23/09/2024 08:59
MARCO DASSORI
@marco.dassori @jcomercio
O Polo Industrial de Manaus busca estreitar laços com as Forças Armadas. Nesta segunda (23), CIEAM (Centro da Indústria do Estado do Amazonas) e FIEAM (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas) oficializam a instalação do Condefesa (Comitê da Indústria de Defesa da Amazônia). De acordo com texto divulgado pelas entidades, a iniciativa tem como meta principal “integrar as indústrias de base de defesa da região Amazônica com as Forças Armadas, fortalecendo um setor estratégico na região”. A iniciativa é vista como um ganha-ganha por ambos os lados.
O mesmo texto assinala ainda que o Comitê da Indústria de Defesa da Amazônia foi criado com a atribuição de debater assuntos de interesse da indústria nas áreas citadas, promovendo a participação de empresários e executivos dos diversos setores industriais do PIM, no apoio a suas atividades. “Além disso, o Condefesa visa uniformizar e consolidar sua atuação como um representante da Base Industrial de Defesa, fornecendo pareceres e recomendações à diretoria da FIEAM/CIEAM, e entidades a que se subordinam, sobre questões relevantes para a indústria”, assinalou.
O Comitê da Indústria de Defesa da Amazônia será presidido pelo titular da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, Antônio Silva, com a vice-presidência cabendo ao titular do Centro da Indústria do Estado do Amazonas, Luiz Augusto Barreto Rocha. O diretor-executivo é o general Omar Zendim. Os quadros incluem ainda três diretores adjuntos – que serão representantes da indústria –, além de oito conselheiros – entre autoridades civis e militares – e secretariado.
Promissor e estratégico
A aproximação ocorre em um momento em que o país luta contra a desnacionalização de sua indústria de defesa. Segundo a ANIAM (Associação Nacional da Indústria de Armas e Munições), o segmento fatura R$ 1 bilhão por ano e gera 40 mil empregos no país. Tramita no Congresso uma Proposta de Emenda à Constituição, do senador Carlos Portinho (PL-RJ), para reforçar o orçamento das Forças Armadas. A PEC está na Comissão de Constituição e Justiça da casa, aguardando um relator. O texto estipula que o Executivo federal deve partir de 1,2% do PIB para o orçamento de defesa, aumentando em pelo menos 0,1% os repasses a cada ano, até atingir pelo menos 2%.
O segmento de defesa é considerado promissor para a indústria, e estratégico do ponto de vista do Estado. Texto postado do Ministério da Defesa assinala que desenvolvimento e defesa “caminham juntos quando os investimentos na capacitação das Forças Armadas criam oportunidades que favorecem a inovação e o crescimento econômico”. A pasta acrescenta que trabalha na implementação de políticas e iniciativas que busquem associar a recomposição da capacidade operativa da Marinha, do Exército e da Aeronáutica à busca de autonomia tecnológica e ao fortalecimento da BID (Base Industrial de Defesa).
“Tanto quanto manter indústrias, parques de produção e empregos, os esforços empreendidos visam fazer com que o país, a partir desse setor, possa desenvolver novos modos de incorporar ciência, tecnologia e inovação nos bens e serviços produzidos. Oitavo maior exportador mundial de produtos de defesa nos anos 1980, o Brasil tem potencial para voltar a ocupar lugar de destaque nesse mercado internacional – que movimenta, por ano, cerca de US$ 1,5 trilhão”, pontuou o texto, acrescentando que, além de atender o mercado local, o movimento favorece também a pauta de exportações do país.
Diversificação, empregos, tecnologia
De acordo com o presidente da FIEAM, a parceria oferece muitas vantagens para a indústria amazonense. “Serão envidados esforços no sentido de diversificação da Indústria da Amazônia, aumento de empregos, transferência de tecnologias, uso dual de material e serviços e defesa e proteção da Amazônia, dentre tantos outros benefícios. Tudo em prol do fortalecimento da base industrial de defesa”, enfatizou Antônio Silva.
O presidente do Conselho Superior do CIEAM e vice-presidente do Condefesa Amazônia, Luiz Augusto Rocha, vai na mesma direção. “A ativação do Condefesa visa discutir e desenvolver as oportunidades na nossa região para a base industrial de defesa, desenvolvendo relacionamentos e realizando ações efetivas, sobre as questões relevantes desta área da indústria. Contará com eixos temáticos prioritários, como segurança cibernética, sistemas autônomos e inteligentes, inteligência artificial e tecnologias sustentáveis”, reforçou.
Por seu turno, o vice-presidente da FIEAM, Nelson Azevedo, salientou à reportagem do Jornal do Commercio que o Condefesa está sendo ativado em reconhecimento à sua importância estratégica para a sociedade amazônica e para a soberania nacional. O dirigente destaca que a parceria entre indústria e Forças Armadas busca suprir necessidades tecnológicas e gerar oportunidades de negócios, assim como o desenvolvimento da indústria, em atividades que priorizam áreas relevantes de atuação para o país. Reforçaria também o compromisso com uma Amazônia integrada ao desenvolvimento global.
Para o dirigente o projeto, em síntese, fortalece o papel estratégico da região. “A ativação do Comitê representa um marco importante na integração entre as indústrias da região e as Forças Armadas, abrindo um novo nicho de negócios. Sinaliza uma estratégia inovadora, que busca conciliar a proteção ambiental da Amazônia com o desenvolvimento econômico sustentável, associando tecnologia, inovação e segurança nacional”, enalteceu. “A iniciativa fortalece a economia regional e reforça a imagem de uma Amazônia que busca se desenvolver sem desmatar, criando oportunidades para a bioeconomia e outros setores tecnológicos de alta complexidade”, arrematou.
Fonte: JCAM