25/06/2018
Notícia publicada pelo portal D24AM
Em 2017, foram comercializados 381 mil robôs industriais em
todo o mundo. O número representou um recorde de vendas desses
produtos e um aumento de 30% em relação ao ano anterior, quando
foram vendidas 294 mil unidades. As informações foram divulgadas pela
Federação Internacional de Robótica (IFR, na sigla em inglês) nesta semana.
A venda de robôs industriais vem apresentando crescimento sustentado
nos últimos cinco anos, com 178 mil unidades comercializadas em 2013,
221 mil em 2014, 254 mil em 2015, 294 mil em 2016 até chegar aos 381 mil
no ano passado. Considerado esse intervalo, a comercialização mais do
que dobrou.
Segundo cálculos da federação, o estoque de robôs industriais em
operação em todo o mundo chegou a 1,8 milhão de unidades. Pelas
projeções da entidade, o número de máquinas em uso em todo o planeta
deve passar de 3 milhões em 2020.
Ásia na liderança
No recorte geográco,
a Ásia é o principal mercado, tendo sido
responsável por 255 mil robôs. Esse número representa 67% de todas as
vendas realizadas em todo o mundo. Em seguida, vêm Europa (67 mil
unidades) e Américas (50 mil unidades). Além de ter a maior fatia, a Ásia é
onde o crescimento foi maior em 2017, na casa dos 34% em relação ao ano
anterior.
Somente a China instalou 138 mil máquinas desse tipo, o que representa
36% de todo o mercado mundial. Coreia e Japão tiveram, respectivamente,
40 mil e 38 mil unidades instaladas. Os números são maiores do que os
registrados nos Estados Unidos (33 mil) e Alemanha (22 mil).
Na análise por setores industriais, o automotivo é o principal empregador
deste tipo de tecnologia, com 125 mil robôs comercializados. Os demais
segmentos com melhor desempenho nesse quesito são o da eletrônica
(116 mil), metalúrgico (44 mil), químico (21 mil) e alimentação (10 mil).
Tendência industrial
Os robôs industriais são instrumentos centrais da automação de linhas de
produção. A substituição de trabalho humano por máquinas vem sendo
considerada uma tendência da indústria contemporânea por organismos
internacionais como o Fórum Econômico Mundial e a Organização para a
Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE).
Por outro lado, a introdução de sistemas autônomos em fábricas também
levanta questionamentos sobre o impacto desse fenômeno na geração de
empregos. Nos últimos anos foram elaborados estudos com projeções
bastante distintas.
Enquanto a Federação Internacional de Robótica indicou a possibilidade da
criação de 3,5 milhões de empregos em razão dessa tecnologia, o Fórum
Econômico Mundial publicou estudo em 2016 em que projeta até 2020 a
perda de 7,1 milhões de postos em razão da automação.
Situação brasileira
A situação brasileira está distante da média mundial. Segundo o Ministério
da Indústria, Comércio Exterior e Serviços, em 2016 a proporção de robôs
industriais para 10.000 trabalhadores era de 10, enquanto a média global
era de 74 para esse mesmo número de empregados.
De acordo com dados da Federação Internacional de Robótica, em 2016
foram comercializados 1,5 mil robôs industriais no país, dentro de um
universo global de 294 mil, uma participação de 0,005%. De acordo com o
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), hoje um percentual
de 1,8% das empresas emprega algum tipo de automação. Na Alemanha,
por exemplo, esse índice é de 10%.
O secretário de Inovação e Novos Negócios do MDIC, Rafael Moreira,
analisa que a introdução deste tecnologia ainda enfrenta problemas. Ele
defende que é preciso avançar em diversas frentes, tais como sensibilizar e
engajar o empresariado, especialmente das micro e pequenas empresas;
fomentar soluções mais adaptadas à demanda de diferentes segmentos;
formar talentos e atualizar leis adequadas e garantir formas de
nanciamento
para que empresas consigam fazer modernização
industrial.
Na avaliação do gerente executivo de inovação do Senai, Marcelo Prim, a
automatização já chegou a setores de produção contínua, como indústrias
química e de petróleo, mas está bem distante na chamada produção em
lotes, como fábricas de móveis, de peças ou de roupas. Apesar de ver o
Brasil longe dos líderes mundiais, ele que a introdução de robôs no país vai
aumentar pela redução dos custos e pela necessidade de competição em
mercados mais abertos.
Prim vê dois desaos
importantes para que o Brasil avance neste sentido.
O primeiro é a melhoria da gestão da produção pelas empresas, para
planejar os processos de digitalização e automação. O segundo é a
formação da força de trabalho. “O trabalhador da indústria brasileira tem
idade média de 36. Há 15 anos, quando foi formado, a robótica não era uma realidade. Não foram educados em técnicas digitais. É preciso ter uma
requalicação
dos trabalhadores do chão de fábrica”, defende.