20/07/2023 13:23
Por José Seráfico
Afinal, encontro uma voz serena e sensata, na abordagem da reforma tributária e o que ela tem a ver conosco - os que aqui nasceram e os que, ádvenas apenas, transferiram-se para cá. Com malas, cuias e o desejo de juntar-se aos irmãos amazonenses em suas lutas legítimas e irrenunciáveis.
Refiro-me ao artigo inserto na edição de terça-feira d' A Crítica (página 2a), escrito por Augusto César Barreto Rocha. Diretor-Adjunto da FIEAM, o autor é também professor do Departamento de Administração da UFAM.
Pelo conteúdo de seu texto, Augusto Rocha merece a atenção raramente dispensada aos que veem os incentivos da ZFM (ou PIM, se o preferirem) não apenas como fonte de enriquecimento privado. Daí a pertinência e oportunidade do comentário de Augusto César, voltado para o futuro, e sem o costumeiro lamento acompanhado do pedido de prorrogação do prazo de vigência dos incentivos.
Não tem sido outra a postura dos m aiores beneficiários da política econôm ica da Am azônia Ocidental, com o se viu nos últim os 56 anos da História. A tal ponto, que o atual governador disse - sem interm ediários - de seu desin teresse pela formulação de novas políticas, inclusive as que levam do potencial à efetividade as riquezas naturais. Não obstante, elas estão aí, nas florestas, no subsolo e na extensíssima rede hidrográfica, por enquanto motivo apenas de fútil ufanismo. Se fosse resumir o que escreveu o professor da UFAM, eu diria ser marcante na sua análise a preocupação com o futuro, sem negligenciar a história e as rep ercu ssões que ela traz sobre o presente. Por isso, não há com o discordar da observação do articu lista: por enquanto, foi vencida uma batalha; a guerra continua posta.
A conjuntura internacional e os problemas regionais recom endam abandonar as velhas concepções e as práticas que lhes correspondem, de que a reiteração do clamor pela prorrogação de incentivos é contundente exemplo. Região diferente, onde extraordinário potencial de recu rsos naturais se localiza, a Amazônia, geográfica, física e social, exige em igual proporção, criatividade e com prom isso com o processo de transform ação - a um só tempo n ecessário e urgente. Que outros estudiosos ponham seu s olhos no am anhã e se façam credores do respeito de seu s irm ãos, não dos favores dos quem andam.
A maturidade de uma sociedade, tanto quanto dos indivíduos, revela-se sobretudo na sua forma de con ceber o outro. Num caso, as outras nações de cujo concerto participa; n’outro, a qualidade do com prom isso assum ido individualm ente com o aperfeiçoam ento da própria sociedade. Em linguagem m enos elaborada, a contem plação do outro não a partir de seu s próprios in teresses, m as daqueles que correspondem ao que cham am os sociedade. É isso que orienta a m anifestação do nosso colega da Universidade, como tão claro é deixado nas palavras que este m esm o jornal (e neste exato espaço, tam bém ) publicou em sua edição de 18 deste m ês. Não precisa ser profeta, nem se r dotado de poderes adivinhatórios, para suspeitar de como será o futuro. Basta despir-se de interesses menores e de fazer de sua inteligência base da análise e das propostas dela decorrentes, para repetir a conduta do professor Augusto Cesar. E ele soube fazê-lo como poucos. Que outros o sigam!
Fonte: Jornal Acrítica