimicrobiana. As amostras que se mostraram mais ativas foram selecionadas para serem nanoencapsuladas”, afirmou.
Após os bioprodutos serem nanoencapsulados, foram realizadas a caracterização e determinação da atividade biológica, liberação controlada e estabilidade. Em seguida, estabeleceu-se a concentração desses ativos para a formulação de produtos cosméticos, em especial, emulsões fotoprotetoras.
“Até o momento, foram desenvolvidos dois bioprodutos nanoencapsulados: o extrato da semente do guaraná (Paulinia cupana) e o óleo essencial de pau rosa (Aniba rosaeodora)”, disse.
Apoio da Fapeam
A pesquisadora destacou o apoio da Fapeam na consolidação dos grupos de pesquisa da UEA, do Ifam e da Ufam, envolvidos no projeto. Além da importância da fundação no desenvolvimento dos bioativos amazônicos, que poderão ser utilizados em diferentes produtos para a indústria cosmética, alimentícia e farmacológica, por exemplo.
Programa Pró-Estado
O programa visa fortalecer e incentivar o desenvolvimento de iniciativas que ampliem a formação de recursos humanos em nível de pós-graduação stricto sensu e consiste em apoiar, com recursos financeiros, ações de formação de recursos humanos e melhoria da infraestrutura de pesquisa de instituições vinculadas ao Governo do Amazonas para o desenvolvimento e utilização de conhecimento científico e inovação tecnológica no âmbito das instituições estaduais de ensino superior.