CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas

Notícias

Demorou, mas a conta chegou

  1. Principal
  2. Notícias

05/06/2018

Paulo Takeuchi

Impossível não comentar a paralisação ocorrida no País devido à greve dos caminhoneiros.

Aqui em Manaus fomos menos afetados diretamente com relação ao abastecimento de combustíveis e a falta de insumos, mas, indiretamente e com defasagem de tempo, também teremos consequências.

A primeira delas será a antecipação das férias coletivas concedidas pelas indústrias do setor de Duas Rodas que, a princípio, estavam programadas para o fim do mês.
Esta decisão ocorreu devido à ausência de componentes e até de carretas para escoar a produção.

Há inúmeras delas carregadas com produtos que ficaram retidas nas rodovias e somente agora começam a chegar às lojas. Outras consequências serão: escassez de produtos alimentícios e, consequentemente, a alta de preços. Os prejuízos no campo são incalculáveis e a recuperação e a recuperação de toda a cadeia demandará tempo e dificuldades financeiras, principalmente aos pequenos produtores.

O resultado será incertezas quanto ao crescimento econômico e a manutenção dos atuais índices de inflação e juros, além da confiança no país. O governo bastante enfraquecido, e sem lideranças para administrar os problemas estratégicos do Brasil, terá muito trabalho para chegar até o fim do mandato e coordenar assuntos que estão parados no Congresso.

Apesar do cenário fragilizado do governo, temos que considerar que houve ações importantes que permitiram direcionamentos corretos na política econômica e algumas reformas estruturantes que ajudarão neste difícil momento. A recuperação da Petrobras faz parte deste processo, ao mesmo tempo em que foi o estopim para as paralisações, culminando com a demissão de seu presidente.

Na realidade, a conta das irresponsabilidades dos governos anteriores está chegando agora. E como dizem: "não existe almoço grátis". A política populista de manobrar os preços do combustível quase quebrou a estatal e iludiu a população ao adotar a prática de preços artificiais. Da mesma forma, os créditos subsidiados pelo BNDES venderam mais
caminhões que o mercado poderia absorver e muita gente começou a fazer transportes como alternativa de trabalho, o que gerou desajustes nos preços dos fretes. Agora, no mundo real, sem os artifícios do passado, os problemas ficaram mais claros e as consequências e dificuldades chegaram a todas as categorias e, também, na população.
Acho legítimo e justo as categorias melhorarem as condições de trabalho e de vida.

Porém, não acho correta a solução adotada. Além dos caminhoneiros, há milhões de desempregados, de desabrigados, sem teto e sem comida que deveriam ter prioridade de atendimento. Quanto à solução de subsídio ao preço, adotada pelo governo, novamente todos nós pagaremos a conta, e, novamente, a classe menos favorecida será mais afetada, piorando ainda mais a situação de emprego e renda dos brasileiros.

Esperamos que a situação normalize o mais breve possível para que possamos retomar a nossa produção e continuar acreditando que o Brasil irá melhorar. Uma grande razão para esta esperança está no comportamento da população que, durante a greve dos caminhoneiros, agiu e respeitou democraticamente a paralisação, assim como as forças armadas que, mesmo diante de manifestantes infiltrados e aproveitadores, agiram de modo a não incitar a violência. Resta torcer para que, nas eleições que se aproximam, os eleitores votem com muita consciência e não permitam o retorno de um governo populista.

Coluna do CIEAM Ver todos

Estudos Ver todos os estudos

Diálogos Amazônicos Ver todos

CIEAM | Centro da Indústria do Estado do Amazonas © 2023. CIEAM. Todos os direitos reservados.

Opera House