20/07/2023 11:30
Vem aí uma oferta de empregos como não se via desde os tempos da pandemia: o setor industrial prevê a contratação de mais de meio milhão de novos empregados em todo o país nos próximos 24 meses. A previsão é da Confederação Nacional da Indústria.
Serão 540 mil novos contratos de trabalho formal a partir deste segundo semestre, até meados de 2025, assim distribuídos: 265 mil na construção civil; 150 mil em logística e transporte; 103 mil em vestuário; e 17 mil em geração de energia.
As projeções das empresas sobre o ritmo de atividades nos próximos dois anos sugerem a ultrapassagem de um ciclo de deterioração (entre 2014 e a pandemia).
A indústria de transformação, porém, ainda está muito distante de um processo de crescimento dinâmico. Manteve-se estagnada nos últimos 12 meses (até maio). Sem avanço, o resultado acumulado na produção foi nulo (0%) em relação aos 12 meses anteriores.
Nesse cenário, é boa notícia a expectativa empresarial sobre a abertura de mais de meio milhão de vagas — média de 22,5 mil por mês — nos próximos 24 meses.
Não é resultante da mudança de governo, mas de decisões de investimento privado tomadas num período marcado por debilidade no mercado interno, com recorde nas taxas de juros reais, incertezas eleitorais (2022) e, no primeiro semestre, acúmulo de dúvidas sobre a aprovação e a essência de reformas, como a do sistema de tributação. O efeito político, no entanto, pode ser um estímulo ao governo Lula para apresentar o seu anunciado projeto de mudanças estruturais no setor industrial — até agora desconhecido.
A má notícia está na qualidade desses 540 mil novos empregos industriais previstos. Para 95% deles, a oferta é de salário médio entre 1.800 reais e 3.000 reais por mês, com exigências de uma formação prática simples e passível de aquisição em treinamento prático de seis meses a dois anos de duração.
Para trabalho mais qualificado, com remuneração média de 6.600 reais mensais, somente estão previstas 17 mil vagas — média de 708 novos contratos por mês, nos próximos dois anos, numa economia que já se destacou pelo nível de sofisticação na produção industrial no mapa dos países em desenvolvimento.
Fonte: Veja