06/06/2018
Notícia publicada pelo site D24AM
O governo federal ainda não apresentou uma alternativa para
eliminar os efeitos negativos do Decreto 9.394 de 30 de maio de 2018 que
reduz o crédito tributário do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
de 20% para 4% nos concentrados de refrigerantes produzidos na Zona
Franca de Manaus (ZFM). Senadores do Amazonas e o governador
Amazonino Mendes se reuniram com o ministro da Fazenda, Eduardo
Guardia, e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, na Casa Ocial
do
presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, nesta terça-feira.
Para compensar a redução do PIS/Cons
e da Cide sobre o diesel, o
presidente Michel Temer publicou um pacote de medidas de compensação
para o orçamento do governo, entre elas, a redução do crédito tributário
dos concentrados, o que renderá R$ 740 milhões. Os senadores saíram da
reunião desapontados com a falta de propostas alternativas que garantam
os benefícios scais
de um dos principais setores do Polo Industrial de
Manaus (PIM).
Segundo o senador Eduardo Braga (MDB), a bancada do amazonas e o
governador defenderam os direitos constitucionais da ZFM, o que signica
a ‘intocabilidade’ dos benefícios scais
que pode abrir um precedente
perigoso contra o modelo e as garantias da Constituição. “O ministro
decidiu consultar formalmente a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional
(PGFN) sobre a constitucionalidade ou não do decreto para, a partir de
então, voltarmos a mesa de negociação com uma denição
por parte do
governo”, disse. O ministro não adiantou nenhuma data para um novo
encontro.
A partir da denição
do governo federal, uma série de medidas pode ser
tomada. “Caso seja positiva, avançamos, caso negativa, vamos tentar via
Supremo Tribunal Federal ou por meio de decreto legislativo para resgatar
o direito da ZFM e a segurança jurídica dos investimentos do setor”, arma
Braga.
O senador Eduardo Braga disse que entrou com um decreto legislativo na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para votação na Câmara dos
Deputados, suspendendo a ecácia
do decreto emitido por Temer.
A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB) também deu entrada em um decreto na comissão para sustar a medida do presidente. “Ele (o ministro) falou das necessidades de conseguir dinheiro e o Rodrigo Maia também falou que o decreto é inconstitucional e já gera uma insegurança jurídica para a ZFM”, disse a senadora. Segundo Grazziotin, se o governo não buscar uma alternativa, dialogando com o setor, o Amazonas vai para a Justiça e o decreto legislativo vai ser votado. “Se isso acontecer, o Rodrigo Maia disse que vota (na Câmara)”, armou.
Para o senador Omar Aziz (PSD), esse não é um problema do setor de
concentrados, mas de todo o modelo ZFM. “Se abrirmos mão desse
critério, teremos que abrir mão de outros setores, temos que manter esses
incentivos como estão, e o governo procurar uma alternativa para
solucionar o problema do décit
que causou com a redução dos incentivos
dada ao diesel”, ressaltou. Para o senador, a conversa foi bem diferente da
que aconteceu com o presidente Michel Temer, na última sexta-feira, pelo
telefone. “A conversa hoje (terça) com o Jorge Rachid e o ministro da
Fazenda não nos dá um alento. O que cou
acertado foi totalmente
diferente. Não havia proposta do governo federal”, destacou.
Mesmo sem apontar uma solução, o deputado federal Pauderney Avelino
acha que o governo federal vai procurar uma forma de compensar as
perdas. “Não chegamos a discutir medidas alternativas porque
infelizmente eram muitos políticos, e todos queriam colocar pontos de
vista, e acabou não avançando, mas acredito que vai haver uma
compensação,” armou.
De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Refrigerantes e de Bebidas Não Alcoólicas (ABIR), que possui 59 fabricantes associadas, nos últimos 30 anos, o setor se tornou um dos maiores exportadores da ZFM e foi responsável pelo recolhimento de R$ 10 bilhões em impostos federais, estaduais e municipais e emprega diretamente 1,6 milhão de brasileiros. Somente no PIM são 9 mil empregos diretos.