04/07/2018
Notícia publicada pelo site Valor Econômico
Sob impacto da paralisação dos
caminhoneiros, a produção industrial recuou 10,9% entre abril e maio, na
série com ajuste sazonal, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Trata-se da segunda maior baixa registrada na série
histórica da Pesquisa Industrial Mensal (PIM), iniciada em janeiro de 2002.
A única outra vez em que o setor industrial registrou queda de dois dígitos na
base mensal foi em dezembro de 2008 (-11,2%), sob efeito da crise financeira
internacional. Em abril de 2018, a produção havia crescido 0,8% frente a
março.
A queda de maio foi, contudo, menos intensa do que a média das projeções
de 30 instituições financeiras e consultorias ouvidas pelo Valor Data, que
previam recuo de 14% da produção. O intervalo das estimativas variava de
baixa de 4,6% a 19,7%.
"Com o resultado, o patamar de produção retornou a nível próximo ao de
dezembro de 2003, ficando, dessa forma, 23,8% abaixo do ponto recorde
alcançado em maio de 2011", destacou o IBGE em nota.
A paralisação de 11 dias dos caminhoneiros, que provocou uma crise de
desabastecimento no fim de maio e no início de junho, afetou o recebimento
de matérias-primas pelas indústrias, assim como atingiu o escoamento da
produção.
"A paralisação afeta porque você não consegue receber matéria-prima para a
produção. Também porque seu estoque, que não é escoado, não justifica
produzir mais. E tem um ponto importante, de os trabalhadores não
conseguirem chegar às respectivas plantas industriais", aponta André
Macedo, gerente da pesquisa do IBGE.
O recuo de 10,9% da indústria teve predomínio de resultados negativos, alcançando as quatro grandes categorias econômicas e 24 dos 26 ramos pesquisados, destacou o IBGE. A produção de bens duráveis, por exemplo, encolheu 27,4% ante abril, a maior queda na série histórica do segmento, iniciada em fevereiro de 2002, influenciada em grande parte pela queda na produção de automóveis, de quase 30%.
Perante maio de 2017, a produção industrial diminuiu 6,6%, a queda mais intensa desde outubro de 2016. Além disso, representou uma interrupção na sequência de 12 meses seguidos de taxas positivas, segundo o IBGE. Por essa base de comparação, a expectativa dos consultados pelo Valor Data era de recuo de 10,3%.
De janeiro a maio, a produção industrial acumula 2% de crescimento. Nos 12 meses encerrados em maio, a indústria apresenta 3% de avanço na produção, ante 3,9% nos 12 meses imediatamente antecedentes.