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Brasilidade se constrói com entendimento

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03/07/2018

Nelson Azevedo

1º Vice-Presidente da FIEAM

e-mail: nelson.azevedo@fieam.org.br

Corremos risco de ver o Brasil se separando do Brasil como se brasilidade fosse privilégio dos que se dizem representantes da sociedade. Recentes medidas de corte das contrapartidas físicas do Amazonas traduzem movimento de um separatismo vesgo. Ainda está presente no imaginário social a tentativa atabalhoada do governo Temer em negociar a Reserva Nacional de Cobre e Associados (Renca), com o governo chinês. São problemas contornáveis, se fizermos as contas daquilo que somos o que recolhemos daquilo que nós recebemos do governo central, e na medida em que houver disposição para o diálogo justo e aberto. E aqui está o nosso maior gargalo, a falta de uma in interlocução sadia.

A interferência federal tem sido tão danosa que setores, como o de Concentrados, são penalizados com redução de vantagens que, oferecidas publicamente, atraíram empresas a investir nesta região remota e desprovida de infraestrutura competitiva e presença articulada da União. Pesquisadores estrangeiros e nacionais mostram o risco do modelo predatório do desmatamento, que pode ameaçar a oferta de água para os reservatórios do sul do país e do continente. Falta aos gestores a clareza de que a indústria instalada no Amazonas, ao gerar oferta de emprego significativa da região e no resto do país, impede que a população busque na floresta a própria sobrevivência.

Ora, em lugar de promover a desindustrialização com medidas sem sentido, muitas direcionadas a tapar o buraco da contravenção que hoje a polícia e a justiça estão apurando, porque não utilizar parte da riqueza aqui gerada para gerar mais riquezas, regionalizar o desenvolvimento, distribuir para os municípios empobrecidos as oportunidades que ficaram, por isso, concentradas na capital.

Queremos segurança jurídica para trabalhar e gerar riqueza com liberdade, flexibilidade e competência. Ninguém pode mudar as regras de uma partida depois que trila o apito.

Como diria Churchill, o governo tem olhado para os empresários como um lobo a ser caçado ou uma vaca a ser ordenhada. Muito mais conseguiria, em geração de emprego, renda e impostos, se ao menos nos olhasse como o cavalo que puxa a carroça da prosperidade, onde a carga que mais pesa é a máquina pública, onerosa, pesada, perdulária e persecutória.

O Amazonas, juntamente com demais estados da Amazônia Ocidental, além do Amapá, pelo reconhecimento de seus acertos com apenas 8% da contrapartida fiscal do país, tem cumprido papel central no Acordo do Clima. Preserva 150 milhões de hectares, enquanto o País já deu provas de que não cumprirá seu compromisso de reflorestar 12 milhões desmatados pela inépcia da gestão inconsequente.

Ora, que caminho nos resta, além da legalidade constitucional? Dos 92% dos incentivos utilizados em outras regiões, quem devolve tantos ativos na direção do país e tem saldo tão favorável ao nosso desempenho, na economia sustentável, na geração de emprego, local, regional e nacional, dentro do figurino da brasilidade efetiva? Ou nos resta - mobilizados em dimensões políticas amazônicas - insistir no caminho inteligente e transparente do entendimento de verdade em nome do interesse geral?

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