11/06/2024 09:01
Por Antonio Silva
Presidente da FIEAM
As crises provocadas pelas mudanças climáticas afetam diretamente a economia brasileira, causando perdas na produção agrícola e industrial, com consequências que atingem também o comércio e serviços. O clima pode impactar desde a demanda do consumidor até os custos de produção e logística de transporte.
Foi o que vivenciamos no Amazonas em 2023 e no Rio Grande do Sul este ano. Recente estudo feito por economistas alemães, com dados climáticos dos últimos 40 anos, gerou uma simulação para saber como cada país sofrerá com o aquecimento global, se nada for feito. O Brasil aparece como um dos mais afetados nessa simulação, mostrando que os 27 estados poderão sofrer quedas preocupantes na economia, sendo que as regiões Norte e Centro-Oeste, onde estão os biomas da Amazônia e do Cerrado, deverão sofrer os maiores impactos, com redução da renda média superior a 25%. Não devemos ficar alheios ao alerta, pois já estamos sofrendo os reveses provocados pelas mudanças do clima.
Existem alternativas que têm como objetivo o desenvolvimento sustentável coerente, evitando distorções que possam sufocar ainda mais as empresas, diminuindo empregos, investimentos e impedindo o crescimento dos negócios. Somente com visão de longo prazo teremos possibilidade de criar condições necessárias para vencer essas adversidades e reverter às previsões indesejáveis. O planejamento para enfrentar essas questões deve ser colocado em prática, ao invés de ações fortuitas, imediatistas e isoladas. O problema exige um conjunto amplo de iniciativas para vencer os desafios. Será uma tarefa que exigirá de toda a sociedade muita energia, foco, alianças e parcerias. É chegada a hora de construir um ambiente favorável aos negócios e ao clima.
Um estudo do National Bureau of Economic Research (NBER), publicado em maio deste ano, conclui que os danos econômicos causados pela crise climática são seis vezes piores que o que se estimava anteriormente. Ainda segundo o estudo, o cenário mais crítico da crise no planeta prevê “declínios abruptos na produção, no capital e no consumo que excedem os 50% até o ano 2100”. O documento também estima que para cada 0,5°C de alta da temperatura crescerá a frequência de eventos extremos no clima, ocasionando secas implacáveis e inundações provocadas por chuvas torrenciais, fenômenos que já ocorrem no Brasil.
As mudanças climáticas são influenciadas pelo aquecimento global e o desmatamento, responsáveis pelos eventos climáticos extremos, como secas, enchentes, tempestades e demais transtornos, porém não podem justificar a intocabilidade do meio ambiente, mas sim provocar uma mudança profunda na procura por modelos de gestão que envolva planejamento adequado conciliando economia, ciência e tratamento do meio ambiente.
Nós, da Amazônia e do Cerrado, que representamos a maior porção do território nacional, podemos ser referências globais de mudanças voltadas para a sustentabilidade, mas teremos que investir em tecnologias inovadoras que respeitem os ecossistemas.