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Copom confirma expectativa e reduz Selic em 0,5 ponto percentual. Expectativas distintas no AM

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15/12/2023 11:01

Por Marco Dassori

A quarta redução da Selic arbitrada pelo Copom, na última quarta (13), voltou a confirmar as expectativas do mercado e as sinalizações do Banco Central. A decisão do colegiado em promover um novo corte de 0,5 ponto percentual foi novamente unânime e deixou a taxa em 11,75% ao ano. Em seu comunicado, o Comitê de Política Monetária sinalizou novas reduções do mesmo calibre, esboçando maior preocupação com o fronte externo, do que com o doméstico. Lideranças classistas e economistas avaliam que a medida foi acertada, mas se dividem quanto aos próximos passos do BC.

No texto de seu comunicado, o Copom assinala que o ambiente externo segue volátil, “marcado pelo arrefecimento das taxas de juros de prazos mais longos nos EUA e de sinais incipientes de queda dos núcleos de inflação, que ainda permanecem em níveis elevados em diversos países”. E acrescenta que, embora a conjuntura se mostre menos adversa do que o da reunião anterior, “avalia que o cenário segue exigindo cautela por parte de países emergentes”.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue consistente com o cenário de desaceleração da economia antecipado pelo Copom. “Em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.

“A conjuntura atual, caracterizada por um estágio do processo desinflacionário que tende a ser mais lento, expectativas de inflação com reancoragem apenas parcial e um cenário global desafiador, demanda serenidade e moderação na condução da política monetária. O Comitê reforça a necessidade de perseverar com uma política monetária contracionista até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas”, frisou o texto do Copom.

Esse foi o quarto corte consecutivo nos juros básicos. De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom elevou a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que começou em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto do ano passado a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% anuais, por sete vezes seguidas. Antes do início do ciclo de alta e em decorrência dos impactos da pandemia, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no nível mais baixo da série histórica iniciada em 1986.

Zelo e apreensão

Para o presidente da Fieam, Antonio Silva, qualquer redução do custo financeiro é positiva para a indústria, mas o dirigente considera que o Copom ainda vem demonstrando “excesso de zelo” nas reduções. Ele reforça seu argumento ao apontar que a inflação segue em “desaceleração consistente e com boas perspectivas futuras” e poderia abrir caminho para cortes em patamar superior a 0,5% p.p.

“Mesmo porque a taxa de juros real permanece em 8%, ainda 3,5% acima da taxa de juros neutra. Essa redução mais lenta inibe o mercado de crédito e é prejudicial à dinâmica econômica. Tal fator pode ser observado na retração das concessões de créditos às empresas, que encolheram 5,6% entre janeiro e outubro de 2023. No ritmo presente, os efeitos terão reflexos tardios”, justificou.

O presidente do Sinduscon-AM, Frank Souza, elogiou a decisão do Copom, ao enfatizar que a nova redução da Selic tende a baratear as prestações dos compradores de imóveis e induzir o setor a construir mais. “As previsões dos analistas indicam que a taxa deve cair para 9%, em 2024. Estamos escalonando para ter um equilíbrio entre o preço do produto e da prestação e uma melhoria das vendas. A diminuição é superpositiva e um sinal muito forte para o mercado”, sintetizou.

O presidente em exercício da Fecomercio-AM, Aderson Frota, se mostrou mais moderado. “É claro que o Copom tem a missão muito interessante de vigiar todos os ataques que possam desestabilizar a economia. Novamente o Copom manifesta suas preocupações em relação ao quadro vivido pela economia. A inflação diminuiu, mas há uma tendência muito forte de aumento das despesas e do déficit público. Acho que o Comitê vai reduzir a Selic, mas sempre deixando patente sua apreensão a esses fatores, que podem gerar inflação”, ponderou.

Inflação e PIB

A ex-vice-presidente do Corecon-AM e professora universitária, Michele Lins Aracaty e Silva, considera que, dada a atual conjuntura e a necessidade de impulsionar a atividade econômica brasileira, a decisão da autoridade monetária em reduzir a Selic em 0,5 ponto percentual atende à expectativa do mercado e da sociedade.

“O nível do corte funciona como um balizador para o mercado e sinaliza o direcionamento da trajetória de queda para as próximas reuniões e, mais uma vez, foi uma decisão acertada do Banco Central. Acredito que, entre 30 a 60 dias, esta redução comece a ser percebida pelos tomadores de empréstimos e de financiamento oportunizando novos investimentos e melhora no ambiente de negócios”, avaliou.

O ex-presidente do Corecon-AM, consultor empresarial e professor universitário, Francisco de Assis Mourão Junior, assinalou que, embora já rode em menor velocidade, o IPCA acumulou alta de 4,68% em novembro, o que ajudaria a explicar a “moderação” do BC nas baixas da Selic. “A inflação está pouco próxima ao teto da meta. Qualquer elevação pode interromper esse movimento de queda, mas acredito que isso não vai acontecer. Principalmente pelo resultado do PIB do terceiro trimestre, que demonstrou certa retração. Há uma necessidade de as famílias voltarem a consumir”, analisou.

A consultora empresarial, professora universitária e conselheira do Cofecon, Denise Kassama, concorda e diz que a expectativa é de novos cortes em 2024. “Esse corte de 0,5 p.p. já era previsto e, toda vez que a gente presencia essa queda, observa-se que a economia está melhorando. A inflação está relativamente sob controle e o PIB demonstrou crescimento, ainda que pequenininho. O cenário internacional ainda não está bem determinado, mas as principais economias apresentam tendência de estabilidade. Então, nada mais justo do que diminuir os juros, porque a economia precisa voltar a crescer”, finalizou.

Fonte: JCAM

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