26/11/2024 09:03
Por Antonio Silva
Presidente da FIEAM
Numa analogia bem regional, comparo a nossa expectativa com relação à rodovia BR 319 a um fogareiro com brasas bem fracas, que a cada momento são avivadas com abanos que provocam fluxos de ar para que elas (as brasas) novamente se tornem chamas. O problema é que quando essas chamas estão ficando fortes os ventos param, porque cessam os abanos e tudo volta à estaca zero.
Foi amplamente divulgada pelos meios de comunicações locais a reunião recente dos parlamentares amazonenses com o presidente Lula, que teria prometido para breve o licenciamento ambiental para o início da total recuperação da BR 319, em especial para a reconstrução e asfaltamento do trecho do meio, o que finalmente possibilitaria dispor de uma alternativa rodoviária que nos integre por estrada ao resto do país.
Quem vive ou conhece a Amazônia Ocidental sabe que essa rodovia federal é vital para a população e para os negócios empresariais, pois por meio dela teríamos uma ligação por terra com Rondônia, numa região de 885 quilômetros, interligando 22 municípios próximos ao rio interfluvio dos rios Madeira e Purus.
A partir de Porto Velho teríamos efetivamente a nossa integração por terra com as demais regiões, com um modal que, se não é o mais econômico em custo de transporte, é estrategicamente uma opção logística que de maneira nenhuma irá substituir os modais mais utilizados atualmente, que continuarão sendo mais competitivos. Não obstante, em caso de necessidade, como ocorreu no período de extrema seca dos rios da nossa bacia e o evento tornará-se a um apoio modal capaz de amenizar os problemas de abastecimento e locomoção desta parte do território tão carente de condições e alternativas viáveis de transporte.
Certamente que a repavimentação da BR 319 deve ser feita de forma responsável, protegendo o meio ambiente (flora e fauna) da floresta amazônica. Por ser um lugar único no mundo em diversidade. Temos que preservar a floresta pelos recursos que possui e que são importantes para todo o planeta. Por isso, defendemos o diálogo entre os interessados, para que seja possível a realização de ações concretas capazes de equilibrar o desenvolvimento econômico sustentável e a preservação do ecossistema. Em suma, medidas que garantam o aproveitamento desta oportunidade efetiva de desenvolvimento econômico sustentável da Amazônia Ocidental, baseando-se na legislação legal e na observância coerente dos interesses maiores da nação brasileira.
Temos que ter a floresta como aliada para manter a preservação das nossas riquezas naturais e conseguir prosperidade econômica. Só desta maneira poderemos lograr êxito para vencer o isolamento e realizar a integração definitiva da Amazônia Ocidental com o resto do país.
Renovamos nossas esperanças e, mais uma vez, acreditamos que o governo federal possa nos auxiliar nas discussões de soluções práticas e viáveis que envolvem peculiaridades geográficas e climáticas, vencendo as questões controversas de infraestrutura e preservação ambiental.
Fonte: Publicado no Jornal Acrítica em 26/11/2024