13/06/2023 16:57
Augusto Cesar Barreto Rocha
Dretor Adjunto da FIEAM
E-mail:augusto@ufam.edu.br
Peter Turchin assevera que “a cooperação não é apenas uma das muitas coisas que as sociedades fazem, é a principal coisa que fazem”. Em suas reflexões sobre guerras, é possível inferir sobre o quanto não cooperamos pela prosperidade da Amazônia - parece que estamos em guerra. Falamos sobre como explorar, colonizar, ocupar, proteger ou destruir. Deliberar sobre ações de união da sociedade nacional pela Amazônia está longe de virar a pauta de debates. A produção de bens públicos é o que deveria distinguir uma sociedade de um mero conjunto de indivíduos. A produção de benefícios gerais a partir da riqueza que pode ser potencializada pela Amazônia deveria ser uma pauta de união, mas estamos muito distantes. Enquanto isso, a nova bolsa de carbono de Cingapura negociou 12 mil toneladas de emissões em seu primeiro dia de negociação, noticiou o Financial Times em 8 de junho. A cidade-estado, mesmo com escândalos de greenwashing, se coloca como um local para este comércio. O que falta para uma empresa de Manaus se apresentar para realizar este comércio? Temos as florestas que retêm o carbono e o conhecimento sobre seu armazenamento. Faltam-nos pontes da ciência com o mercado e comunidades voltadas para negócios internacionais sustentáveis.
1 lá alguns pesquisadores e empresas tentando viabilizar este mercado de carbono local, usando recursos da região. Precisamos rapidamente transformar esta intenção em realidade, sob pena de perdermos mais uma oportunidade. A presença em Manaus do centro do mercado de carbono nacional é uma ação que precisa ser construída.
Ainda não compreendemos que deter tecnologia não é o mesmo que destruir a natureza ou que deter algum capital não significa riqueza real. Ajustar a perspectiva entre as riquezas potenciais e reais é um desafio para a construção da coletividade. Os centros de poder sobre a Amazônia poderão ser estrangeiros, de grandes grupos nacionais ou do Estado brasileiro.
Quando colocado sob esta ótica, é muito provável que os leitores façam suas opções. E qual é a sua opção? Muito provavelmente será aquela que parece ser mais favorável para si. Ou não?
O potencial de bionegócios na Amazônia é enorme, mas o que esperamos dele? Destruição? O que queremos em 20,30 ou 50 anos? Um monte de buracos desmatados em meio ao mar verde sendo transformados em concreto cinza ou indústrias com base tecnológica e a floresta preservada? Estas indústrias deverão ser multinacionais usando a natureza ou teremos comunidades de todas as nações aproveitando os recursos da biodiversidade? Ou deveria ser uma riqueza exclusiva mente nacional?
Sem ciência e tecnologia não há construção da biotecnologia. Sem universidades, alunos, pesquisadores, não há ciência. Estamos em um mundo que depende mais e mais de ciência, tecnologia e inovação. Precisamos compreender qual a pauta que levará aos bionegócios, saindo de potencial para a realidade. Certamente a extração de ouro, petróleo ou madeira levará a destruições - como não entendemos isto?
Vale a pena atenção, pois biotecnologia se faz com a “vida” presente e depende da diversidade, para haver “biodiversidade”, para que não comecemos a acreditar que fazer extração de minério é biotecnologia ou a derrubada de floresta para agricultura é “bionegócio sustentável”. Para a biotecnologia, precisamos de conhecimento científico, conhecimento prático e meios de produção. Sem estes elementos dominados, jamais deteremos tecnologia ou biotecnologia.