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‘Diferencial feminino potencializa os negócios’

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28/02/2024 12:23

Por MARCO DASSORI

Diretora da Impram (Impressora Amazonense), conselheira do Cieam e diretora da Fieam, Régia Moreira é uma das poucas mulheres hoje no comando de empresas do Polo Industrial de Manaus. Ela ressalta que as mulheres vêm conquistando espaço no mercado de trabalho, embora frise que o ritmo ainda está longe do ideal. Mas, reconhece que transformar valores e mudar comportamentos ainda arraigados na sociedade não é tarefa fácil. A dirigente garante que contratar uma liderança feminina oferece diversos benefícios à organização, graças aos diferenciais competitivos femininos e sua capacidade de transformar desafios em oportunidades. Na conversa com a reportagem do Jornal do Commercio ela fala também, de sua carreira, do panorama do mercado em que atua sua empresa –o segmento de papel papelão e de embalagens – e das expectativas para 2024, que sinaliza uma nova vazante tão grave quanto a do ano passado. Leia a entrevista completa, a seguir.

Jornal do Commercio – Como é ser mulher e estar à frente de uma empresa no PIM, levando em conta as transformações recentes? Nos últimos anos, tivemos pandemia, estiagem recorde e uma crise estrutural na indústria. Régia Moreira – Significa enfrentar uma série de desafios, mas também aproveitar as oportunidades que vão surgindo. A pandemia foi uma crise gigantesca para a indústria, principalmente para a do Amazonas, assim como essa vazante histórica. Para a gente que é mulher e gestora de uma empresa do PIM, lidar com todas essas questões de uma forma estratégica e assertiva é um desafio. Isso inclui a necessidade de se adaptar, mais rapidamente do que os homens, a novas formas de trabalho, garantindo a segurança dos nossos colaboradores, mantendo a produtividade e competitividade, e lidando com as incertezas de um cenário econômico difícil e inconstante.

JC – Qual o diferencial feminino na gestão dos negócios? RM – Ser mulher é ter de enfrentar preconceitos. Mas, costumo dizer que os desafios nos move diariamente. Essa necessidade de inovar, capacidade de liderança, habilidade de comunicação, empatia e dom de resolução de problemas, assim como a adaptabilidade, comprometimento e colaboração, são particularidades femininas. Nada contra os homens, mas essas são competências da mulher, que considera demandas mais específicas. O diferencial da força feminina transforma e potencializa todos os negócios. As mulheres estão trazendo uma nova perspectiva e um novo conjunto de habilidades para o mundo corporativo, e acabam contribuindo para o sucesso das empresas e um ambiente de trabalho mais inclusivo e produtivo.

JC – Da última vez em que a entrevistei sobre esse tema, ainda no período da pandemia, existiam pouquíssimas mulheres como diretoras industriais no PIM. Houve alguma melhora nesse cenário? Quais são as perspectivas para que mais mulheres cheguem lá? RM – Hoje, vejo que isso mudou muito. Temos várias mulheres diretoras e à frente de grandes empresas. Tenho colegas e amigas que são gestoras e estão trabalhando junto com a gente nesses desafios. A habilidade da gestão feminina acaba se destacando e a participação dessas profissionais no mercado de trabalho já deixou de ser tabu. É claro que ainda existe preconceito contra as mulheres, mas acho que a gente precisa mudar esse discurso. Há oito anos, fui a primeira conselheira mulher efetiva no Cieam, no meio de mais de 20 homens. Com apoio total do presidente do Conselho, hoje a gente tem mais de dez mulheres conselheiras, juntas comigo nessa batalha.

JC – A senhora poderia nos contar um pouco de sua trajetória profissional, e como chegou onde está? RM – Nasci em Minas Gerais, no Triângulo Mineiro. Passei muito tempo em uma cidade bem pequenininha, perto de Uberlândia. Depois fui para São Paulo, capital. Estou há 21 anos em Manaus, que é uma terra que amo de paixão, e onde tento deixar um legado. Também tenho um orgulho gigante de ter meus quatro filhos formados aqui. Meu caçulinha acaba de se formar na UEA. Todos eles têm um grande apreço pela cidade, assim como eu. Sabemos que temos deficiências de ensino e um dos piores IDHs do Brasil, mas acho que a formação cabe a cada um. É só saber aproveitar e correr atrás disso.

JC – Poderia nos falar um pouco sobre seu trabalho no Cieam? RM – Sou coordenadora da Comissão de ESG do Cieam. Durante a pandemia, a gente atuou muito com responsabilidade social, no trabalho de solidariedade com os necessitados da cidade. Foi um trabalho extremamente gratificante, que me engrandeceu muito. Na ESG, trabalhamos hoje com todos esses desafios de gestão, comprometimento e sustentabilidade, defendendo nossa floresta e nosso modelo de negócios, e o quanto a gente pode ajudar. Mas, vejo que está faltando um pouco de comprometimento e colaboração dos governos estadual e municipal com nossa região. Somos atacados o tempo todo e precisamos ser mais atuantes.

JC – Como está o mercado do segmento de papel e papelão, que é o mercado em que atua a fábrica que a senhora dirige? RM – As perspectivas são positivas e a empresa está com boa demanda. Nossa fábrica atua com bens intermediários, na produção de embalagens, que é uma coisa que toda indústria precisa ter. Temos nossos parceiros, que nem chamo de concorrentes, e estamos bem, atendendo nossos clientes todos. Já investimos no ano passado, e pretendemos melhorar ainda mais na inovação e tecnologia neste ano. Estamos buscando novas máquinas e suportes, além de alternativas de embalagens cada vez mais especiais, para atender um mercado que vai mudando e ficando cada vez mais exigente. Procuramos também formar todos os nossos colaboradores em novas tecnologias e novos mercados. Buscamos também o caminho do ESG para um caminho cada vez mais inclusivo.

JC – Qual o cenário econômico que a senhora vislumbra para o Amazonas, em 2024? RM – Ainda temos desafios e precisamos buscar novas alternativas. Haja vista que as perspectivas de uma nova seca tão grave neste ano são iminentes. Vamos ter de nos adaptar e buscar novos cenários para continuar trabalhando. Não tive muito impacto no ano passado, porque a gente já tinha se preparado. Em 2022 já tínhamos enfrentado muitos problemas com os navios que ficaram parados no Canal do Panamá. Conseguimos manter um estoque de matéria-prima de pelo menos cinco meses. Há também as regulamentações da reforma Tributária, que podem vir a nos afetar. Felizmente, temos uma bancada que nos defendeu muito em Brasília. Acredito que o Amazonas deve buscar outras alternativas econômicas, para não depender tanto da indústria. Infelizmente, o governo do Estado não tem buscado matrizes econômicas que pudessem atrair mais empresas e gerar mais empregos na região. Sem a Zona Franca, o que seria do Amazonas?

Fonte: Jornal do Commercio

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