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Da Seca Histórica à Inovação Logística: É hora de Repensar a Infraestrutura na Amazônia

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16/01/2024 09:52

“O desenvolvimento de infraestrutura na Amazônia, portanto, não é apenas uma questão de logística ou economia, mas também um compromisso com a sustentabilidade ambiental e a resiliência comunitária, que exige adensamento, diversificação e interiorização da economia concentrada em Manaus.”

Por Lúcio Flávio Morais de Oliveira
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Abordar a economia industrial da Amazônia Ocidental, uma política de Estado, teimosa e visionária, que deu certo, supõe a compreensão de pressupostos intimamente relacionados com seus desafios de infraestrutura e a consideração das peculiaridades geográficas e estratégicas da região. Isso demanda uma análise cuidadosa de diversos itens e fatores dessa trama. Primeiramente, é essencial entender o contexto geográfico e ambiental da Amazônia, uma área caracterizada por uma biodiversidade exuberante e um sistema fluvial complexo, do qual depende sua logística predominante de transporte regional. Decididamente, o Rio comanda a vida no País das Amazonas, como dizia o poeta paraense Leandro Tocantins.

Prejuízos históricos

Os recentes eventos climáticos extremos, como a seca histórica de 2023, destacaram a vulnerabilidade da infraestrutura existente, especialmente no que se refere à logística fluvial. Segundo o ComexStat, sistema do Mdic de dados sobre importação e exportação, já em outubro as importações gerais no Amazonas tiveram uma queda de 49,79%, indo de US$ 1,097 bilhão para US$ 604 milhões. No modal fluvial, a redução foi de 73,82%, fazendo com que as importações, por via aérea subissem 9%. O rio Negro atingiu seu menor nível em mais de um século, evidenciando a necessidade urgente de infraestrutura adaptativa e resiliente ao clima.

Mobilização decisiva

Neste contexto, a participação de atores locais, tanto públicos quanto privados, tem sido fundamental. Iniciativas como os diversos Fóruns de Logística do Amazonas, organizados pelo CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas, fortalecido pela mobilização coletiva de órgãos públicos e privados para identificar soluções e alternativas. Essa colaboração entre entidades associativas, órgãos públicos, armadores, acadêmicos e outros stakeholders é sempre vital para buscar provimento de uma infraestrutura competitiva e sustentável que atenda às necessidades da economia e bioeconomia regional.

Infraestrutura no retrovisor

Um ponto de reflexão importante é a comparação com o desenvolvimento histórico da infraestrutura durante o auge do ciclo da borracha. Empreendedores europeus, especialmente os ingleses, holandeses e franceses, obtiveram tiveram sucesso na Amazônia devido à implementação de infraestrutura econômica adaptada às condições locais. Este sucesso histórico fornece lições valiosas para os dias atuais, mostrando como a transformação de desafios em oportunidades através de investimentos em logística adaptada pode ser benéfica. A infraestrutura de transportes adaptada às especificidades geomorfológicas da região cumpriu um fator chave para o sucesso da indústria da borracha.

Balizamento, dragagem…

Recentemente, a necessidade de adaptação se tornou ainda mais premente devido à crise climática e à vazante assustadora. As hidrovias, um elemento vital da logística amazônica, por tudo isso, carecem de intervenções humanas para garantir a navegação sustentável e eficaz. O estrago iminente da vazante ressaltou a urgência de melhorar e diversificar a infraestrutura de transporte para evitar interrupções na cadeia de suprimentos e impactos econômicos negativos. Balizamento, dragagem, derrocarem, inteligência artificial e demais avanços tecnológicos farão a diferença e vão atenuar as perdas da precariedade de infraestrutura atual.

foto: Lalo de Almeida/Folhapress

Driblando os estragos

Em entrevista à Folha, neste 13 de janeiro, Augusto Rocha, o coordenador da Comissão de Logística do CIEAM/FIEAM, demonstrou que o prejuízo não gerou inflação nem afetou a poupança dos consumidores pelo fato das empresas decidirem pela redução sazonal do valor agregado. “O preço do produto é o mercado que define, é a oferta e demanda. O consumidor pouco percebe o problema. Mas a matriz do que seria a venda da empresa é toda modificada. Por exemplo, em vez de vender um bem com o maior valor agregado, ela vai vender com o menor valor agregado”.

Isso ganha mais relevância pelo fato da seca ter levado a um aumento nos custos de transporte, o que, por sua vez, afetou a competitividade das indústrias locais.

Recuperação da BR-319

O custo adicional de transporte por via aérea, por exemplo, teve um impacto direto nos preços e na disponibilidade de produtos. A recuperação da BR-319, ligando Manaus a Porto Velho, por razões transversas, surge como uma alternativa potencial para reduzir a dependência do transporte fluvial e oferecer rotas mais confiáveis, embora isso não implique na irresponsabilidade com os cuidados para evitar danos ambientais.

Vantagens e benefícios

Com efeito, é imperativo que o governo e os setores privados invistam em infraestrutura resiliente e adaptativa, que possa suportar eventos climáticos extremos e promover o desenvolvimento sustentável. Isso não apenas mitigará os impactos econômicos de eventos climáticos futuros, mas também garantirá a sustentabilidade de nossa economia e o resguardo de vantagens e benefícios propiciados ao país.

Diversificação e interiorização

A colaboração entre diferentes setores e a integração de conhecimentos locais e técnicos são cruciais para a criação de soluções eficazes e respeitosas ao meio ambiente. As experiências históricas e atuais demonstram que, apesar dos desafios, é possível transformar a infraestrutura da Amazônia em um modelo de eficiência e sustentabilidade. A aprendizagem com o passado, a adaptação às condições atuais e a preparação para o futuro são fundamentais para garantir que a região possa enfrentar as adversidades climáticas e continuar a prosperar economicamente.

O desenvolvimento de infraestrutura na Amazônia, portanto, não é apenas uma questão de logística ou economia, mas também um compromisso com a sustentabilidade ambiental e a resiliência comunitária, que exige adensamento, diversificação e interiorização da economia concentrada em Manaus.

Fonte: BrasilAmazôniaAgora

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