07/01/2025 08:32
Augusto Cesar Barreto Rocha
Diretor Adjunto da FIEAM
E-mail: augusto@ufam.edu.br
A COP 30 será a 30ª Conferência das Partes que integra países membros das Nações Unidas preocupados com a mudança climática. Este evento de alcance global vai reunir milhares de representantes internacionais com o propósito de encontrar um caminho para a governança e o financiamento dos impactos do clima. A Amazônia é um local simbolicamente interessante e podemos tentar aproveitar o momento político e institucional.
As indústrias da região podem ter neste evento uma importante fonte de inspiração no sentido de iniciar uma Cooperação das Indústrias da Amazônia, a partir das pacificações que a reforma tributária trará, antes que novos conflitos surjam no que diz respeito à alocação de recursos dos fundos compensatórios.
Como podemos construir uma indústria sustentável e próspera na Amazônia? Como e onde construir uma infraestrutura sustentável? Como estruturar cadeias de valor com os estados e os países da região? O desafio será amplo, diante das limitações de tecnologias limitadas, infraestrutura, geografia e variáveis econômicas locais, mas muito semelhante entre si nos desafios ambientais e de carências históricas.
Se tivermos uma dinâmica de encontro das oportunidades e de elaboração de uma pauta conjunta, teremos como aproveitar o evento nesta agenda em comum. As secas de 2023 e 2024 foram marcantes e podem representar um ponto de encontro para as pautas dos empresários da região.
A Ação Pró-Amazônia é uma associação sem fins lucrativos formada pelas Federações das Indústrias dos Estados da Amazônia Legal, com sede em Brasília e foi criada em 26 de novembro de 1991. O momento é muito oportuno para avançarmos na Agenda Prioritária da Ação Pró-Amazônia 2023–2024 lançada em agosto de 2023.
A pauta de infraestrutura ainda não contempla as concessões de grande porte que eliminem ou reduzam drasticamente as deficiências históricas da Amazônia. Precisamos encontrar um caminho para transformar os rios em hidrovia e as estradas em um modelo de sustentabilidade, com proteção ampla do meio ambiente no seu entorno.
A desilusão dos planos do passado para a Amazônia não podem ser travas ao desejo de reduzir as desigualdades regionais. Há um ressurgimento no mundo das políticas industriais e está na hora de uma política industrial para a Amazônia, com a integração do uso dos recursos naturais da região.
As ações já definidas de "mecanismos econômicos de incentivo para a desinvestidura em bioeconomia" precisam virar políticas concretas no solo da região. A liderança brasileira sobre a Amazônia precisa ser exercida pelas estruturas existentes, como prega a Ação Pró-Amazônia.
O próximo passo desta pauta será congregar novamente as entidades industriais para atualizar os planos e criar uma pauta transformadora para a Amazônia, pois é necessário um cronograma de metas para redução e eliminação das diferenças regionais.
Não podemos seguir a retórica de planos sem igualdade no acesso a recursos de transporte e desperdício de potencial industrial interno, enquanto gastamos a importar bens de outros países. A reforma tributária seguida da COP 30 é uma boa oportunidade para revisar as metas e construir novas pautas mais abrangentes e mais ambiciosas para aproveitar a região. Outra oportunidade que poderá ser explorada é a aproximação com alguns países vizinhos. Vejamos se transformamos o evento em oportunidade.
Coluna da Indústria - publicado no Jornal Acrítica em 07/01/2025