27/06/2018
Notícia publicada pelo site Em Tempo
A greve dos caminhoneiros, que paralisou o transporte de mercadorias nos últimos dez dias
de maio, afetou negativamente as transações correntes do Brasil com o exterior.
Dados divulgados na segunda-feira (25) pelo Banco Central (BC) mostram que o País
registrou superávit em conta corrente de US$ 729 milhões em maio, equivalente a 29,2% dos
US$ 2,5 bilhões projetados pelo BC para o mês.
O resultado está diretamente ligado à queda das exportações, em decorrência da dificuldade
que as empresas tiveram para levar produtos até os portos. O resultado das transações
correntes reflete a relação do Brasil com os países nas áreas comercial (exportações menos
importações), de serviços e de renda.
"As exportações foram afetadas pela greve dos caminhoneiros. Elas caíram 2,8% em maio
deste ano em relação a maio de 2017, na primeira redução desde dezembro de 2016",
pontuou o chefe do Departamento de Estatísticas do Banco Central, Fernando Rocha, ao
apresentar os dados.
No mês passado, as exportações somaram US$ 5,6 bilhões, sendo que esse resultado se deve
em grande parte ao movimento nas três primeiras semanas de maio, quando a greve dos
caminhoneiros ainda não havia começado.
Em maio de 2017, as exportações haviam sido de US$ 7,4 bilhões. Na prática, como as
exportações travaram, entraram menos dólares no País. Rocha destacou ainda que, nas três
primeiras semanas do mês, a média diária de exportações foi de US$ 1,1 bilhão.
Nas duas últimas semanas, porém, já com a greve, a média diária de exportações caiu cerca
de 37%, para US$ 671 milhões.
Por outro lado, segundo Rocha, o efeito da greve tende a se dissipar ao longo do tempo.
"Este mês, a recuperação das exportações ocorreu de forma gradual. Na primeira e na
segunda semana de junho, ainda houve exportações abaixo da média pré-greve dos
caminhoneiros."
Com a recuperação a ser vista nas semanas seguintes, a estimativa do BC para a conta
corrente em junho é de estabilidade.No ano, até maio, o País registra déficit em conta
corrente de US$ 4,02 bilhões.
A cifra não preocupa, já que a conta de Investimento Direto no País (IDP) - que diz respeito
aos aportes produtivos de investidores estrangeiros - mostra que o Brasil já recebeu US$
23,3 bilhões em 2018 até maio.
Viagens
O dólar mais caro já faz com que os brasileiros sejam mais cautelosos nos gastos em viagens
no exterior. Os dados do Banco Central mostram que as despesas de turistas em viagens
internacionais cresceram 8% em maio na comparação com maio de 2017.
O ritmo é inferior ao observado nos quatro primeiros meses de 2018, quando as despesas
cresciam a uma velocidade próxima de 11%."Está havendo, de fato, desaceleração no ritmo
das despesas nas viagens internacionais.
Isso é esperado diante da desvalorização do câmbio", disse Rocha, ao comentar que o dólar
alto normalmente reduz o ritmo do crescimento das despesas antes de diminuí-las.
Em maio, quando o dólar turismo subiu 6,66% ante o real, a diferença entre o que os brasileiros gastaram lá fora e o que os estrangeiros desembolsaram no Brasil resultou em saldo negativo de US$ 1,2 bilhão. Em igual mês de 2017, o déficit nessa conta foi de US$ 1,1 bilhão.